Artigo baseado na comunicação proferida no 8º Congresso SOPCOM: Comunicação Global, Cultura e Tecnologia, realizado na Escola Superior de Comunicação Social (ESCS-IPL), Lisboa, Portugal, 17-19 de outubro de 2013Vivemos num mundo em constante mudança. A uma velocidade impressionante, todos os dias surgem novos recursos tecnológicos. Utilizamos cada vez mais a Internet para obter e partilhar informações e assistimos ao aparecimento recursivo de novas ferramentas de comunicação online. Os últimos anos trouxeram-nos o Facebook, o Twitter, o YouTube e outras plataformas de comunicação. Elas permitem uma interatividade ainda maior entre emissor e recetor. Ao mesmo tempo, assistimos a uma disponibilização de conteúdos como nunca antes. Estamos cada vez mais a partilhar textos, vídeos, fotos, etc.
Esta comunicação pretende explorar o potencial que essas novas ferramentas de comunicação online têm no âmbito cultural, nomeadamente qual o seu papel na criação de novos públicos, em fornecer informação, bem como qual o contributo para a construção da memória das organizações.
A transitoriedade das artes performativas é acompanhada pela necessidade de contrariar essa transitoriedade, por meio de documentação e registos. Este desejo de "salvar" os eventos e o processo criativo atinge a sua expressão com o arquivo de informações dos diferentes momentos de produção, bem como a oportunidade de registar o evento e o processo de criação e produção do mesmo e apresentá-los através, por exemplo, das plataformas digitais.
Esta comunicação pretende responder às seguintes questões: quais as novas ferramentas de comunicação online utilizadas pelas companhias de teatro de Lisboa e Vale do Tejo? De que forma a disponibilidade de conteúdos e respetivo arquivo contribuem para a memória das organizações? Como poderá ficar registado o processo criativo?
Entre as várias referências, abordaremos o modelo de comunicação de dois sentidos que Grunig e Hunt (1984) nos apresentam e o conceito de mass self-communication de Castells (2010). Para Kirsner (2010), entramos na era da criatividade digital, em que os artistas têm as ferramentas para fazer o que imaginam e o público já não quer apenas consumir os bens culturais, mas sim, ter uma voz e participar. O processo criativo está agora dependente da escolha do público enquanto vagueia pelo ecrã. É o recetor que é detentor de um objeto que pode ser trocado. A realidade virtual tem incentivado o receptor a abandonar a sua posição de observador passivo e tornar-se um agente participante, o que implica um desafio às organizações: inventar novas formas de interface.
É igualmente relevante falar de Foucault (1969) e Gisbourne (2008), que abordam as questões do arquivo e da disponibilidade de conteúdo. Na comunicação é também apresentado o projeto TBK (Transmedia Knowledge-Base for Performing Arts), uma base de conhecimento, em que podem existir diferentes tipos de materiais, documentos anotados e peças de autores que se interessam pela partilha dos seus conhecimentos específicos. No âmbito do projeto foi criada a ferramenta creation-tool, um anotador vídeo original, concebido para auxiliar os processos criativos nas artes performativas, funcionando como um caderno digital para anotações pessoais.
É nossa intenção apresentar novas e eficazes ferramentas online que podem ser utilizadas pelas organizações culturais, a melhor forma de as gerir e como a disponibilização de conteúdos online e o seu arquivo podem contribuir para memória das organizações.info:eu-repo/semantics/publishedVersio