Este estudo analisa as trajetórias profissionais de cinco médicos inseridos no Programa de Saúde da Família (PSF) em um município do Nordeste do Brasil. Por meio de histórias de vida circunscritas ao âmbito profissional, o estudo focaliza os seguintes marcos na construção de suas trajetórias: a escolha da profissão, o processo de formação profissional, a inserção no mercado de trabalho, particularmente, no âmbito do PSF. Os dados mostram que o PSF configura-se como um novo mercado de trabalho para o médico. A análise de sua prática neste contexto revela, entretanto, uma tensão entre um saber clínico, que opera na racionalidade biomédica e é socialmente legitimado, e as ações de caráter preventivo-promocional, priorizadas pelo programa. Ao mesmo tempo, o PSF parece ser um locus potencial para operar transformações no profissional médico que, enquanto sujeito, é capaz de ressignificar sua prática, resgatando dimensões humanas e sociais