AGOSTINETTO, A.

PANIZZI, A. R.

SMANIOTTO, L. F.

Portuguese

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PREFERÊNCIA ALIMENTAR DO PERCEVEJO BARRIGA-VERDE, DICHELOPS FURCATUS (F.) EM PLANTAS DE TRIGO EM DIFERENTES ESTÁDIOS FENOLÓGICOS Antônio Ricardo Panizzi1, Alice Agostinetto2, Lisonéia Fiorentini Smaniotto3  1Pesquisador, Embrapa Trigo, Rod. BR 285 Km 294, CEP 99001-970, Passo Fundo - RS. Email: antonio.panizzi@embrapa.br 2Estagiária, Faculdade de Agronomia e Veterinária, UPF, Passo Fundo -  RS. 3Doutoranda, Departamento de Zoologia, UFPR, Curitiba - PR. Os percevejos estão se tornado pragas importantes da cultura do trigo. As espécies conhecidas como percevejos barrigas-verdes, Dichelops furcatus (F.) e Dichelops melacanthus (Dallas) tem infestado o trigo (Triticum aestivum L.), tanto no estado do Paraná como no Rio Grande do Sul (Chocorosqui & Panizzi 2004). Em Passo Fundo, RS, ocorre apenas à espécie D. furcatus, a qual é adaptada às condições climáticas dessa região. Observações preliminares no campo em lavouras de trigo na região de Passo Fundo sugerem que D. furcatus prefere alimentar-se da espiga de trigo e, eventualmente, pode se alimentar das folhas/colmos da planta. Esse percevejo também pode danificar planta jovens causando amarelecimento e lesões punctiformes nas folhas (Corrêa Ferreira & Panizzi 1999, Roza-Gomes et al. 2011). A espécie D. furcatus tem sido também relatada se alimentando de leguminosas (soja, alfafa e feijão) (Panizzi et al. 2000, Corrêa-Ferreira et al. 2009) além de outra gramínea como o milho (Corrêa Ferreira & Panizzi 1999, Salvadori et al. 2007, Roza-Gomes et al. 2011). Já a espécie semelhante, D. melacanthus é encontrada predominantemente no período vegetativo em trigo no Paraná; causa lesões características nas folhas, com perfuração e destruição dos tecidos, podendo dobrar e apresentar enrugamentos lembrando viroses; esses danos têm sido referidos dando ao trigo um aspecto de planta de cebolinha (Chocorosqui & Panizzi 2004).    Nesse trabalho, procurou-se avaliar a preferência alimentar de adultos do percevejo D. furcatus em plantas de trigo em diferentes estádios fenológicos de desenvolvimento, ou seja, no período vegetativo (afilhamento) e no período reprodutivo (enchimento de grãos). O trabalho foi desenvolvido em telado na Embrapa Trigo, Passo Fundo, RS, durante os meses de outubro a dezembro de 2012. Para as infestações no período vegetativo, utilizaram-se sementes de trigo da cv. BRS Parrudo, semeadas em vasos plásticos (18 x 22 cm), contendo quatro plantas em cada vaso. A infestação foi realizada quando as plantas estavam com ca. 25 cm de altura, contendo pelo menos um afilho/planta. Os insetos utilizados foram provenientes da criação mantida em laboratório, a partir de coletas realizadas no campo. Para o período reprodutivo (enchimento de grãos), utilizaram-se sementes de trigo de diversas cultivares, semeadas em vasos plásticos (18 x 22 cm). Foram feitas infestações com percevejos oriundos da criação mantida em laboratório, em plantas com espigas na fase de grão leitoso. Foram realizadas infestações em 8 unidades experimentais (vasos com armação de arame coberto com tela), 4 no período vegetativo (afilhamento) e 4 no período reprodutivo (enchimento de grãos). Foram colocados 4 percevejos/vaso, cada vaso contendo 4 plantas. Foram feitas avaliações diárias (aproximadamente às 17h) por um período de 14 dias. Anotou-se o local onde os percevejos se encontravam (estrutura da planta ou tela da gaiola/chão do vaso), registrando-se caso estavam alimentando (i.e., estiletes inseridos nos tecidos vegetais) ou não. O experimento foi repetido três vezes. Após o término do período de infestação, os insetos foram retirados dos vasos. Para a análise, os dados das contagens diárias das quatro unidades amostrais (vasos) e dos três experimentos foram adicionados, totalizando 42 observações [n = 42 (3 experimentos x 14 dias)]. De cada observação, calculou-se a percentagem do número médio de percevejos (alimentando ou não) nas diferentes estruturas das plantas de trigo e a percentagem do número médio de percevejos que foram observados fora das plantas (na tela das gaiolas ou no chão do vaso). As médias das percentagens foram   transformadas em arcoseno √x + 1 e após foram submetidas à análise de variância (ANOVA) e comparadas usando-se o teste de Tukey (P ≤ 0,05%). No período vegetativo, os resultados indicaram que os percevejos foram encontrados em número significativamente maior na folha (14,4%) do que no colmo (5,3%); os percevejos se alimentaram em número significativamente maior na folha (4,5%) do que no colmo (2,5%) (Fig. 1A). Em relação ao número total de insetos dentro das diferentes estruturas da planta, a maior % de insetos se alimentando ocorreu no colmo (≅ 47%), seguido pela folha (≅30%). A análise dos percevejos encontrados fora da planta no período vegetativo foi de ≅80%.  No período reprodutivo, os percevejos foram encontrados em número significativamente maior na espiga (23,9%) e na folha (23,8%) do que no colmo (6,4%) (Fig. 1B). Os percevejos se alimentaram em número significativamente maior na espiga (11,2%), do que na folha (5,2%) ou no colmo (1,8%). Em relação ao número total de insetos dentro das diferentes estruturas da planta, a maior % de insetos se alimentando ocorreu na espiga (≅ 47%), seguido pelo colmo (≅36%) e pela folha (≅27%). A % dos percevejos encontrados fora da planta no período reprodutivo foi de ≅ 47%.  Esses resultados indicam que o percevejo D. furcatus prefere se alimentar da espiga do trigo, em segundo lugar da folha, e por fim do colmo da planta. O fato dos percevejos terem sido observados a maior parte das vezes fora das plantas durante o período vegetativo e, sobre as plantas durante o período reprodutivo, demonstra a sua preferência pela espiga. Os resultados também sugerem uma diferença importante quanto aos hábitos alimentares de D. furcatus em relação à espécie D. melacanthus. Enquanto D. melacanthus é mais conhecido como praga de início de ciclo nas culturas de milho e trigo (Ávila & Panizzi 1995, Panizzi & Chocorosqui 1999), D. furcatus é tradicionalmente referido como uma praga mais de final de ciclo, isto é, durante o período reprodutivo, como sugere o nosso estudo pela sua preferência em se alimentar de espigas de trigo. Especula-se também que, por ocorrer nas regiões mais frias, sua ocorrência em plântulas de trigo no início da estação é inibida pelas temperaturas baixas.    Referências bibliográficas ÁVILA, C.J.; PANIZZI, A.R. Ocurrence and damage by Dichelops (Neodichelops) melacanthus (Dallas) (Heteroptera: Pentatomidae) on corn. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil v. 4, p. 193-194, 1995.  CHOCOROSQUI, V.R.; PANIZZI, A.R. Impact of cultivation systems on Dichelops melacanthus (Dallas) (Heteroptera: Pentatomidae) population and damage and its chemical control on wheat. Neotropical Entomology v. 33, p. 487-492, 2004.  CORRÊA-FERREIRA, B.S, KRZYZANOWSKI, F.C.; MINAMI, C.A. Percevejos e a qualidade da semente de soja. Embrapa Soja, Londrina, Circular Técnica 67, p. 1-15, 2009.  CORRÊA-FERREIRA, B.S.; PANIZZI, A.R. Percevejos da soja e seu manejo. Embrapa-CNPSo, Circular Técnica 24, p. 1-15, 1999.  PANIZZI, A.R.; CHOCOROSQUI, V.R. Pragas: elas vieram com tudo. Cultivar v.1, p.8-10, 1999.  PANIZZI, A.R.; McPHERSON, J.E.; JAMES, D.G.; JAVAHERY, M., McPHERSON, R.M. Stink bugs (Pentatomidae). In: Schaefer, C.W.; Panizzi, A.R. (Eds.). Heteroptera of Economic Importance. Boca Raton, Florida, CRC Press, p. 421-474, 2000.  ROZA-GOMES, M.F.; SALVADORI, J.R.; PEREIRA, P.R.V.S.; PANIZZI, A.R. Injúrias de quatro espécies de percevejos pentatomídeos em plântulas de milho. Ciência Rural v. 41, p.1115-1119, 2011.  SALVADORI, J.R., PEREIRA, P.R.V.S.; CORRÊA-FERREIRA, B.S. Pragas ocasionais em lavoura de soja no Rio Grande do Sul. Embrapa Trigo, Documentos 91, p. 1-34, 2007.             Figura 1. Alocação e atividade alimentar de adultos do percevejo barriga-verde, Dichelops furcatus em plantas de trigo em diferentes fases fenológicas [período vegetativo (afilhamento) (A) ou período reprodutivo (enchimento de grãos) (B)] em vasos em telado, Embrapa Trigo durante outubro-dezembro de 2012. Médias seguidas pela mesma letra maiúscula (total alimentando + não alimentando) e pela mesma letra minúscula (alimentando apenas) entre as diferentes estruturas da planta, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P≤ 0,05). Asterisco (*) indica diferença significativa entre as médias dentro de cada estrutura da planta, e para as médias dos percevejos encontrados fora das plantas entre os períodos vegetativo e reprodutivo.  050100Espiga Folha Colmo Fora% Total alimentando/não alimentandoTotal alimentandoFora da plantaa b B c Período Reprodutivo B * * * A A 050100Espiga Folha Colmo Fora% Total alimentando/não alimentandoTotal alimentandoFora da plantaB a b * * A Período Vegetativo A * 

Preferência alimentar do percevejo barriga-verde, Dichelops furcatus (f.) em plantas de trigo em diferentes estádios fenológicos.

http://www.alice.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/1029743/1/ID434342013reuniaotrigoentomologia341.pdf

Preferência alimentar do percevejo barriga-verde, Dichelops furcatus (f.) em plantas de trigo em diferentes estádios fenológicos.

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