Este estudo teve como objetivo avaliar a qualidade do solo áreas de sementeira de cultivo convencional de cebola e em uma área de caatinga preservada (controle) no semiárido baiano

DIAS, K. S.

ESCOBAR, I. E. C.

FERNANDES JUNIOR, P. I.

GAVA, C. A. T.

MEDEIROS, L. R. de A.

SILVA, P. T. de S. e

Portuguese

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  1 Atributos biológicos do solo em áreas de cultivo de cebola no município de Casa Nova, Bahia.(1)  Indra Elena Costa Escobar(2); Lucivânia Rangel de Araújo Medeiros(3); Klayne Samara Dias(4); Paula Tereza Souza e Silva(5); Carlos Alberto Tuão Gava(6); Paulo Ivan Fernandes Júnior(7).  (1) Trabalho executado com recursos do CNPq, Facepe e Embrapa (2) Bolsista do PNPD no Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais do Semiárido, Universidade Federal do Vale do São Francisco, indraescobar@gmail.com. (3) Estudante de mestrado no Programa de Pós Graduação de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade Federal de Campina Grande; Campina Grande, Paraíba. (4) Estudante de graduação em Química, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano. (5,6,7)Pesquisador, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária- Embrapa Semiárido   RESUMO: A qualidade do solo muda de acordo com o manejo adotado, sendo suas propriedades físicas, químicas e biológicas sensíveis a essas mudanças. Este estudo teve como objetivo avaliar a qualidade do solo em áreas de sementeira da cultura da cebola, e em uma área de caatinga preservada (controle) no semiárido baiano. O estudo foi realizado no município de Casa Nova, Bahia, que está inserido na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, no entorno do Lago de Sobradinho. Foram selecionadas cinco propriedades rurais em função das características representativas do sistema produtivo da região, as amostras de solo foram coletadas na profundidade de 0-10 cm nas áreas de sementeira antes e depois do cultivo da cebola, e de caatinga preservada, usada como área de referência. Para avaliar a qualidade do solo foram selecionados indicadores biológicos. Determinou-se o carbono da biomassa microbiana do solo (BMS), a respiração basal do solo (RBS), quociente microbiano (qMIC) e o quociente metabólico (qCO2). Os resultados mostraram que a área de Caatinga preservada apresentou melhor qualidade do solo do que as áreas com manejo convencional, estas apresentaram o maior valor de quociente metabólico, indicando um estado de desequilíbrio do sistema solo nas áreas avaliadas.  Termos de indexação: cebola; qualidade do solo; indicadores biológicos.  INTRODUÇÃO  No Nordeste, os estados da Bahia e Pernambuco respondem por praticamente toda a produção de cebola da Região (IBGE, 2014). Só o Vale do São Francisco contribui com cerca de 18,0% da produção nacional (EMBRAPA, 2012). O município de Casa Nova, as margens do Lago de Sobradinho, é um dos maiores produtores da região, com uma produtividade de 40.950 tonelada/ano (SEAGRI, 2012). Os sistemas de produção de cebola da região são essencialmente convencionais (Colleti, 2004) e a falta de manejo adequado do solo pode afetar negativamente a qualidade do solo por mudanças nas propriedades físicas, químicas e biológicas (Valarini et al., 2007). Indicadores biológicos são utilizados com o objetivo de avaliar alterações edáficas oriundas das práticas de manejo por serem sensíveis às alterações que ocorrem no solo, informando de forma precoce as possíveis mudanças ocorridas no solo em função de fatores ambientais e manejo (Pascual et al., 2000; Nielsen & Winding, 2002). Uma avaliação comumente utilizada para avaliar essa qualidade é a relação entre os micro-organismos e a ciclagem de nutrientes, podendo citar o carbono da biomassa microbiana do solo (BMS) e a respiração basal do solo (RBS) (Tótola & Chaer, 2002). A avaliação da RBS é uma técnica bastante utilizada para quantificar a atividade microbiana, apresentando relação positiva com o conteúdo de matéria orgânica e com a biomassa microbiana (Alef, 1995). Este estudo teve como objetivo avaliar a qualidade do solo áreas de sementeira de cultivo convencional de cebola e em uma área de caatinga preservada (controle) no semiárido baiano.    MATERIAL E MÉTODOS  O estudo foi realizado no município de Casa Nova, Bahia (09º09’43”S; 40°58’15”W), que está totalmente inserido na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, no entorno do Lago de Sobradinho, resultante do barramento do Rio São Francisco. O clima da região é do tipo BSwh’- semiárido e quente, segundo a classificação de Köppen, com chuvas anuais variando de 500 a 900 mm e   2 temperatura média anual de 27º C. A vegetação predominante é a do tipo Caatinga hiperxerófila. A região está inserida na Província Estrutural São Francisco, com predomínio de rochas do Pré-Cambriano como granitos, migmatitos, xistos e quartzitos (Cunha et al., 2008; Cunha et al., 2010)  Local de coleta e amostragem Foram selecionadas cinco propriedades rurais em função das características representativas do sistema produtivo da região e da proximidade com o lago de Sobradinho e uma área de referência de Caatinga preservada. As amostras de solo foram coletadas na profundidade de 0-10 cm nas áreas de sementeira em dois períodos, antes do cultivo (sementeira inicial - SI) e após 30 dias com a colheita dos bulbinhos (sementeira final - SF) e em uma área de Caatinga preservada, utilizada como área de referência. As áreas de plantio foram divididas em três parcelas, divididas proporcionalmente de acordo com o tamanho das áreas, em cada parcela foram coletadas 25 amostras simples para formação de uma composta, totalizando três amostras compostas por área.  As amostras de solo foram acondicionadas em sacos plásticos, conduzidas ao laboratório e mantidas em refrigeração (4º C) até o processamento, conduzido no laboratório de Microbiologia do Solo da Embrapa Semiárido em Petrolina, PE.  Indicadores biológicos O carbono da biomassa microbiana (CBM) foi avaliado pelo método de fumigação-extração (Vance et al., 1987), utilizando clorofórmio livre de etanol como agente fumigante e sulfato de potássio (0,5 M) como extrator. A oxidação foi feita com dicromato de potássio (0,066 M) em meio ácido concentrado e a quantificação do carbono foi realizada em espectrofotômetro a 645 nm (Knupp & Ferreira, 2011). Os valores de CBM foram calculados pela diferença do C nas amostras de solo fumigadas e não fumigadas, considerando-se KC = 0,33. Os resultados finais foram expressos em miligrama de C por quilograma de solo seco (mg.kg-1). A respiração basal do solo (RBS) foi estimada a partir da captura do CO2 liberado de amostras de solo (50 g) em 30 mL de NaOH (0,5 M). Alíquotas de 10 mL de NaOH  foram adicionadas de 10 mL cloreto de bário (0,05 M) e tituladas com  HCl 0,25 M, utilizando a fenolftaleína como indicador (Jenkinson & Powlson, 1976). Os resultados foram expressos em miligramas de CO2 por quilograma de solo seco por dia (mg.C-CO2.Kg-1solo.dia-1). O quociente metabólico microbiano (qCO2) foi determinado pela razão entre o C-CO2 liberado pela respiração microbiana e o carbono da biomassa microbiana do solo (Anderson & Domsch, 1985). O quociente microbiano (qMIC) foi calculado pela razão entre o CBM e o carbono orgânico do solo (CO) (Powlson et al.,1987).  Análise estatística Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) com o delineamento experimental inteiramente casualizado. As médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. As análises foram realizadas com auxílio do programa Assistat 7.6 beta (2011).  RESULTADOS E DISCUSSÃO  Não houve diferença estatística para o CBM e para o qMIC entre os sistemas de plantio e a área de referência nas épocas de amostragem. Para o RSB, os maiores valores foram encontrados na área de referência. Quanto ao qCO2 a área de referência apresentou menor índice quando comparado com os sistemas de produção.  Tabela 1 – Teores de carbono da biomassa microbiana do solo (CBS), respiração basal do solo (RSB), quociente microbiano (qMIC), quociente metabólico (qCO2)em solos cultivados com cebola em diferentes sistemas de produção, nas áreas de sementeiras e em áreas de Caatinga preservada (REF), no município de Casa Nova- BA. Sistemas de produção CBM RSB qMIC qCO2 (mg.C Kg. solo-1) (mg.C-CO2 Kg-1solo.dia-1) (%) (mg.C-CO2 mg-1.C-BM.dia-1) SI 135,05ª 23,14b 2,17a 0,22a SF 186,75ª 14,66b 3,70a 0,21a REF 177,60ª 25,51a 2,19a 0,15b SI- Sementeira inicial; SF- Sementeira final; REF- referência. Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente pelo teste Tukey (p<0,05).  Apesar de não terem sido encontradas diferenças estatísticas entre as áreas para o CBM, Vargas et al. (2011), encontraram diferença para o CBM entre as épocas de produção da cebola com diferentes coberturas vegetais em Santa Catarina, onde no início do ciclo da cebola houve uma diminuição do CBM e posterior aumento ao final do ciclo. Ao contrário do que foi observado no estudo em questão, o CBM demonstrou ser um indicador de qualidade do solo sensível no trabalho de Silva et al. (2012), conduzido em sistema de plantio direto de cebola, sob diferentes tratamentos de cobertura e rotação em Santa Catarina. Os tratamentos que estão sob cobertura vegetal com cultivo mínimo mostraram valores de CBM semelhantes entre si e, todos com teores de CBM   3 numericamente superiores ao tratamento convencional. Esse fato pode justificar o resultado insatisfatório do CBM, já que todas as áreas analisadas utilizaram o cultivo convencional. A manutenção da biomassa microbiana do solo está relacionada com a melhor produtividade de plantas cultivadas (Kaschuk et al., 2010). Considerando que para o RSB entre os sistemas a área de caatinga preservada foi maior do que os dos sistemas em análise (SI e SF), esse resultado parece indicar a decomposição de resíduos orgânicos, refletindo em atividade biológica. Assim como, diferenças na quantidade e na qualidade dos resíduos vegetais e da comunidade microbiana entre os locais avaliados.  Para o quociente metabólico (qCO2) houve diferença estatística entre os sistemas analisados. O valor do qCO2 foi mais baixo na área de caatinga preservada, representando maior eficiência dos micro-organismos  na utilização do C orgânico (Tótola & Chaer, 2002; Mercante et al., 2008; Anderson & Domsch, 2010). Em geral, um baixo qCO2 reflete um ambiente mais estável ou mais próximo do seu estado de equilíbrio, valores elevados são indicativos de ecossistemas submetidos a alguma condição de estresse ou de distúrbio (Tótola & Chaer, 2002). O SI apresentou o valor mais alto de qCO2, este fato pode ser evidenciado pela retirada da vegetação nativa substituindo pela cultura da cebola, o que reflete em um fator de perturbação no solo.  CONCLUSÃO  O quociente metabólico demonstrou ser o indicador mais sensível para avaliar as alterações biológicas no solo em sistemas de produção de cebola.   AGRADECIMENTOS  Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Facepe, Embrapa Semiárido, Monsanto e a Companhia Hidrelétrica do Vale do São Francisco.  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Atributos biológicos do solo em áreas de cultivo de cebola no município de Casa Nova, Bahia.

http://www.alice.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/1031296/1/PauloIvan2015.pdf

Atributos biológicos do solo em áreas de cultivo de cebola no município de Casa Nova, Bahia.

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