PERUZZO, G.

TOMM, G. O.

WIETHÖLTER, S.

Portuguese

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RESPOSTA A NITROGÊNIO DE TRIGO CULTIVADOAPÓS SOJA E MILHO, EM SOLOS COMDIFERENTES TEORES DE MATÉRIA ORGÂNICA,NO RIO GRANDE DO SUL1Wiethôlter, S.2;Peruzzo, G.; Tomm, G.O.ResumoA maioria dos solos cultivados com trigo apresentadisponibilidade de nitrogênio (N) insuficiente. Objetivou-se analisarconjuntamente 32 experimentos de trigo conduzidos entre os anosde 1993 a 1998, no sistema plantio direto, em solos do Rio Grandedo Sul. Verificaram-se incrementos no rendimento de grãos com aaplicação de N em todos os experimentos. O conjunto de dadospermitiu estabelecer equações de regressão relacionando orendimento de grãos com os seguintes fatores: dose de N aplicado,teor de matéria orgânica do solo, e cultura precedente (soja oumilho). Com base nesses fatores derivou-se uma recomendaçãotécnica de aplicação de N para trigo.Palavras-chave: trigo - cultura precedente - nitrogênio, matériaorgânicaIntroduçãoNas regiões de clima úmido, geralmente observa-se aumentono rendimento de grãos de trigo pela aplicação de N nutriente aosolo. O efeito no rendimento varia em função da quantidade de1 Trabalho realizado com recursos do Convênio Embrapa/Petrobrás.2 Embrapa Trigo, Rodovia BR-285, km 174, Caixa Postal 451, 99001-970Passo Fundo, RS.XVIII Reunião Nacional de Pesquisa de Trigo 725matéria orgânica(MO) do solo que é mineralizada e também em função do tipoe da quantidade de resíduos da cultura precedente. Este aspecto éparticularmente importante para trigo cultivado no sistema plantiodireto sobre resíduos culturais de soja ou de milho. A atualrecomendação de adubação nitrogenada para trigo cultivado nossolos dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina(Comissão ..., 1995) foi desenvolvida para o sistema convencional depreparo do solo e com base em dados disponíveis até o ano de 1987(Siqueira, 1988). Com a adoção do plantio direto em larga escala,tornou-se imperativo estudar a resposta de trigo ao aporte de Nnesse sistema.Objetivou-se, através de modelos matemáticos empíricos,determinar a relação entre o rendimento de grãos e os seguintesfatores: dose de N, teor de MO do solo, e cultura precedente (soja emilho). Em complemento, visou-se gerar uma tabela de dosesmáximas econômicas de N para trigo cultivado no sistema plantiodireto em função dos três fatores citados.Material e MétodosUsaram-se dados de 32 experimentos de trigo, conduzidos emsolos do estado do Rio Grande do Sul, entre os anos de 1993 e1998, nos seguintes locais: Santa Rosa [Região Tritícola IV, altitudebaixa (277 m), clima quente, solo LRd/Santo Ângelo], Boa Vista dasMissões [Região Tritícola 111, altitude média (596 m), climamedianamente frio, solo LRd/Santo Ângelo], Passo Fundo [RegiãoTritícola 111, altitude média (687 m), clima medianamente frio, soloLVEd/Passo Fundo], Lagoa Vermelha [Região Tritícola I, altitude alta(801 m), clima frio, solo LRd/Erexim] e Vacaria [Região Tritícola I,altitude alta (971 m), clima frio, solo LBdNacaria)]. O teor de MO dossolos estudados variou de 2,7 a 5,1 %, em amostras coletadas nascamadas de O a 20 ou de O a 10 em. Foram aplicadas 4 ou 5 dosesde N em cobertura, em cada experimento, variando as doses entre726 XVIII Reunião Nacional de Pesquisa de Trigo25 e 160 kg N/ha. O N foi aplicado em duas ocasioes: 1/3 noafilhamento e 2/3 no alongamento. Na maioria dos experimentosusou-se a cultivar Embrapa-16. Em alguns experimentos usou-se orendimento médio de 4 ou 5 novas cultivares de trigo. A fonte de Nfoi uréia.Para harmonizar os rendimentos entre os locais e os anos,subtraiu-se da média geral do conjunto de experimentos (Médiageral)a média de cada experimento (Médiaexp). O valor obtido foi, então,somado a cada rendimento observado (Rendobs), obtendo-se orendimento ajustado (Y), conforme expresso na Equação [1]:Y = (Médiageral- Médiaexp)+ Rendobs [1]Resultados e DiscussãoEm todos os locais observaram-se incrementos significativosno rendimento de grãos de trigo em função da aplicação de N,indicando que os solos apresentavam nível insuficiente desuprimento de N. Os rendimentos variaram de 1.447 kg/ha (sem N) a4.965 kg/ha (com N), tendo sido mais altos nos locais de maioraltitude.As equações de regressão obtidas e as doses máximaseconômicas (Nmax)foram as seguintes:Geral:Y = 2483,190 + 16,914N - 0,0677N2Nmax= 88 kg/haApós soja:Ysoja= 2555,632 + 15,490N - 0,0637N2Nmax= 82 kg/haApós milho:Ymilho= 2292,520 + 20,622N - 0,0779N2Nmax= 100 kg/haApós soja e considerando o teor de MO do solo:Ysoja= 2634,763 + 11,425N - 0,0114MO.N2 r = 0,61Após milho e considerando o teor de MO do solo:XVIII Reunião Nacional de Pesquisa de Trigo2r = 0,72 [2][2.1 ]r = 0,68 [3][3.1 ]2r = 0,84 [4][4.1 ][5]727Ymilho = 2303,990 + 20,005N - 0,0242MO.N2 r2 = 0,83. [6]Todas as equações de regressão acima apresentaram umaprobabilidade de se encontrar valores maiores de F (Probzf) igual a0,0001, empregando a rotina Stepwise (SAS, 1985).Com base nas Equações [2], [3] e [4] e para uma relação depreços igual a 5 (R$ por kg de N/R$ por kg de trigo), as dosesmáximas econômicas de N foram, respectivamente: 88, 82 e 100kg/ha. Portanto, esses valores indicam que a dose máximaeconômica a ser aplicada em trigo sucedendo a cultura de milhodeve ser 18 kg N/ha (100 - 82) superior do que se a cultura anteriorfosse a soja. No entanto, em 5 experimentos, nos quais soja e milhoforam cultivados em áreas contíguas, a diferença calculada denecessidade de N para a obtenção de rendimentos iguais foi de 53kg/ha a menos nas áreas em que soja foi a cultura precedente atrigo (dados não apresentados).As equações demonstram que a dose máxima econômica de Npara trigo cultivado após soja (Equação [3]) é menor do que secultivado após milho (Equação [4]). As Equações [5] e [6] indicamque, na ausência de N, o rendimento médio de trigo nas áreasanteriormente cultivadas com soja foi superior em 331 kg/ha (2.635 -2.304) ao o obtido naquelas cultivadas com milho. Porém, em 6experimentos, constatou-se diferença média de 403 kg grãos/ha euma diferença de rendimento de 707 kg grãos/ha quando usaram-se40 kg N/ha (dados não apresentados).Desconsiderando teores de MO no solo menores que 2 % nasestimativas de N obtidas com as Equações [5] e [6], considerandoque em todos os locais dos experimentos foi obtida resposta de trigoa aplicação de N e, considerando a diferença de rendimento médiode grãos obtido após os cultivos de soja e de milho, elaborou-se aTabela 1.Nas regiões mais quentes do Rio Grande do Sul, de menoraltitude, e quando trigo for antecedido nesses locais por soja, éconveniente restringir a aplicação de N em cobertura a no máximo40 kg/ha, a fim de evitar danos por acamamento. Em solos com MO< 3 %, e especialmente para cultivares suscetíveis ao acamamento,doses menores que as indicadas na Tabela 1 deveriam serempregadas.728 XVIII Reunião Nacional de Pesquisa de TrigoTabela 1. Dose máxima de N a aplicar em cobertura na cultura detrigo, no sistema plantio direto. Embrapa Trigo, 1999Teor de matéria Cultura precedenteorgânica do solo Soja Milho----------- % ------------ -------------- kg N/ha --------------~ 3,0 80 1003,1 - 4,0 60 804,1 - 5,0 40 60> 5,0 40 40ConclusõesA análise conjunta de 32 experimentos possibilitou a geraçãode modelos matemáticos de rendimento de grãos de trigo em funçãodos seguintes fatores: dose de N, teor de MO do solo, e cultura pre-cedente. Com base nesses modelos, foram propostas recomenda-ções técnicas de doses máximas de N a aplicar na cultura de trigo.Referências BibliográficasCOMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO - RS/SC. Recomendaçõesde adubação e de calagem para os Estados do Rio Grande doSul e de Santa Catarina. 3ª ed. Passo Fundo: SBCS-NúcleoRegional Sul/EMBRAPA-CNPT, 1995. 223p.SAS Institute Inc. SAS user's guide: statistics. Version 5 Edition. NC:SAS Institute Inc., Cary, 1985. 956p.SIQUEIRA, O.J.F. de. Avaliação conjunta das respostas do trigo àadubação do Rio Grande do Sul e Santa Catarina etransformação das informações experimentais emrecomendações técnicas gerais para o setor. I. Nitrogênio. In:REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE TRIGO, 15., 1988.Passo Fundo, RS. Resumos dos trabalhos apresentados na XVReunião Nacional de Pesquisa de Trigo. Passo Fundo:EMBRAPA-CNPT, 1988. p.21.XVIII Reunião Nacional de Pesquisa de Trigo 729

Resposta a nitrogênio de trigo cultivado após soja e milho, em solos com diferentes teores de matéria orgânica, no Rio Grande do Sul.

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Resposta a nitrogênio de trigo cultivado após soja e milho, em solos com diferentes teores de matéria orgânica, no Rio Grande do Sul.

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