O objetivo deste trabalho foi oferecer subsídios à gestão ambiental da microbacia hidrográfica do Córrego do Espraiado, Ribeirão Preto - SP, localizada sobre a área de recarga do Aqüífero Guarani, com base na aptidão agrícola das terras, compatibilizada com a explotação racional das águas. O estudo foi realizado no SIG Idrisi 32 e os resultados obtidos apontam para a necessidade de conservar a quantidade e a qualidade das águas do aqüífero

ASSAD, M. L. R. C. L.

HAMADA, E.

PEREIRA, D. A.

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GESTÃO AMBIENTAL DAS TERRAS NO AQÜÍFERO GUARANI: CASO DA MICROBACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO DO ESPRAIADO, RIBEIRÃO PRETO- SP L tO Emilia Hamada (1); Maria Leonor R. C. Lopes Assad (2); Danilla A. Pereira (1) {1) Embrapa Meio Ambiente - CNPMA, CP 69, CEP 13820-000, Jaguariúna - SP; (2) Universidade Federal de São Carlos- UFSCar, CP 153, CEP 13600-970, Araras- SP emitia @ cnpma. embrapa. br RESUMO - O objetivo deste trabalho foi oferecer subsídios à gestão ambiental da microbacia hidrográfica do Córrego do Espraiado, Ribeirão Preto - SP, localizada sobre a área de recarga do Aqüífero Guarani, com base na aptidão agrícola das terras, compatiblizada com a explotação racional das águas. O estudo foi realizado no SIG ldrisi 32 e os resultados obtidos apontam para a necessidade de conservar a quantidade e a qualidade das águas do aqüífero. Palavras-chave: Aptidão agrícola, SIG, vulnerabilidade ambiental. INTRODUÇÃO O Sistema Aqüífero Guarani é considerado a maior reserva estratégica de água doce da América Latina e um dos maiores sistemas aqüíferos do mundo, cobrindo uma área de quase 1,2 milhões de km2 (ROCHA, 1996) e estendendo-se ao longo do Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina. Aproximadamente 70% da área do aqüífero está localizada no Bras il, com ocorrência nos estados de Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No Estado de São Paulo, cerca de 70% dos municípios são total ou parcialmente abastecidos por águas subterrâneas (CETESB, 1997) e o Aqüífero Guarani alcança 155,8 mil km 2 (ARAÚJO et ai., 1995). O Aqüífero Guarani encontra-se confinado em 90% de sua superfície e os 10% restantes têm característica de aqüífero livre e constitui sua principal área de recarga direta (CAMPOS, 2000). A infiltração de água se dá de forma rápida por meio de águas de chuva que caem nas áreas de recarga direta e, de forma lenta, por infiltração ao longo de descontinuidades, nas áreas de confinamento. Embora as águas subterrâneas sejam naturalmente mais protegidas dos agentes contaminantes do que as superficiais, a grande expansão das atividades antrópicas, nas áreas urbanas e rurais, tem provocado a poluição pontual das águas subterrâneas, sobretudo por meio dos lixões, aterros industriais, armazenamento, manuseio e descarte inadequados de produtos químicos, efluentes e resíduos, incluindo os usos indiscriminados de agrotóxicos e fertilizantes (CETESB, 2001 ). As faixas de recarga ou af loramento e áreas adjacentes são reg iões de infiltração natural das águas, com elevada vu lnerabil idade, sendo imperativo o controle das fontes de poluição aí existentes para que o aqüífero possa ser utilizado ao longo das gerações (ROCHA, 1996). No Estado de São Paulo as áreas de recarga ocupam 16 mil km2 de superfície (CETESB, 2001 ). As áreas de recarga do Guarani localizam-se nas bordas da bacia em faixas alongadas de rochas sedimentares que afloram, associadas a seus nr ,0 produtos de alteração, que são predominantemente Latossolos psamíticos e Neossolos Quartzarênicos. Nessas áreas estão presentes diferentes sistemas de produção agrícola (arroz irrigado, cana-de-açúcar, milho, soja, entre outros) e alguns desses sistemas são de agricultura intensiva, que utilizam grande quantidade de insumos. Desta forma, é necessário o estudo da adequação do uso agrícola das terras, analisando de forma integrada a vulnerabilidade dos recursos naturais, de modo a subsidiar a gestão ambiental das áreas críticas quanto aos riscos de contaminação do aqüífero. O objetivo deste trabalho foi oferecer subsídios à gestão ambiental da microbacia hidrográfica do Córrego do Espraiado, Ribeirão Preto-SP, localizada sobre a área de recarga do Aqüífero Guarani, a partir da avaliação da aptidão agrícola das terras, compatiblizada com a explotação racional das águas. MATERIAL E MÉTODOS A área de estudo é a microbacia hidrográfica do Córrego Espraiado, Ribeirão Preto - SP, que ocupa uma área de aproximadamente 4.130 ha, com ocupação predominante da lavoura de cana-de-açúcar. São encontradas também pequenas áreas de matas ciliares marginais aos cursos d'água e campos higrófilos nas áreas mal drenadas das planícies de inundação. O projeto do banco de dados foi estruturado no Sistema de Informação Geográfica (SIG) ldrisi 32, com sistema de projeção Universal Transversa de Mercator (UTM), os limites da área de 213.002 m e 224.498 m e 7.642.943 m e 7.654.502 m (coordenadas x e y, respectivamente); datum 23 S e resolução espacial 5 x 5 m. Foram utilizadas as seguintes informações como dados de entrada do SIG: cartas topográficas, na escala de 1:10.000, elaboradas pelo Instituto Geográfico e Cartográfico do Estado de São Paulo (IGC): Fazenda Santa Rita do Picadão (SF-23-V-C-1-2-SO-E), Fazenda Santa Maria (SF-23-V-C-1-2-SO-F), Fazenda São Tomáz (SF-23-V-C-1-4-NE-B) e Córrego do Espraiado (SF-23-V-C-1-4-NO-A) e o mapa de solos da microbacia, na escala de 1:25.000 (MIKLÓS & GOMES, 1996). A entrada dos dados foi realizada com mesa digital izadora e o software Cartalinx. O Modelo de Elevação Digital (MED) foi obtido pelo método de interpolação de triangulação linear, utilizando o software Surfer 8.02. Posteriormente, foi obtido o mapa de declividade em percentagem e classificado, a fim de se obter o mapa de classes de declive. A avaliação da aptidão agrícola das terras foi fe ita com base no sistema proposto por RAMALHO FILHO & BEEK (1995), considerando o sistema de produção agrícola intensivo predominante na microbacia, ajustado para a vulnerabilidade das áreas de recarga do aqüífero e a metodologia de emprego de SIG proposta por LOPES ASSAD et ai. (1998). RESULTADOS E DiSCUSSÃO Na microbacia do Córrego do Espraiado predominam áreas de relevo plano a suave ondulado (O a 8%), seguidas por áreas de relevo ondulado (8 a 20%) (Figura 1 ). Observando-se a Figura 2, constata-se que na área estudada predominam Latossolos e Argissolos, que possuem aptidão boa ou regu lar para culturas em sistemas de produção intensivos (Figura 3). Esses solos têm importante função na recarga lenta do aqüífero e a mecanização intensiva leva à formação de camadas compactadas que afetam a infiltração de água. ·:~t-iM " " " " "" 'jS.,.t,(:)i'''''''''''''' 111111111 o:3~ G:m 3-8~ .12!J e .. 1j"' . -~ - 13 · .20% . 111111111 2ó- 45'ló • - 45.·100%~ ... "f CIUD:. - --------~~-.. -.. . -. 5)))!(. ··---:---················· LVei • LatosSOfoS-Veiinetril$ EutrOié'rdcos LVcÚ .• L~:ios:Sotôs Ven rieU'-Qs DistrOfér(«COS . LVWI"~ Latossctcs YErlfleihoS-Acriféi-ricot LV!!·, d '- .l atossolu:s V!!iun~~i:_ -p(.i;trófk(i$ -~ -Á~r.:os Lvct· .. Ltdo"ssaos Verinelh0s:01!tró1Jcos · · · · · .LY.Ae!!,-d •· l8tó.ssoi0s v erritdl"o.S -Arriárelo$ PVef".-.ArsfssOlO$ Verme!h :~s Rl..e, d~ NeosSo~ U:Óii::o. ~.-d • NiroS:so«o::s Quàrtltttt11l.."'s c_~~ ,Çifis'il:d os_ P.ápiCO_~ é~: ou sem as3ocioçóo corn Org,no~olos Figura 1 - Classes de declive da microbacia hidrográfica do Córrego do Espraiado, Ribeirão Preto - SP. Figura 2 - Solos da microbacia hidrográfica do Córrego do Espraiado, Ribeirão Preto - SP. 1111111111 APtl!l!o ooo paro cuiuos . 2667.65 ho .CJJ . Ajlti<i6o re<j.JM poro CUIIIXO$ • 560,SO M ~ AJ)(I~ restrla pMa pasta~ns . 452,C4 h! 111111i1 Stmh,:iid.;,;, . 423,02ho Figura 3 - Aptidão agríco la da microbacia hidrográfica do Córrego do Espraiado, Ribeirão Preto - SP. Constata-se também a presença de Neossolos Quartzarênicos, que ocorrem em pequena faixa (123,4 ha) (Figura 2) . Esses solos desempenham um importante papel na recarga direta do aqüífero devido à sua elevada permeabilidade. Entretanto, apresentam teor de argila muito baixo ( < 15%), o que lhes confere reduzida capacidade de retenção de cátions e ânions. Portanto, o uso agrícola intensivo desses solos deve ser restrito (Figura 3) , pois aumenta a vulnerabílidade do aqüífero. Salienta-se que é necessário atender à legislação ambiental e que todas as áreas de preservação permanente (APP) não podem ter uso agrícola. CONCLUSÕES A avaliação de aptidão agrícola de terras, em particular na área de abrangência do Aqüífero Guarani, deve considerar tan to as potencialidades do solo, quanto o impacto que o uso agrícola pode causar na quantidade e na qualidade da água infiltrada. REFERÊNCIAS ARAÚJO, L.M.; FRANÇA, A.B.; POTTER, P.E. Aqüífero gigante do Mercosul no Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai: mapas hidrogeológicos das formações Botucatu, Pirambóia, Rosário do Sul, Buena Vista, Missiones e Tacuarembó. Curitiba, PR: Universidade Federal do Paraná, 1995. Publicação especial- convênio: PETROBRAS-UFPR. CAMPOS, H.C.N.S. Modelación conceptual y matemática del Acuífero Guaraní, Cono Sur. Acta Geologica Leopoldensia, v. 23, n. 4, p. 3-50, 2000. CETESB. Poluição das águas subterrâneas no Estado de São Paulo: 1994. São Paulo: CETESB, 1996. 95 p. __ . Relatório de qualidade das águas subterrâneas no Estado de São Paulo: 1995-2000. São Paulo: CETESB, 2001. 96 p. LOPES ASSAD, M.L.; HAMADA, E. ; CAVALIERI, A. Sistema de informações geográficas na avaliação de terras para agricultura. In: ASSAD, E.D. & SANO, E.E. Sistema de informações geográficas: aplicações na agricu ltura. Brasília: Embrapa-SPI/Embrapa-CPAC, 1998. 434 p. cap. 11, p. 191 - 232. MIKLÓS, A.A. de W. ; GOMES, M.A.F. Levantamento semidetalhado dos solos da bacia hidrográfica do Córrego do Espraiado, Ribeirão Preto- SP. Jaguariúna: Embrapa-CNPMA, 1996. 48 p. +anexos. Relatório de projeto. RAMALHO FILHO, A.; BEEK, K.J. Sistema de avaliação da aptidão agrícola das terras. Rio de Janeiro: Embrapa-CNPS, 1994. 65 p. ROCHA, G.A. Mega reservatório de água subterrânea do Cone Sul: bases para uma política de desenvolvimento e gestão. Curit iba: UFPR, 1996. Não paginado. Contribuição ao Seminário Internacional Aqüífero Gigante do Mercosul, 23/24 de maio de 1996. 

Gestão ambiental das terras no Aqüífero Guarani: caso da microbacia hidrográfica do Córrego do Espraiado, Ribeirão Preto/SP.

GESTÃO AMBIENTAL DAS TERRAS NO AQÜÍFERO GUARANI: CASO DA MICROBACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO DO ESPRAIADO, RIBEIRÃO PRETO-SP Emília H amada (1 ); Maria Leonor R. C. Lopes Assad (2); Danilla A. Pereira (1) (1) Embrapa Meio Ambiente- CNPMA, CP 69, CEP 13820-000, Jaguariúna- SP; (2) Universidade Federal de São Carlos - UFSCar, CP 153, CEP 13600-970, Araras - SP emilia @cnpma.embrapa.br RESUMO O Sistema Aqüífero Guarani é considerado a maior reserva estratégica de água doce da América Latina e um dos maiores sistemas aqüíferos do mundo, com aproximadamente 70% da área do aqüífero localizada no Brasil. As faixas de recarga ou afloramento e áreas adjacentes são regiões de infiltração natural das águas, com elevada vulnerabilidade. No Estado de São Paulo as áreas de recarga ocupam 16 mil km2 de superfície. Nessas áreas estão presentes diferentes sistemas de produção agrícola e alguns desses sistemas são de agricultura intensiva. O objetivo deste trabalho foi oferecer subsídios à gestão ambiental da microbacia hidrográfica do Córrego do Espraiado, Ribeirão Preto-SP, localizada sobre a área de recarga do Aqüífero Guarani. A microbacia ocupa uma área de aproximadamente 4.130 ha, com ocupação predominante da lavoura de cana-de-açúcar. O projeto do banco de dados foi estruturado no Sistema de Informação Geográfica (SIG) ldrisi 32. A avaliação da aptidão agrícola das terras foi feita, considerando o sistema de produção agrícola intensivo predominante na microbacia, ajustado para a vulnerabilidade das áreas de recarga do aqüífero e a metodologia de emprego de SIG. Na microbacia predominam Latossolos e Argissolos, que possuem aptidão boa ou regular para culturas em sistemas de produção intensivos. Esses solos têm importante função na recarga lenta do aqüífero e a mecanização intensiva leva à formação de camadas compactadas que afetam a infiltração de água. Constata-se também a presença de Neossolos Quartzarênicos, que ocorrem em pequena faixa (123,4 ha). Esses solos desempenham um importante papel na recarga direta do aqüífero devido à sua elevada permeabilidade. A avaliação de aptidão agrícola de terras, em particular na área de abrangência do Aqüífero Guarani, deve considerar tanto as potencialidades do solo, quanto o impacto que o uso agrícola pode causar na quantidade e na qualidade da água infiltrada. 

Gestão ambiental das terras no Aqüífero Guarani: caso da microbacia hidrográfica do córrego do Espraiado, Ribeirão Preto, SP.

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