Este trabalho busca evidenciar a sinergia entre agricultura e extrativismo, demonstrando que existe um potencial produtivo de castanha da amazônia em áreas de roças e capoeiras provenientes da agricultura itinerante, que podem ser conduzidas como sistemas agroflorestais (SAFs). A partir do levantamento realizado em 14 comunidades da RESEX, foram inventariadas 90 áreas provenientes da agricultura com diferentes períodos de pousio. Dessas, 42 são capoeiras "abandonadas" e 48 são áreas que foram selecionadas, em 2012, para a agricultura. Nessas áreas foram encontradas 1.445 castanheiras (cast), a maior parte jovens, gerando uma densidade aproximada de 13 cast ha-1. A densidade nas capoeiras abandonadas foi de 17 cast ha-1 e nas capoeiras em cultivo foi de 8 cast ha1, confirmando que os castanheiros optam por colocar a roça em áreas com menor regeneração de castanheiras. Do total de castanheiras inventariadas, 7,4% são comprovadamente produtivas e muitas ainda não produzem frutos, mas já apresentam floração. Em algumas dessas áreas de capoeiras, os castanheiros já fazem a coleta dos ouriços. A interação, bem como a troca de conhecimento com os agroextrativistas, proporcionou uma compreensão melhor da realidade local e facilitou a realização do trabalho. A maior densidade de regenerações de castanheiras e maior crescimento nas áreas usadas para agricultura itinerante, do que dentro na floresta madura, justifica o manejo dessas áreas como se fossem SAFs, com a manutenção das castanheiras jovens no meio do roçado para formação de futuros castanhais