Disertação de mestrado em Relações Internacionais, apresentada à Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, sob a orientação de José Manuel Pureza e Reginaldo Mattar Nasser.O conflito Israelense-Palestino é analisado de forma crítica nessa dissertação, com
destaque para o contexto político e econômico do processo de paz de Oslo. No plano
conceitual, o aspecto crítico é utilizado como uma forma de desconstrução teórica do
modelo da paz liberal e do discurso da paz pelo comércio como um meio de resolução do
conflito Israelense-Palestino. O objetivo dessa dissertação é, portanto, demonstrar que o
processo de paz instaurado pelos Acordos de Oslo de 1993 está associado a um processo
de privatização da paz no conflito Israelense-Palestino, e que teve origem nas reformas
neoliberais ocorridas em Israel a partir de 1985. Desta forma, destacados empresários
israelenses e palestinos passaram a formar um lobby privatista pela paz no conflito
Israelense-Palestino. Pretende-se também demonstrar que o processo da paz de Oslo
resultou em uma intensificação da dependência econômica palestina em relação a Israel,
gerando uma situação de deterioração econômica nos territórios palestinos. Essa agenda
negativa gerou uma crescente insatisfação palestina contra a dominação colonialista
israelense, o que levou à eclosão da primeira intifada em 1987 e ao surgimento do Hamas
em 1988, gerando um processo de fragmentação política nos territórios palestinos entre o
partido tradicional Fatah e o grupo de resistência islâmica Hamas. A disputa pela
hegemonia na política palestina se deu, entre outros fatores, por conta da má gestão do
Fatah no comando da Autoridade Nacional Palestina (ANP), envolvendo casos de
corrupção em torno de uma elite política e econômica disposta a reproduzir o
neoliberalismo como modelo de desenvolvimento econômico nos territórios palestinos.
Desta forma, o Hamas passou a promover um intenso ativismo social perante os palestinos
e a resistir de forma violenta à dominação colonialista israelense nos territórios palestinos. Portanto, o processo de paz de Oslo está associado nesta dissertação a um contexto de
deterioração econômica e de fragmentação política palestina, e ao processo de privatização
da paz no conflito Israelense-Palestino