O trabalho analisa as transformações sócio-espaciais ocorridas na última década na agricultura familiar da Amazônia. As pesquisas se concentraram no Centro de Rondônia, onde encontramos uma ampla modalidade de agricultores familiares dedicados ao cultivo do café, olericultura e produção de leite. A importância da região pode ser verificada, na medida em que seus produtos agrícolas abastecem não somente mercados locais, mas também mercados regionais, nacionais e internacionais.
O Centro de Rondônia é reconhecido como uma das áreas mais devastadas da Amazônia, com seus municípios incluídos no denominado “Arco do Desmatamento”, devido à ocorrência de grandes queimadas, colocando a região como uma das maiores emissoras de CO2 do país. Recentemente, segmentos comunitários preocupados com o agravamento da degradação dos recursos naturais e das condições ambientais locais, decidiram investir em práticas agroecológicas, privilegiando o cultivo do café orgânico e modificando as normas ditadas pela cadeia de comercialização convencional, filiando-se a instituições internacionais vinculadas ao comércio justo e a economia solidária. Estas atividades foram inicialmente fomentadas pelos setores progressistas da Igreja Católica, que elaboraram projetos precursores, visando o resgate de práticas camponesas, como os “mutirões” que estavam praticamente esquecidos em virtude da rápida expansão do trabalho especializado no campo.
No entanto as soluções alternativas apresentam limites, pois uma grande parte dos agricultores familiares não atendem aos rígidos requisitos impostos pelas instituições certificadoras das práticas agroecológicas, do comércio justo e da economia solidária. Acrescenta-se o fato que empresas transnacionais estão se apropriando da agricultura orgânica, transformando os agricultores familiares em fornecedores e controlando o preço dos produtos, principalmente do café. As dificuldades decorrentes da desvalorização do dólar também estão contribuindo para que agricultores que optaram pelo cultivo de produtos orgânicos, retornem ao emprego de técnicas convencionais, pautadas pela intensa utilização de agrotóxicos, retornando a antiga posição de uma produção subordinada a cadeia de intermediários, locais, nacionais e internacionais que monopolizam o preço do café.This paper analyses the socio-spatial transformations that occurred in the last decade in familiar agriculture in Amazonia . Research concentrated on the Center of Rondonia State, where we can find a large variety of familiar farmers dedicated to the coffee culture, olericulture and milk production. The importance of the region can be demonstrated, in so far as its agricultural products supply local, regional, national, and international markets.
Traditionally known as one of the most devastated areas in Amazonia, cities in the Center of Rondonia are included in the so-called “Deforestation Arc” with the occurrence of vast forest fires, making the region one of the greatest CO 2 issuers of the country. Recently, parts of the community, concerned with the aggravation of the degradation of natural resources and local environmental conditions, decided to invest in agroecological practices. They privilege the organic coffeegrowing and modify the rules dictated by the string of conventional commercialization, and get affiliated to international institutions linked to the fair trade and to the supportive economy. These activities were initially promoted by progressive sectors of the Catholic Church. They prepared pilot projects, aiming to bring former peasant practices, like joint efforts that were practically forgotten due to the quick expansion of the specialized work in the rural areas, back in.
However, the alternative solutions have limits, because in great part the familiar farmers don't meet the rigid requisites imposed by certifying institutions of the agroecological practices, fair trade and the supportive economy. Add to this the fact that transnational companies have been appropriating the organic agriculture, turning familiar farmers into suppliers and controlling the price of the products, mainly the coffee price. These difficulties are contributing to the return of farmers who had opted for cultivating organic products to the employment of conventional techniques, ruled by the intense use of pesticides, and dependants of the vast string of local, national and international intermediaries' demands, who monopolize the coffee price.El trabajo analiza las transformaciones socio-espaciales ocurridas en la última década en la agricultura familiar de la Amazonia. Las investigaciones se concentraron en el Centro de Rondonia, donde encontramos una amplia modalidad de agricultores dedicados al cultivo del café, horticultura y de producción de leche. La importancia de la región puede ser verificada, en la medida en que sus productos agrícolas suministran a los mercados locales, regionales, nacionales e internacionales.
Tradicionalmente conocida como una de las áreas mas devastadas de la Amazonia, el Centro de Rondonia posee en sus municípios incluídos en el denominado “Arco do Desmatamento”, con el acaecimiento de grandes quemadas, colocando la región como una de las áreas que mas emiten CO2 en el pais. Recientemente, segmentos comunitarios preocupados con el agravamiento de la degradación de los recursos naturales y de las condiciones ambientales locales, decidieron invertir en prácticas agroecológicas, privilegiando el cultivo de café organico y modificando las normas dictadas por la cadena de comercialización convencional, afiliandose a instituciones internacionales vinculadas al comercio justo y a la economía solidaria. Estas actividades fueron inicialmente fomentadas por los sectores progresistas de la Iglesia Católica, que elaboraron proyectos precursores, apuntando el rescate de prácticas campesinas, como el trabajo denimado “ayuda mutua”, que estaban practicamente olvidados en virtud de la rápida expansión del trabajo especializado en el campo.
Entretanto las soluciones alternativas presentan límites, pues en gran parte los agricultores familiares no atienden a los rígidos requisitos impuestos por las instituciones certificadoras de las prácticas agroecológicas, del comercio justo y de la economía solidaria. Se acrecenta el hecho de que empresas transnacionales se estan apropiando de la agricultura orgánica, transformando los agricultores familiares en proveedores, y controlando el precio de los productos, principalmente el del café. Las dificultades estan contribuyendo para que agricultores que tenian optado por el cultivo de productos orgánicos, retornen al empleo de técnicas convencionales, pautadas por la intensa utilización de agrotóxicos y dependientes de las exigencias de la vasta cadena de intermediarios, locales, nacionales e internacionales que monooplizan el precio del café