Este artigo pretende ilustrar as motivações dos grupos denominados thugs, apresentando
os possíveis motivos da sua desmobilização iniciada no ano 2008 e a sua consequente
redefinição a partir de uma resenha histórica do fenómeno da delinquência juvenil
colectiva na Cidade da Praia pós-colonial.
Partindo dos finais dos anos oitenta, tentaremos apontar os diversos momentos de
mobilização dos jovens em actos delinquentes suportados por grupos mais ou menos
organizados, caracterizando cada um desses grupos nos seus diversos contextos
temporais de actuação.
Apesar de os grupos de jovens delinquentes terem surgido antes dos anos de 2000,
tomamos essa década como a mais violenta, no que concerne à delinquência colectiva
na Cidade da Praia, com o aparecimento da figura social juvenil thugs, considerando
este movimento como tendo incorporado a ideologia thug life, introduzida nos guetos
negros norte-americanos nos anos de 1990 por Tupac Shakur3. Essa ideologia é
transportada para o contexto cabo-verdiano pelos jovens deportados dos Estados Unidos
de América e reforçada pelas novas tecnologias, num meio caracterizado por forte
hibridez social.
Por fim, analisaremos as respostas políticas dadas ao fenómeno da delinquência juvenil
colectiva na Cidade da Praia, após a sua constituição como problema social e a
consequente entrada na agenda política