É propósito desse ensaio fazer, em primeiro lugar, uma retrospectiva crítica, de como
o “trauma” e/ ou “herança” da colonização tem sido, por um lado, explorado para aumentar o
fosso entre o “Norte” e “Sul”, servindo, actualmente, os interesses da globalização de cariz
neoliberal e dos países que o lideram, e, por outro lado, de como a “exportação” da ciência
moderna para o Sul tem funcionado como suporte legitimador dessa exploração. Em
simultâneo procura-se fazer um exercício desmistificador do discurso dominante da ciência e
da democracia apresentando uma visão crítica da sua associação à presente globalização de
cariz neoliberal. Depois, centrando-se no caso de Cabo Verde, tendo como base o actual
processo de construção e consolidação do ensino superior universitário, pretende-se
perspectivar como é que uma das suas componentes fundamentais, a “investigação”, pode
figurar como uma das alavancas de combate ao perpetuar do domínio dos cânones modernos
da ciência e da democracia e, por outro lado, poder contribuir para o descerramento e
visibilidade de outras ciências, e conhecimentos imbuídos de grande potencial emancipatório.
Na sequência, por fim, este pequeno estudo mira, também, englobar, de forma breve, o lançar
de pistas ou de prospectivas para uma (s) ciência (s)/ saber (es)/ conhecimento (s) de alta
intensidade em Cabo Verde e no hemisfério Sul em geral