“Em Novembro de 1989, o mundo assistia extasiado à queda
do muro de Berlim. O simbolismo do acontecimento não se
perdeu à medida que alemães orientais e ocidentais quebravam
a materialização em cimento do que Winston Churchill
anos antes chamara a “Cortina de Ferro”. A queda do muro de
Berlim e consequente processo de reunificação, acompanhado
pelo fim das divisões da Guerra Fria que rodeavam a Europa,
criou mudanças tectónicas na geopolítica global. O processo
de reunificação alemão, acompanhado por um espírito internacional
de cooperação e optimismo, pendendo para a euforia,
forneceu um modelo inspirador de diplomacia positiva e
popular autodeterminação trabalhando conjuntamente para
um bem comum – era uma diplomacia por excelência. Diplomatas
e políticos em Washington, Moscovo, Londres e Paris
lutaram para manter os acontecimentos pacíficos na Europa
central e todo o processo de reunificação foi marcado por um
espírito notável de internacionalismo; (...) Esse espírito de
colaboração transatlântica contrasta com a situação uma década
e meia mais tarde. Desde do final de 2002, muito foi feito
no cada vez maior distanciamento cultural e político entre
EUA e Europa. Este distanciamento assenta firmemente onde
política externa e valores culturais convergem. O historiador
britânico Timothy Garton Ash chamou-lhe “a crise do ocidente,
a mais profunda desde do fim da Guerra Fria”