Tese de Mestrado, Psicologia (Secção de Psicologia Clínica e da Saúde, Núcleo de Psicologia Clínica Sistémica), 2014A morte de um filho é considerada um dos eventos mais trágicos e dolorosos que os pais podem experienciar. De forma a construírem um sentido para as suas vidas, os pais mantêm uma ligação emocional aos filhos falecidos, denominada de manutenção do vínculo. Com o presente estudo, pretendemos contribuir para a validação da versão Portuguesa da Continuing Bonds Scale-16 (CBS-16) e analisar a associação entre a manutenção do vínculo e a adaptação individual em pais que perderam um filho. A amostra foi composta por 163 pais em luto. A adaptação individual foi avaliada em termos de resposta de luto, qualidade de vida e sintomatologia psicopatológica, através respectivamente do Prolonged Grief Disorder (PG-13), do índice de qualidade de vida EUROHIS-QOL-8 e do Brief Symptom Inventory (BSI). A CBS-16 revelou boa consistência interna, quer ao nível do resultado total (α =.90), quer ao nível dos fatores (α =.89, para os Tipos Internalizados de Manutenção do Vínculo; α= .83, para os Tipos Externalizados e Ilusórios de Manutenção do Vínculo), bem como resultados satisfatórios ao nível da validade de construto (χ2 = 207.02, χ2/g.l. = 2.05, CFI = .90; RMSEA = .08) e das validades convergente e discriminante. Assim, a CBS-16 revelou-se uma escala útil e fiável na avaliação dos tipos de manutenção do vínculo em pais em luto. Os resultados mostraram também que os tipos de manutenção do vínculo se associaram positivamente à resposta de luto e à sintomatologia ansiosa e depressiva e associaram-se negativamente à perceção de qualidade de vida. Quanto às variáveis relativas à morte, os tipos de manutenção do vínculo associaram-se positivamente à idade do filho na altura da morte. Relativamente às circunstâncias de morte, os tipos internalizados associaram-se à morte inesperada e os tipos externalizados e ilusórios associaram-se à morte violenta. Por fim, serão abordadas as implicações deste estudo e sugeridas novas abordagens de investigação, tendo em conta as limitações indicadas.The death of a child is considered one of the most tragic and painful events that parents can experience. In order to to find meaning in their lives, the parents maintain an emotional bond to their deceased child, termed continuing bonds. The aim of the present study was to contribute to the validation of the Portuguese version of the Continuing Bonds Scale-16 (CBS-16) and to examine the association between the continuing bonds and the individual adjustment among parents who lost a child. The sample consisted of 163 bereaved parents. Individual adjustment was assessed in terms of grief response, quality of life and psychopathological symptoms, respectively by the Prolonged Grief Disorder (PG-13), the index of quality of life EUROHIS-QOL-8 and the Brief Symptom Inventory (BSI). The CBS-16 showed good internal consistency, both in the total score (α = .90) and regarding the two factors (α = .89, for Internalized Continuing Bonds; α = .83, for Externalized and Illusory Continuing Bonds), as well as satisfactory construct validity (χ2 = 207.02, χ2/g.l. = 2.05, CFI = .90; RMSEA = .08) and convergent and discriminant validity. Therefore, the CBS-16 has proved to be a useful and reliable scale in the assessment of the types of continuing bonds in bereaved parents. The results also showed that the types of continuing bonds were positively associated with the grief response and symptoms of anxiety and depression and were negatively associated with the perception of quality of life. As regards the variables related to the death, the types of bonds were positively associated with the age of the child at the time of death. Concerning the circumstances of death, the types of internalized bonds were associated with unexpected death and the types of externalized and illusory bonds were associated with violent death. Finally, implications are also discussed and new approaches to research are suggested, considering the limitations indicated