As transições no curso da vida têm uma visibilidade imediata na leitura social do corpo. A
«juventude» ou a «idade jovem», enquanto fase da vida, é de fato um tempo socialmente
construído, porém codificado no corpo. Uma fase de transição que dura cada vez mais
tempo e que se tenta que perdure, considerando as atuais promessas mercantis de
juvenilização dos corpos. Em última instância, é-se jovem quando se começa a parecê-lo, e
transpõe-se a condição juvenil quando se deixa de (conseguir) transparecê-lo.
Há, efetivamente, normatividades que enquadram a figura do jovem, em grande medida
estabelecidas com base em critérios de ordem corporal. O «corpo jovem» constitui uma
figura de referência e de reverência para as mais velhas gerações, sendo um corpo
celebrado em visuais, movimentos e sensações entre as gerações mais jovens, em que
prazeres se misturam com riscos.
Partindo de uma sistematização dos estudos de natureza sociológica, produzidos em
Portugal em torno de questões concernentes ao corpo e à sua relação com os jovens,
pretende-se, neste artigo, perceber o poder heurístico desse «novo» objeto nos estudos de
juventude, em termos teóricos e metodológicos