TCC (graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Curso de Ciências Sociais.O objetivo deste trabalho é tratar do surgimento de abordagens interpretativistas em meados da década de 1960, movimento conhecido como virada interpretativista. Diz-se ressurgimento visto a marginalização de tais abordagens no período que compreende a institucionalização das disciplinas sociais na âmbito da estrutura universitária, porém mais contundentemente após o predomínio de concepções positivistas, estrutural-funcionalistas e comportamentalistas (como o behaviorismo) nas ciências sociais. Para tal revitalização das abordagens interpretativas, recorreu-se amplamente a desenvolvimentos da disciplina do século XIX, início do século XX (como a hermenêutica de W. Dilthey e a sociologia compreensiva de M. Weber), bem como a desdobramentos posteriores da filosofia do século XX, como a abordagem linguística de L. Wittgenstein, a abordagem fenomenológica de A. Schütz e a contribuição da Escola de Frankfurt, representada aqui pela obra de J. Habermas. Dentre inumeráveis temas que foram tratados pelos mais diversos autores explícita e consensualmente enquadrados como tendo uma abordagem interpretativa frente ao mainstream positivista das ciências sociais, este trabalho acabou por se concentrar no que toca ao complexo tema da notória dicotomia estabelecida pelos defensores do cientificismo nas ciências sociais entre fato e valor. Questionamentos quanto à validade e o status científico (objetivo) do conhecimento obtido por abordagens interpretativistas se contrapõem a questionamentos quanto à possibilidade e relevância de um conhecimento esterilizado do mundo social. Neste movimento, as metodologias desenvolvidas pelos membros da Escola de Cambridge, em suas reflexões sobre a inserção do pesquisador no seu próprio campo de estudo, enquadram-se neste trabalho de dois modos complementares: como um guia para a pesquisa bibliográfica e para a compreensão dos textos lidos; mas também como um exemplo das discussões teórico-metodológicas consonantes com a virada interpretativa. Finalmente, um breve olhar para a obra do politólogo contemporâneo Mark Bevir tem como objetivo esboçar brevemente o modo como temas intrínsecos à constituição das ciências sociais, em especial à fundamentação do interpretativismno, são postos em prática e permanecem em contínuo debate