Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Psicologia.Na presente pesquisa investigou-se a compreensão da criança sobre aspectos das doenças em geral - identificação, tratamento, hospitalização, medicação, prevenção - e da sua própria doença. Buscou-se verificar os sentimentos da criança em relação ao adoecimento e os fatores que podem influenciar na compreensão dos aspectos citados. Participaram da pesquisa 15 crianças hospitalizadas com diagnóstico de doenças crônicas. A coleta de dados foi feita em três etapas. A primeira dedicou-se a familiarização do pesquisador com a Instituição e a caracterização da população atendida. Na segunda realizou-se o contato com a criança, o estabelecimento de vínculo e a proposta para a participação da pesquisa. A última etapa consistiu na entrevista com a criança e a solicitação do desenho. Os dados das entrevistas foram analisados segundo a técnica de análise de conteúdo temática. A análise dos desenhos foi conforme os itens: tamanho, cor, traçado, detalhes presentes, verbalizações. Os resultados das entrevistas foram agrupados em dois grupos temáticos: a) Doenças em Geral e b) A criança e a Sua Doença. O primeiro grupo temático foi subdividido em sete categorias: identificação, etiologia, prevenção e tratamento das doenças, motivo da hospitalização, medicação em geral, fontes de informação sobre o processo de saúde e doença. O segundo grupo foi subdividido em cinco categorias: a doença da criança, a hospitalização da criança, tratamento de sua doença, comunicação e informação sobre a doença da criança, sentimentos ou estados emocionais. Constatou-se que as crianças utilizam a sua experiência com o adoecimento, a hospitalização e os demais fatos de sua vida para compreenderem as doenças em geral e a própria doença. Os fatores que parecem interferir nessa compreensão foram o tempo de diagnóstico, a idade, o tipo de doença, a comunicação recebida sobre a sua doença, a rede de apoio que possuíam, os aspectos emocionais utilizados para lidar com o adoecimento, a experiência com doenças em geral e a sua doença. A comunicação entre a equipe de saúde, a criança e sua família mostrou-se fundamental para o entendimento de sua doença. Para tanto, considera-se essencial a preparação dos profissionais que trabalham com crianças para realizarem um atendimento global, em que a criança seja escutada e considerada, assim como a sua família