Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Sócio-Econômico, Programa de Pós-Graduação em Administração, Florianópolis, 2010Este trabalho teve como objetivo geral realizar uma análise sobre a gestão de Unidades de Conservação federais brasileiras sob a perspectiva da ciência da administração. A metodologia utilizada foi predominantemente qualitativa, de perspectiva longitudinal, abrangendo as últimas três décadas de experiência neste campo, portanto caracterizando-se por ser ex-post facto. A estratégia adotada para a pesquisa foi o estudo de casos e teve como uma das fontes de dados 16 experiências de gestão retratadas por entrevistas com gestores e exgestores. Outras duas fontes de informação foram: análise documental e observação direta, em função da vivência do autor no campo. A fundamentação teórica utilizada teve como eixos principais a teoria da burocracia e a teoria do campo e poder simbólico e possibilitou efetuar um conjunto de análises sobre o objeto sob duas perspectivas, uma na dimensão administrativa e outra na dimensão política e social. Dentre os resultados alcançados constam a construção do objeto gestão de UCs: descrição histórica sobre a gestão de UCs em relação ao desenvolvimento das políticas ambientais e os movimentos e teorias da administração pública no Brasil; análise do objeto como sistema burocrático e como sistema simbólico; a análise integrada na qual foi desenvolvida uma reflexão teórico-empírica sobre a gestão de UCs vista como resultante da co-existência desses dois sistemas incidindo sobre a mesma organização e sistemas sociais associados. Essas análises proporcionaram as principais constatações: a gestão de UCs é um processo sócio-político hiper-complexo, dinâmico e flexível; a burocracia científica é insuficientemente presente no objeto de estudo; no seu lugar há uma forte presença de algumas disfunções da burocracia e este quadro dificulta a gestão adequada de UCs; há um descolamento dos gestores em relação ao sistema formal e o desenvolvimento de alternativas de gestão cooperativa envolvendo interações institucionais e simbólicas com outras entidades e atores sociais; essas práticas são recorrentes e históricas; as estratégias de gestão de UCs podem ser aprimoradas se houver uma aproximação entre a realidade organizacional formal e as estratégias desenvolvidas e realizadas neste campo; esse processo deve incluir o aprimoramento da burocracia, formas de planejamento e gestão flexíveis, capacitação e treinamento dos agentes públicos e outros atores sociais em relação ao uso gerencial do poder simbólico na consolidação e gestão de UCs