Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Farmácia, Florianópolis, 2011Neste estudo foram avaliadas a eventual toxicidade em animais e a estabilidade térmica e microbiológica do extrato nebulizado de erva mate (Ilex paraguariensis) em cápsulas. Para verificar a toxicidade aguda, foram utilizados ratos Wistar machos e fêmeas (n=6), aos quais foram administrados com água (controle) ou extrato seco de erva mate (grupo mate) dissolvido em água (2 g/kg), por gavagem. Os animais foram avaliados por 14 dias com relação à ingestão de água, ração, variação do peso corpóreo e comportamento. Ao final do estudo, os animais foram mortos, e os órgãos foram analisados macroscopicamente. Não houve mortes, ou diferença significativa no peso corpóreo entre os grupos. Não foram encontradas alterações nos órgãos dos animais administrados com mate. No estudo de doses repetidas foram utilizados ratos Wistar machos e fêmeas (n=10) e coelhos New Zealand (n=3). Os animais receberam água (controle) ou extrato seco de erva mate dissolvido em água (2 g/kg), diariamente, durante 12 semanas. Avaliou-se o peso corpóreo, comportamento e foram realizadas análises bioquímicas e hematológicas. Ao final, os animais foram mortos e o fígado, estômago, rins e intestino delgado foram analisados microscopicamente. Não houve mortes, diferenças na evolução do peso corpóreo, nem alterações comportamentais entre os animais que consumiram erva mate. Além disso, as análises bioquímicas e hematológicas revelaram alterações não associadas à toxicidade. Em adição, não foram observadas alterações histopatológicas celulares e/ou teciduais indicadoras de atipias decorrentes de toxicidade nos animais do grupo mate em relação aos controles. A estabilidade química do extrato seco de erva mate verde foi avaliada a partir do estudo de longa duração, na ausência ou na presença do adjuvante dióxido de silício. As cápsulas ficaram armazenadas em recipiente impermeável, sob temperatura de 30 ºC, por período de 12 meses. No estudo de estabilidade acelerado, as cápsulas contendo extrato seco de erva mate verde ou tostada permaneceram sob temperatura de 40 ºC, por seis meses. Para a quantificação dos compostos, o extrato seco foi dissolvido em água e a concentração dos compostos fenólicos totais, dos ácidos clorogênico, gálico e dicafeoilquínico, das metilxantinas cafeína e teobromina, da capacidade antioxidante total (FRAP e TEAC) e das saponinas totais foi monitorada durante o estudo. Segundo a legislação vigente, foram aceitas variações de até 10%. Além disso, a contagem de micro-organismos foi realizada nos extratos secos de erva mate verde e tostada, mantidos sob as diferentes condições de temperatura e períodos de tempo. De acordo com os resultados obtidos, a concentração dos constituintes do extrato seco de erva mate em cápsulas manteve-se constante durante os períodos de tempo avaliados de seis ou 12 meses, independente da presença do adjuvante. Além disso, não foram encontradas variações na contagem de fungos e bactérias, independente da temperatura e tempo de armazenamento. Em conclusão, o extrato seco de erva mate não apresentou toxicidade aguda ou crônica em ratos e coelhos e as cápsulas de extrato de mate mantiveram-se estáveis durante o período avaliado. Com base nesses resultados, indicamos que os estudos de toxicidade em seres humanos poderão ser realizados com o extrato de erva mate