thesis

É possível produzir saúde no trabalho da enfermagem?: um estudo sobre as relações existentes entre a subjetividade do trabalhador e a objetividade do trabalho

Abstract

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem.Trata-se de um estudo de natureza qualitativa realizado com dois objetivos: primeiro compreender, partindo das crenças, dos valores e das percepções verbalizados pelos trabalhadores de enfermagem, que ações desenvolvidas por eles potencializam a sua saúde ou o seu desgaste; e, segundo, identificar as possibilidades (ou impossibilidades) de expressão da subjetividade dos trabalhadores da enfermagem, bem como as ações que se aproximam da produção da saúde ou que são potencializadoras do desgaste, por meio da observação das suas ações no âmbito institucional e organizacional. Foi realizado nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) de adulto de dois hospitais, um público e um filantrópico, situados num município do extremo sul do Brasil. Para a coleta de dados, utilizou-se a observação da objetividade do trabalho e entrevistas semi-estruturadas com 22 profissionais de enfermagem. O estudo foi realizado sob o olhar do Materialismo Histórico e Dialético, considerando os sujeitos trabalhadores em sua dimensão histórico-social, inseridos em um contexto cultural e ideológico, permeado e estruturado por relações sociais e de produção. Os dados obtidos foram analisados com base na análise de conteúdo de Bardin, através da técnica de análise temática e agrupados em três grandes eixos temáticos: as instituições, as unidades e os sujeitos estudados; o cenário imediato do trabalho da enfermagem e suas implicações na produção da saúde e do desgaste dos trabalhadores; e os múltiplos sujeitos e as múltiplas dimensões do sujeito. Estes três grandes eixos articularam os conteúdos entendidos como mais significativos na produção da saúde e do desgaste do trabalhador. O estudo possibilitou apreender que determinadas situações, vivenciadas no trabalho, podem potencializar a produção do desgaste para determinado trabalhador e não ocorrer o mesmo para outro, corroborando a idéia de que a produção da saúde inclui uma dimensão subjetiva e que a vivência de diferentes situações por diferentes sujeitos é permeada pela dialética própria da vida. Entre as situações apresentadas como produzindo desgaste estão: o modelo de gestão com características centralizadoras; a falta de materiais, equipamentos e pessoal; ações educativas insuficientes; a proximidade do trabalho da enfermagem em UTIs com a morte de jovens e crianças; os conflitos no trabalho; e o uso de equipamentos obsoletos. Como potencializadoras da produção da saúde, apareceram como significativas: a satisfação do trabalhador com o trabalho que exerce; a preservação de momentos de relaxamento e confraternização no âmbito do trabalho, e na vida pessoal e da equipe; o reconhecimento da utilidade social do trabalho exercido, materializada na visualização da melhora do sujeito cuidado, bem como na essência do cuidado em saúde que envolve uma relação entre sujeitos; a possibilidade de exercer autonomia no trabalho; e a participação no processo de trabalho. Fica evidenciado que a subjetividade do trabalhador, posta na organização do trabalho, pode intervir na objetividade do mesmo, potencializando a produção da saúde ou o desgaste. It is a study of qualitative nature accomplished with two objectives: first, of understanding, from faiths, values and perceptions verbalized by the nursing workers, which actions developed by them enable health or fatigue; and second, identifying the possibilities (or impossibilities) of expression of the nursing workers' subjectivity, as well as the actions that approach production of health or that enable fatigue, through the observation of their actions in the institutional and organizational environment. The study was carried out in the Units of Intensive Therapy for adults (UTI) of two hospitals, a public and a philanthropic one, located in a city in the southern state of Brazil. For data collection, it was used the observation of the objectivity of the work and semi-structured interviews with 22 nursing professionals. The study was accomplished under the glance of the Historical and Dialetics Materialism and, considering the working subjects in their historical-social dimension, inserted in a cultural and ideological context, permeated and structured by social and production relationships. The data were analyzed based on Badin´s analysis content through the technique of thematic analysis and comprised within three great thematic axes: the institutions, the units and the studied subjects; the immediate scenery of the work of the nursing and its implications in the production of the health and of the workers' fatigue; and the subject multiples and the subject's multiple dimensions. These three great axes articulated the contents understood as more significant in the production of the health and of the worker's fatigue. The study made possible to learn that certain situations, lived at work, can trigger the production of fatigue for certain workers and not to occur the same for others, corroborating the idea that the production of the health includes a subjective dimension and that the existence of different situations for different subjects is permeated by the own dialetics of life. Among the situations presented as producing fatigue are: the administration model with centralizing characteristics; the lack of materials, equipment and personnel; insufficient educational actions; the closeness proximity of the work of the nursing in UTIs with the youths' death and children; the conflicts at the workplace; and the use of obsolete equipment. As boosters of the production of health, appeared as significant: the worker's satisfaction with the work he does; the preservation of moments of relaxation and leisure both in the workplace and the personal life and the staff; the recognition of the social usefulness of the their work materialized in the visualization of hospitalized subject 's recovery, as well as in the essence of the care in health which involves a relationship with subjects; the possibility to exert autonomy in the workplace; and the participation in the working process. It is clear that the worker's subjectivity, inserted in the organization of the work, it can intervene in its objectivity, enabling the production of the health or fatigue

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