Sociedades tradicionais e modernidade: estudo de caso das transformações das relações entre o homem e o meio ambiente, com ênfase no Distrito de Ribeirão Pequeno, Laguna, SC
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental.Trata, o presente trabalho, dos processos de mudanças das relações entre o homem e o meio ambiente nas comunidades pesqueiras tradicionais em função dos mecanismos de desenvolvimento econômico regional, e de suas implicações sócio ambientais, através de um estudo de caso do Distrito de Ribeirão Pequeno, no município de Laguna, localizado no litoral sul do Estado de Santa Catarina. Para o alcance dos objetivos propostos, recorremos a estratégias de descrição dos ecossistemas locais, os quais são caracterizados pelo complexo lagunar, que na perspectiva localizada tem como principais corpos d'água a lagoa de Santo Antônio dos Anjos e a de Ribeirão Pequeno. Procedemos a análise das estruturas e processos que caracterizaram a evolução do Distrito de Ribeirão Pequeno, no tempo, enfatizando as localidades sede de Ribeirão Pequeno, Parobé e Figueira. Como parte da dinâmica sócio econômica e ecológica das comunidades em referência, buscamos a compreensão das interconexões entre o tradicionalismo e a modernidade, a partir da observação das percepções ambientais dos atores envolvidos com a pesca artesanal e a carcinicultura. Os resultados obtidos demonstraram que o Distrito do Ribeirão Pequeno constitui área de ocupação bastante antiga. Sua economia tradicional, pesca e agricultura, sofreu um lento processo transformacional até a década de 80. A partir dessa data, os efeitos do esforço de pesca, pelo aumento populacional e de consumo, somado a poluição oriunda dos despejos do Rio Tubarão que interferiu na cadeia trófica, resultaram externalidades negativas para a qualidade ambiental e de vida das comunidades sede de Ribeirão Pequeno, Parobé e Figueira. Processos transformacionais recentes também estão vinculados a introdução da carcinicultura, atividade que vem provocando novos impactos sócio ambientais. A expansão e a consolidação do cultivo de camarões marinho em cativeiros guarda uma perspectiva desenvolvimentista, não obstante a falácia do desenvolvimento sustentável. As percepções dos pescadores e carcinicultores elucidam essa inferência, na medida que suas preocupações com espaço comum não incluem mudanças significativas em termos de atitudes para com o meio ambiente. As atuais relações entre atores e meio ambiente revela que os interesses econômicos continuam a frente das preocupações com a qualidade do ambiente físico natural. Programas que ofereçam condições de fixação do jovem nas comunidade de origem( educação e renda) Oportunidades de acesso a informação e aos meios de comunicação. Valorização da cultura tradicional e identidade local. Linhas diferenciadas de microcrédito para jovens empreendedores, com projetos voltados a atividades na própria comunidade. Estímulo a vida comunitária formadora da cidadania. Valorizar o reconhecimento do papel das mulheres nas comunidades. Desenvolver projetos de capacitação em artesanato, indústria caseia e economia doméstica como forma de geração de renda por meio de atividades e conhecimentos tradicionais. Articulação dos diferentes movimentos de mulheres que expressem interesses comuns e busquem qualidade de vida, reconhecimento da cidadania e inclusão dos menos favorecidos. Reconhecimento do saber tradicional feminino a respeito da medicina caseira/alternativa.A pesca praticada de forma predatória aproveita poucas espécies e mata grande número de outros peixes não valorizados no mercado. As redes de aviãozinho ameaça espécies de peixes e crustáceos, provocando sua carência para o consumo das comunidades Logo após a despesca de cada rede o pescador deve devolver ao mar os peixes que não serão aproveitados, pois o grande esforço de pesca com rede de aviãozinho causa mortalidade de muitas espécies de peixes juvenis que possuem valor econômico na fase adulta. Considerando-se que o siri capturado no aviãozinho é a segunda maior fonte de renda para o pescador, cada comunidade em acordo com orgãos competentes deve estabelecer um tamanho mínimo para o seu aproveitamento . Os siris capturados abaixo deste tamanho, bem como as fêmeas com ovos aderidos ao telso (ovos expostos), devem ser devolvidos ao mar para que possam se desenvolver e assim fornecer maior rendimento futuro. Adoção de regras rígidas para a pesca capacidade de suporte. Adoção de regras de manejo comunitário da pesca: medidas de manejo discutidas e adotadas pelas comunidades tem mais chances de serem cumpridas e atendem a demanda local. Campanha de popularização das espécies pouco conhecidas: a pressão sobre as espécies mais valorizadas pode diminuir, divulgar o potencial nutritivo de outras espécies. Intercâmbio de experiências: estímulo para o trabalho em redes de movimentos sociais, ONG e entidades civis para fomentar a capacitação a disseminação e a participação em inovações sociais, ambientais e econômicas no desenvolvimento sustentável. Sistematização de benefícios, formação de programas voltados para o aprimoramento de políticas que aproveitem os avanços realizados pela sociedade civil e governamental, envolvendo instituições de pesquisa e grupos de aproveitamento popular
