Trata-se de um relato de experiência como extensionista ao longo da carreira acadêmica em celebração aos 10 anos da Revista Viver IFRS

Migowski, Sérgio Almeida

Portuguese

Portal de Periódicos do IFRS (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia)

ViverIFRS // 19Ano 10 | n° 10 | Vol. 1 | novembro 2022 //\\ Extensionistas Destaque\\ Extensionista Destaque20 \\ Revista da Pró-Reitoria de Extensão do IFRSExperiênciasExtensionistas:um breve relatoSérgio Almeida Migowski1Ingressei na docência em uma instituição privada, já tardiamente, em 2012. Oriundo de experiên-cias não acadêmicas, em meu início, envolvi-me com a construção de uma empresa júnior. Oriundo de experiências não acadêmicas, em meu início, envolvi-me com a construção de uma empresa júnior cuja missão era criar plano de negócios e dar assessoria a empreendedores reais. Para tanto, participaram desse projeto alunos de cursos diversos como administração, comunicação, design e contabilidade. O ganho de aprendizado era duplo: o aluno não só aplicava os conhecimentos teóri-cos de seus cursos, como também compartilhava seu aprendizado com os demais membros. Outro ganho não menos importante é que aprendiam a trabalhar em equipe.Em 2015, ingressei no IFRS, Campus Osório, que tinha uma peculiaridade: apenas 40% dos alunos eram da cidade e os demais vinham do entorno. Com um auditório invejável, comecei a ministrar cursos voltados às comunidades externa e interna. Os temas eram bem variados: de metodologia da pesquisa científica, com dicas de como elaborar um trabalho de conclusão de curso, o famigerado e temido TCC, passando por como se comportar em entrevistas de emprego, até gestão de pessoas para pequenas empresas – uma característica daquela região.Outro projeto de extensão que deve ser mencionado é o que foi desenvolvido junto ao Hospital Beneficente São Vicente de Paulo, de Osório. Em parceria com outros colegas do campus, ministramos cursos sobre motivação, relacionamentos interpessoais e indicadores de desempenho para os pro-fissionais das áreas assistenciais, administrativas e de apoio. Ensinamos novas formas de elaboração e cocção de alimentos, o que permitiu substancial economia de recursos, elevando a qualidade e a apresentação dos alimentos servidos a pacientes e funcionários. Como havia fornecedores com atraso nos pagamentos, promovemos, junto com as nutricionistas do hospital, um bingo para a arrecadação de fundos que foi um sucesso. Com o dinheiro arrecadado, até novos equipamentos foram adquiridos.O êxito maior deste evento, entretanto, deu-se pelo empenho dos alunos que foram responsáveis por arrecadar os brindes dados no bingo, além de terem auxiliado na venda de cartelas e na pre-paração dos alimentos elaborados e vendidos naquela noite. Outros colegas do campus acabaram envolvendo seus alunos em projetos no hospital. Enquanto alguns alunos liam histórias duas vezes por semana para as crianças internadas, outros promoveram a coleta de brinquedos, livros e jogos para a brinquedoteca do hospital.Essas experiências foram fundamentais para compreender o quão impactante podem ser as atividades de extensão tanto para alunos quanto para a comunidade externa e à própria instituição de ensino. Para os alunos significa consolidar soft skills como empatia, trabalho em equipe e respon-sabilidade social, além de aproximar a teoria da prática; para a comunidade significa compreender que pode ter acesso aos vários recursos de uma instituição federal que existe graças aos impostos 1 Doutor em Administração pela Unisinos. Docente EBTT do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), Campus Vacaria. E-mail: sergio.migowski@canoas.ifrs.edu.brAno 10 | n° 10 | Vol. 1 | novembro 2022 //ViverIFRS // 21pagos por todos. Aliás, esta tem sido a maior dificuldade em fazer a extensão acontecer: as pessoas e instituições acreditarem que não há custos para elas. O hospital, por exemplo, levou três meses até permitir a nossa entrada.Já os ganhos para o IFRS são inúmeros. Amplia o número de pessoas das comunidades que passam a nos conhecer e a desejar que seus filhos ou eles mesmos estudem lá, o que auxilia na divulgação da instituição. Aumenta o contato com as demais organizações, o que colabora não só para a contratação de nossos egressos, como também acabam abrindo suas portas para visitas técnicas, como foi o caso do hospital de Osório. Para seus servidores, participantes da extensão, as ações são uma remuneração indireta, pois proporcionam uma satisfação no servir às diversas camadas da sociedade, razão maior para a existência da palavra servidor. Para quem trabalha com o tema gestão de pessoas já está consolidada a correlação positiva entre a imagem da organização percebida pela sociedade e seu comprometimento e satisfação profissional.De mudança para o Campus Canoas, mais próximo de minha casa, os projetos de extensão con-tinuaram. Além de oferecer os mesmos cursos apresentados em Osório, outros foram incluídos: excelência no atendimento, voltado tanto para empreendedores quanto para quem desejava ou já trabalhava no setor de serviços; empreendedorismo e inovação, este ministrado de forma curta, sozinho, ou alongado, com outros colegas do campus. Até a pandemia, ministrava aulas de diversos temas, também através de projetos de extensão, para os alunos do Projeto Pescar, composto por jovens de 15 a 19 anos com alta vulnerabilidade social. À medida que compreendíamos a dimensão dos impactos positivos que os projetos de extensão tinham na vida das pessoas, participei em outros projetos coordenados pela Profa. Jaqueline Rodrigues, também presente nesta edição da Revista Viver: o IFRS Solidário, atendendo desde pessoas em situação de rua de Porto Alegre até imigrantes venezuelanos, haitianos e senegaleses de Canoas, passando por uma casa de passagem de Sapucaia do Sul e pela arrecadação e doação de alimentos para os nossos alunos mais carentes, duramente atingidos pela pandemia da covid-19. Suas pala-vras de agradecimento durante a distribuição fizeram valer todo o esforço e tempo despendidos. Além disso, estamos juntos no Idealizar, dedicado a levar conhecimentos sobre empreendedorismo, iniciação científica e robótica aos alunos dos anos finais do ensino fundamental das escolas mais carentes de Canoas.A pandemia acabou eliminando nossos projetos de extensão presenciais no campus, mas também serviu de inspiração para uma das ações que mais nos tem envolvido. Trata-se de um projeto que atende a três diferentes demandas:  apoio aos empreendedores, profissionais autônomos e peque-nas cooperativas que sofreram perdas em função da pandemia; a própria demanda de alunos por aproximar teoria e prática; e demanda da instituição para curricularização da extensão.  Em seu primeiro ano, no Campus Canoas, foi intitulado de IFRS Reage para, em 2021, receber o nome de IFRS Contribui, a fim de unificar a divulgação do trabalho oferecido. Trata-se de um projeto multicampi e, por isso, cada campus tem o próprio projeto, ainda que com a mesma identidade visual, conforme a Figura 1 a seguir:22 \\ Revista da Pró-Reitoria de Extensão do IFRS// Extensionistas DestaqueA fim de gerar as primeiras demandas, divulgamos o projeto para toda a comunidade interna do Campus Canoas, o que acabou gerando solicitações de diversas regiões do RS e não só do entorno de nosso campus. Como forma de atendimento, são realizados três encontros virtuais, nos quais não há relação de hierarquia no projeto, possibilitando o mesmo peso para docentes e alunos voluntários nas discussões e votações para a escolha das soluções apresentadas aos demandantes. O primeiro encontro ocorre entre os membros da equipe e o demandante. Após a compreensão dos problemas apontados pelos interessados, são, então, elaboradas soluções em uma segunda reunião, apenas entre os membros da equipe. As áreas de atendimento vão de contabilidade/finanças à gestão de pessoas, passando por marketing, logística, estratégias e tecnologia, o que exige a participação de voluntários com conhecimentos bastante diversos. Ao final, é elaborado um relatório indicando as soluções possíveis que são colocadas em ordem de prioridade, a fim de auxiliar na melhoria do desempenho donegócio, sem que o demandante se veja obrigado a implementar todas as soluções ao mesmo tempo. Uma terceira reunião é feita, quando são apresentadas tais soluções. Não raro, outros encontros são realizados, notadamente, para dirimir dúvidas dos demandantes no uso de planilhas financeiras ou em ferramentas de personalização de redes sociais, por exemplo. Os alunos aprendem e elaboram soluções customizadas para cada demanda, o que significa “colocar a mão na massa” literalmente. Até o sítio eletrônico do projeto foi criado pelos alunos (https://sites.google.com/canoas.ifrs.edu.br/ifrscontribui; https://integra.ifrs.edu.br/servicos/consultoria), assim como várias soluções nas diversas áreas atendidas, tais como as sugestões de logo (Figura 2) para um dos empreendedores:A certeza de que toda a dedi-cação dos diversos servidores e dos alunos envolvidos vale a pena está explícita nos depoimentos de duas alunas participantes e de uma das empreendedoras atendi-das no projeto que será ofertado também no próximo ano.As alunas Kailaine Eduarda da Rosa (K) e Daysa Relevant Leal (D), hoje no último ano do curso técnico de administração integra-do ao ensino médio, relataram os ganhos percebidos em sua formação: Figura 2. Propostas de logos para um empreendedor  (feitas pelos alunos). Fonte: IFRS Contribui (2021). Figura 1. Identidade Visual do IFRS Contribui. Fonte: IFRS Contribui (2021).ViverIFRS // 23Ano 10  | nº 10 | Vol. 1 | novembro 2022 // [...] Através do projeto eu pude compreender as diversas versões do empreendedorismo, desde as estratégias ideais para cada nicho, até os erros comuns entre a maioria dos empreendedores. Assim, me aproximei e coloquei em prática o que até então, era teoria no curso técnico. ” (K)[...] Os próprios GTs normalmente apresentavam diferentes tipos de demandas de diferentes áreas. No GT da Tati Muliterno, por exemplo, além de criarmos uma planilha para controle de caixa (financeiro) e auxiliarmos na identidade visual e redes sociais (marketing), também realizamos uma pesquisa de mercado – que por sua vez auxilia em todas as outras áreas. ”Uma das empreendedoras atendidas pelo projeto, da cidade de Ivoti (RS), Ellen Carolina Caciamani Chiele, proprietária da Fatias com Amor, ajuda a compreender os impactos do projeto:[...] Então tivemos a primeira reunião que foi MARAVILHOSA, ali nos apaixona-mos por todos eles! Já neste encontro, nos deram várias ideias, era aquele olhar que nossa empresa estava precisando naquele momento! Montaram um projeto, com ajustes e ideias, especial pra nós. Ficamos impactadas com o carinho e nos sentimos muito especiais e acolhidas. Todos os pontos que colocamos em prática aqui, tem dado certíssimo!  Agora já estamos participando pela segunda vez do programa e, novamente, sentimos nossa empresa cuidada e analisada por profissionais fantásticos e alunos maravilhosos! Somos imensamente gratas por Deus ter colocado vocês neste momento em nossas vidas!Diante dos relatos apresentados, a extensão pode ser compreendida como uma ponte que insere a escola na comunidade, além de ser um farol para o ensino e para a pesquisa. Ao trazer a realidade para dentro da escola, a extensão possibilita que os alunos apliquem os diversos conhecimentos teóricos, consolidando o seu aprendizado. Para os problemas encontrados nas interações com as comunidades surgem, a todo o momento, ideias para as pesquisas a serem desenvolvidas. É dessa junção que se origina uma qualificação pessoal e profissional superior, transformando os alunos em indivíduos mais empáticos e éticos, com a exata noção do que é ser socialmente responsável. E, enquanto Deus me der forças e companheiros como os professores Jaqueline Rodrigues, Marcelo Pereira, Mariano Nicolao, Priscila Wachs e Priscila Esteves, além da minha esposa Eliana Migowski, também parceira em algumas ações, permanecerei comprometido com projetos de extensão, porque, em equipe, o trabalho se torna menos árduo e as conquistas mais celebradas.

Experiências Extensionistas: um breve relato

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Experiências Extensionistas: um breve relato

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