É no século XVIII que, em Portugal, incorporando alguns modelos avançados da Europa dita mais progressiva, a mulher começa a ganhar alguma visibilidade e consideração nos ideários e projetos de reforma educativa. Até então a mentalidade vigente considerava que a ação feminina deveria, salvo raras exceções (rainhas, regentes), circunscrever-se à esfera privada (e.g. cuidado do lar; maternidade; vida contemplativa. Começa então a mulher a ser considerada como objeto e sujeito de educação, embora diferenciadamente, desde que fosse gizado um “programa” de ensino adequado àquilo que seriam as funções expectáveis para o seu gênero, ou seja, com vista a capacitar e qualificar o seu mais adequado desempenho na missão societal. No entanto, não deixa de ser significativa esta emergente atenção dada ao feminino, também, como ser considerado alvo de formação e defesa da sua utilidade para o aperfeiçoamento da sociedade no seu todo. É esta abertura iluminista à mulher no horizonte educativo, embora em espaço próprio, circunscrito e separado, que prenuncia uma evolução de progressiva entrada da mulher nos espaços educativos, que a contemporaneidade muito mais tarde virá a consagrar como direito humano atendível em paridade com o universo masculino. Neste artigo, vamos identificar e eleger um conjunto de intelectuais representativos do pensamento iluminista português, que concedem um lugar novo à educação feminina, apresentando e analisando a sua fundamentação antropo-socio-pedagógica no quadro da história dos projetos de reforma da educação, no contexto amplo da sociedade metropolitana portuguesa e das sociedades do império ultramarino, com especial destaque para o caso do Brasil