Função ventricular direita e acoplamento ventrículo direito-artéria pulmonar avaliados por ecodopplercardiografia e sua associação com estado funcional e com qualidade de vida em uma coorte de pacientes portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica

Abstract

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas, Florianópolis, 2023..Introdução: A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma doença com elevada morbidade e a terceira causa de mortalidade no mundo, com manifestações pulmonares e extrapulmonares. Objetivo: Com o intuito de verificar se parâmetros de função do ventrículo direito (VD) poderiam contribuir para uma melhor caracterização de subgrupos homogêneos de pacientes com DPOC, foi avaliada a associação entre a função sistólica do VD estimada por seis índices ecocardiográficos com parâmetros espirométricos, clínicos, funcionais, e questionários de qualidade de vida em uma coorte de pacientes com DPOC. Além disso, foi avaliada a estimativa não invasiva do acoplamento VD-artéria pulmonar (AP) nesta coorte, assunto pouco estudado nestes pacientes, até onde pudemos verificar. Método: foi um estudo observacional transversal no qual foram realizados ecocardiograma, espirometria, teste de caminhada de 6 minutos (TC6Min), teste senta-levanta de um minuto (TSL1Min), aplicação do CCQ (Clinical COPD Questionnaire) e do SGRQ (Saint George Respiratory Questionnaire) em 58 pacientes com DPOC em um hospital terciário no sul do Brasil. Foram mensurados seis índices de função sistólica do VD (TAPSE-Excursão Sistólica do Plano do Anel Tricúspide, FAC- Variação fracional da área do ventrículo direito, S?VD-Velocidade Sistólica Máxima do Anel Tricúspide, Percentual de Encurtamento de VSVD, ìndice de TEI e Strain de VD), o acoplamento VD-AP através do TAPSE/PSAP e avaliada sua associação com as variáveis espirométricas, com a distância percorrida no TC6Min, com o número de repetições no TSL1Min e com os escores totais e em domínios do CCQ e do SGRQ. Os dados foram planilhados em Microsoft EXCEL e análise estística realizada pelo software R, empregando os testes de qui-quadrado de Pearson e t de Student para a comparação entre grupos e análise de variância de uma via com test de post-hoc de Bonferroni. Executada regressão linear simples para investigar a influência das variáveis espirométricas nas ecodopplercardiográficas e destas nas de performance física e nos questionários de qualidade de vida. Resultados: obtidos valores do TAPSE, S?VD e acoplamento VD-AP significativamente reduzidos de acordo com a progressão da obstrução do fluxo aéreo (classificação espirométrica GOLD). VEF1% do previsto encontrou-se significativamente mais baixo associado à ocorrência de dois ou mais índices anormais da função do VD versus uma ou nenhuma anormalidade (36,4 vs 49,7; p=0,018). O valor médio do acoplamento VD-AP foi de 0,82 mm/mmHg. Pontuações mais altas no CCQ (comprometimento clínico, Total CCQ1,56 vs 2,61, p=0,05) foram associadas a pior acoplamento VD-AP. Conclusão: O comprometimento da função sistólica do VD esteve presente em uma proporção significativa de pacientes com DPOC, apesar da ausência de suspeita clínica. Os índices de função sistólica TAPSE e onda S? do Doppler tecidual do VD se associaram à gravidade espirométrica. Não houve associação entre parâmetros de função do VD e dados de performance física na amostra. Valores mais baixos de acoplamento VD-AP estimado de forma não invasiva foram associados a maior gravidade do ponto de vista espirométrico e pior estado clínico e pode ser uma ferramenta promissora para avaliar a deterioração de função do VD em um subconjunto de pacientes com DPOC moderada a grave.Abstract: Introduction: COPD (Chronic Obstructive Pulmonary Disease) is the third leading cause of death in the world, with pulmonary and extrapulmonary manifestations, characterized by high morbidity. Objective: In order to verify whether right ventricular (RV) function parameters could contribute to a better characterization of homogeneous subgroups of patients with COPD, we evaluated the association of RV systolic function estimated by six echocardiographic indices with spirometry, clinical and functional parameters and quality of life questionnaires in a cohort of patients with COPD. In addition, the non-invasive estimation of the RV-pulmonary artery (PA) coupling was evaluated in this cohort, a subject poorly studied in these patients, as far as we could verify. Methods: it was a cross-sectional observational study in which we performed echocardiography, spirometry, 6-minute walk test (6MWT), one-minute sit-to-stand test (1MSTS), application of the CCQ (Clinical COPD Questionnaire) and the SGRQ (Saint George Respiratory Questionnaire) in 58 patients with COPD in a tertiary hospital in southern Brazil. Six RV systolic function indices were measured (TAPSE-tricuspid annular plane systolic excursion, FAC-fractional area change, S'RV-tricuspid plane systolic velocity, RVOT Shortening, TEI index and RV Strain), the TAPSE/PSAP, and its association with the distance in the 6MWT, with the number of repetitions in the 1MSTS, with the spirometry variables, and with the domains and total scores of the CCQ and SGRQ. Data were plotted in Microsoft EXCEL and statistical analysis was performed using the R software. Pearson's chi-square and Student's t tests were used for comparison between groups and one-way analysis of variance with Bonferroni's post-hoc test was used. Simple linear regression was performed to investigate the influence of spirometry variables on Doppler echocardiography indices and from these on physical performance and quality of life questionnaires. Results: TAPSE, RV tissue S wave velocity and RV-AP coupling were significantly impaired according to airflow obstruction progression (GOLD spirometry classification). There was significantly lower predicted FEV1 associated with the occurrence of two or more abnormal indices of RV function versus one or none abnormality (36,4 vs 49,7; p=0,018). No association was found between RV dysfunction and physical tests. The mean value for RV-PA coupling was 0,82 mm/mmHg. Higher scores at CCQ (clinical impairment, Total CCQ1,56 vs 2,61, p=0,05) were associated with worse RV-PA coupling. Conclusion: Impaired RV systolic function was present in a significant proportion of patients with COPD, despite the absence of clinical suspicion. TAPSE and RV tissue Doppler S' wave impairment was associated with spirometric severity. There was no association between RV function parameters and physical performance data in the sample. Lower values of non-invasively estimated RV-PA coupling were associated with spirometric severity and worse clinical status and may be a promising tool for estimating RV deterioration in a subset of patients with moderate to severe COPD

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