Se não há Deus, tudo é permitido? Entre Dostoiévski e Immanuel Kant

Abstract

O presente artigo pretende explorar a máxima contida em Os irmãos Karamázov (se não há Deus, tudo é permitido?) à luz do pensamento de Immanuel Kant. Para tanto, se vale do pensamento de Dostoiévski apenas na medida em que ele serve como auxílio na apresentação da ideia de Deus e de sua relação com a posição do ateu. Tendo em vista a filosofia kantiana, buscamos não apenas a apresentação dessa ideia, mas também sua relação com o ato moral e com a própria condição desse ato. Isso, portanto, resultará em Kant, uma resposta duplamente negativa à pergunta que reflete a posição ateísta de Ivan Karamazov. Pois Kant ao distinguir o ato moral por dever e conforme o dever, defende que recorrer a algo externo à razão (Deus) constituiria uma vontade meramente heterônoma. Portanto, o ato moral por excelência ocorre quando a ação é realizada de um modo unicamente guiado pela razão, com base num interesse puro, e isso conduz, por sua vez, à reprovação por parte de Kant da referida máxima presente na obra de Dostoiévski

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