Matemática para o trabalho no IFES: o caso do curso Técnico em Estradas no período de 1960 a 1990 / Mathematics for work at Ifes: the case of the Technical course on Roads from 1960 to 1990

Abstract

Considerando o amplo campo de estudo que se ocupa do papel da Matemática para o mundo do trabalho, volvemos o nosso olhar para os laços históricos entre a Educação Profissional e a Educação Matemática no âmbito da rede federal de ensino técnico do Brasil, especificamente no curso Técnico em Estradas do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). Esse olhar, lançado em nossa pesquisa de mestrado sob o corte temporal das décadas de 1960 a 1990, é a base para a elaboração do presente artigo. O objetivo principal da pesquisa foi discutir a construção social do currículo de Matemática do curso Técnico em Estradas desde a sua criação até as transformações que foram se consolidando nas duas décadas seguintes. O termo construção social é usado sob a perspectiva de Ivor F. Goodson. Buscou-se um enfoque reintegrado para o currículo, considerando a dimensão pré-ativa (teórica) e ativa (prática). Para alcançar o objetivo da investigação, realizamos uma análise histórica documental de currículos de Matemática do curso, livros didáticos adotados, atas de reuniões, jornais e outros vestígios do passado. Consideramos as memórias de professores de Matemática que atuaram no curso, bem como de ex-alunos. Assim, foi constituída uma história sobre a Matemática para o trabalho no curso Técnico em Estradas do Ifes, sob o aporte teórico de Le Goff. Nesse percurso historiográfico, foi possível constatar que vários sujeitos participaram de modo destacado da construção social do currículo de Matemática. A instituição sofreu mudanças em suas finalidades educativas, passando de um modelo que priorizava a educação e a formação do caráter pelo trabalho, em um paradigma taylorista-fordista, para outro no qual eram demandados o domínio da ciência, da tecnologia e a autonomia intelectual para resolução de problemas. Docentes de Matemática do Ifes protagonizaram, junto a colegas da rede federal de ensino técnico, um movimento que procurou um ensino dessa disciplina em consonância com a formação profissional. Ressalta-se o papel do livro didático como elaborador concreto do currículo vivido, apresentando os conteúdos em certa sequência e abordagem, mas sem adentrar nas características especificadas pela então divulgada Matemática moderna. E os estudantes ocuparam um espaço privilegiado, no qual podiam cursar as disciplinas técnicas e as de cultura geral, estabelecendo relações entre as mesmas. Assim, a pesquisa proporcionou uma compreensão sobre como se configurou o currículo e a Matemática para o trabalho no curso Técnico em Estradas. Esses subsídios historiográficos podem contribuir na reflexão de alterações que venham a ser propostas para se chegar à prática educacional almejada no curso

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