Influência das doenças renais crônicas no desenvolvimento ou agravo da doença de Alzheimer: estudo de revisão integrativa

Abstract

O número de pacientes com doença renal crônica tem crescido exponencialmente, levando a um aumento na necessidade de diálise devido à insuficiência renal. A principal causa de morbidade associada a essa condição é o comprometimento cognitivo progressivo, conhecido como demência. Na população em geral, a demência mais comum é o Alzheimer. A diminuição da taxa de filtração glomerular tem sido associada à neurodegeneração e à doença de Alzheimer, devido aos efeitos neurotóxicos de toxinas urêmicas. Biomarcadores presentes na doença renal crônica se correlacionam com a atrofia hipocampal e com o aumento sérico de proteína beta amilóide. A concentração dessa proteína aumenta de maneira inversamente proporcional à função renal. Assim, o estresse oxidativo, prevalente em pacientes com doença renal crônica, demonstra ter um papel crucial na patogênese dos distúrbios neurodegenerativos. Avaliar a influência das doenças renais crônicas no desenvolvimento ou agravamento da doença de Alzheimer. Estudo de revisão sistemática. Três bases de dados de acesso online foram selecionadas para a pesquisa: Cochrane, Pubmed/Medline e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Com um vocabulário controlado na estratégia de busca em cada uma das bases de dados bibliográficas os seguintes termos foram utilizados: “Renal Insufficiency, Chronic” “Alzheimer Disease”, “Senile Dementia” bem como seus sinônimos e combinações. Existe influência de doenças renais no desenvolvimento ou agravamento da doença de Alzheimer? foi a pergunta de pesquisa norteadora do estudo. Os resultados incluíram estudos publicados no período de 2012 a abril 2022. O processo de seleção dos estudos foi realizado por dois revisores independentes e as discordâncias foram resolvidas por consenso entre os dois revisores, ou por um terceiro revisor, quando necessário. Um total de 177 estudos foram identificados na busca eletrônica. Estudos duplicados (n=47) e inelegíveis (n= 106) foram excluídos. No total, 24 estudos foram incluídos e analisados nesta revisão. A influência das doenças renais no desenvolvimento ou agravamento da doença de Alzheimer foi observada em mais da metade dos estudos incluídos (n=18; 75,0%). Deste total (n=18), 14 (77,8%) evidenciaram que as doenças renais estão envolvidas no desenvolvimento e 4 (22,2%) no agravamento. Por outro lado, 6 (25,0%) dos 24 estudos incluídos, concluíram que esta influência não foi significativa. Os biomarcadores identificados nos estudos foram a proteína beta amiloide (n=12), a proteína TAU (n=2), taxa de filtração glomerular como marcador (n=4) e 8 estudos não mencionaram biomarcadores. De um modo geral, as doenças renais crônicas podem favorecer o desenvolvimento ou agravamento da doença de Alzheimer. A diminuição da função dos rins em decorrência de uma doença renal crônica leva a diminuição das taxas de filtração glomerular e acúmulo sérico da proteína beta amilóide. O acúmulo dessa proteína no cérebro favorece ao comprometimento da estrutura e função cerebral com consequente degeneração e surgimento da doença de Alzheimer. Idade e grau de comprometimento renal dos pacientes foram preditores possivelmente associados ao desfecho da doença de Alzheimer

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