Utilização da criocirurgia no tratamento de habronemose cutânea em equino

Abstract

A habronemose é uma afecção parasitária ocasionada por estes nematoides, com apresentação das formas: conjuntival, cutânea e gástrica. O Habronema sp normalmente parasita a porção glandular do estômago de eqüídeos, muares e asininos. A Mosca domestica e a Stomoxys calcitrans são consideradas hospedeiros intermediários deste parasita, que ao depositarem suas larvas sobre uma ferida cutânea, as larvas invadem os tecidos, porém, não completam seu desenvolvimento. A infecção por larvas desse nematoide na pele produz ampla formação de tecido de granulação, causando então habronemose cutânea. A patogenia não está totalmente clara, supõe-se que as larvas mortas ou que estão morrendo, desencadeiem uma reação de hipersensibilidade. Deve-se instituir o tratamento cirúrgico em casos de lesões com difícil cicatrização e que apresentem intenso tecido de granulação. O objetivo do tratamento é reduzir a dimensão das lesões com a remoção do tecido de granulação e evitar a reinfestação, associado ao manejo do ambiente, em manter as instalações limpas, redução de vetores, aplicação de telas e evitar novas escoriações cutâneas. Uma das mais freqüentes ocorrências na clínica de eqüídeos são os ferimentos de pele, principalmente localizados nas extremidades distais dos membros locomotores, onde a cicatrização é dificultada pela falta de tecido de revestimento, baixo suprimento sanguíneo, regiões de movimento articular, com maior predisposição para contaminação e conseqüente infecção. O objetivo desse trabalho é relatar o uso da criocirurgia como forma de tratamento de habronemose cutânea eqüina. A criocirurgia possui como principal vantagem ser menos invasiva do que outros procedimentos e na maioria dos casos, não requer anestesia geral. O trabalho refere-se a um relato de caso envolvendo uma égua da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, sem raça definida, pelagem castanha, 19 anos de idade, atendida Policlínica Veterinária de Grandes Animais da Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, RJ, com queixa principal de tecido de granulação exuberante localizada na parte distal do membro pélvico direito com 15 cm de diâmetro. O Médico Veterinário suspeitou em tratar-se de um caso de habronemose cutânea e foi realizado tratamento clínico com limpeza da ferida, tratamento de suporte e exames pré-operatórios para posterior exérese do granuloma. Após a excisão cirúrgica parcial da lesão granulomatosa, o animal foi mantido em internação para realização de curativos diários. O tratamento clínico consistiu na aplicação de sulfato de cobre diretamente na lesão, que não obteve resposta satisfatória, ainda com demora na cicatrização e permanência do tecido de granulação. Sendo assim, foram realizadas duas sessões de criocirurgia, com intervalo de 15 dias entre cada sessão para destruição por congelamento do tecido. Para o congelamento da lesão foi usada uma pistola especializada para aspersão de nitrogênio líquido por meio de jatos sobre o tecido de granulação exuberante. Nas sessões foram realizados três ciclos de congelamento rápido pela aplicação do nitrogênio sobre toda a extensão da lesão, seguido de descongelamento lento de forma natural. Houve regressão intensa do tecido de granulação presente na ferida que favoreceu a cicatrização e fechamento da ferida. A criocirurgia é uma opção de tratamento em equinos que apresentam a predisposição da formação de tecido de granulação exuberante que interfere na cicatrização de feridas, e especial nos casos de habronemose onde esse tecido é estimulado a proliferar, sendo assim, dificultando o fechamento de feridas principalmente em extremidades em equinos. O procedimento de criocirurgia foi realizado com aplicação de anestesia local, com recuperação da paciente com alta e retorno às atividades

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