O dilema da fome no Brasil: diálogo(s) entre Paulo Freire e Josué de Castro/The hunger dilemma in Brazil: dialogue (s) between Paulo Freire and Josué de Castro

Abstract

Em pleno século XXI a questão da fome ainda é um dos problemas sociais mais desafiadores para a sociedade brasileira. Diante da relevância deste dilema na contemporaneidade, se faz pertinente o questionamento: Como os pensamentos de Paulo Freire e Josué de Castro podem contribuir para pensar as questões inerentes ao problema da fome, considerando as análises sociológicas, filosóficas e educacionais que os referidos autores traçam acerca da realidade brasileira? E, ainda, qual é o papel da educação frente a este contexto de desigualdades sociais? Nesta reflexão pretende-se discutir o problema da fome no Brasil à luz das contribuições sociais e educacionais de Paulo Freire e Josué de Castro, bem como debater o papel da educação frente a este problema político-social. O tema da fome está sendo desenvolvido numa pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo, exploratório e descritivo, a partir do estudo de obras relevantes dos educadores referidos assim como outros autores, que, a partir de diferentes olhares, contribuem para a discussão da temática, considerando as nuances sociais e peculiaridades históricas deste problema no país. Josué de Castro dedicou seus estudos ao longo de décadas na perspectiva de compreender as particularidades deste problema em cada região do país, tratando-o enquanto questão política, contrariando a crença de que a fome é algo natural e inevitável. Ao encontro destas ideias, Paulo Freire oferece contribuições relevantes a partir da experiência pessoal com a fome. O autor esclarece a relação histórica de dominação entre opressores e oprimidos, o que ocasiona a marginalização das classes populares, que são excluídas de um dos direitos mais elementares para a sobrevivência e bem-estar, a alimentação. A educação libertadora freireana se apresenta como uma possibilidade de intervenção nesse círculo vicioso alimentado pela alienação e ignorância dos oprimidos. A partir do debate sobre problemas reais e da reflexão sobre os interesses que estão por detrás destes é que se constrói uma sociedade crítica, reflexiva e questionadora. O conhecimento e a indignação são ferramentas fundamentais para engendrar movimentos de luta em favor de um mundo mais justo e igualitário

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