Orientador: Profº. Drº. Paulo Vinicius Baptista da SilvaTese (doutorado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação. Defesa : Curitiba, 22/09/2023Inclui referênciasÁrea de concentração: Diversidade, Diferença e Desigualdade Social em EducaçãoResumo: Este trabalho tem como objetivo analisar os efeitos das políticas afirmativas (lei de cotas) nos recortes de raça e gênero nos cursos de engenharia em duas universidades federais do paraná. A metodologia utilizada foi uma análise cognitiva e também a produção de dados quantitativos relativos às cotas raciais, de acesso de estudantes negros e negras, homens e mulheres nas engenharias, além de uma pesquisa comparativa. Optou-se por utilizar o termo "política afirmativa" em referência a política pública de estado e "ações afirmativas" em referência a iniciativas da sociedade civil, organizada ou não, ambos voltadas a justiça social envolvendo grupos raciais discriminados. Este trabalho se propõe a pensar na importância das pesquisas de gênero e raça para a contraposição da hegemonia política pelas mulheres negras, considerando o acesso nas diversas áreas de conhecimento, por isso foi utilizado na análise um referencial teórico de mulheres negras feministas pesquisadoras de referência. Para analisar os processos de implementação destas políticas, foram selecionadas as duas universidades federais do paraná, (UTFPR e UFPR). Foi utilizada a abordagem cognitiva de política pública, proposta por Pierre Muller e Yves Surel, com ao categorias "relações de poder" e "implementação das políticas afirmativas". Os autores problematizam o fato de, por incontáveis vezes, uma política pública não ser explicitada pelos tomadores de decisão governamentais, argumentando que muitas vezes, outros atores intervêm na sua determinação. Conclui-se que as duas universidades possuem processos distintos de implementação das políticas afirmativas, devido as suas histórias: a UFPR inicia como universidade voltada ao ensino, pesquisa e extensão e a UTFPR inicia como um lócus de ensino profissionalizante para meninos. Quando as meninas são incluídas nos cursos na UTFPR possuem papéis definidos de gênero, com cursos voltados a bordado ou economia doméstica, vistos como atividades femininas. Em relação aos dados quantitativos, nas engenharias, os homens ainda são maioria, mas na UFPR a equidade de gênero é maior, ou seja, o número de mulheres embora menor, é mais próximo ao número de homens. Há maior ingresso de mulheres negras cotistas na UFPR, mas ainda é um número muito menor que o de mulheres brancas, que é maior que de homens negros nas duas universidades. Na UTFPR, os homens negros já se aproximam mais do número de mulheres brancas, mostrando que os homens estão em número muito mais elevado nas engenharias na UTFPR que na UFPR. De forma geral, as duas universidades têm muito a avançar em ações que motivem o ingresso de mais mulheres nas engenharias, principalmente mulheres negras.Abstract: This paper aims to analyze the effects of affirmative action policies (quota law) on race and gender in engineering courses at two federal universities in Paraná. The methodology used was a cognitive analysis and also the production of quantitative data related to racial quotas, access of black students, men and women in engineering, in addition to an comparative research. We chose to use the term "affirmative policy" in reference to state public policy and "affirmative actions" in reference to civil society initiatives, organized or not, both aimed at social justice involving discriminated racial groups. This work proposes to think about the importance of gender and race research for the counter position of political hegemony by black women, considering access to the various areas of knowledge, so a theoretical framework of black feminist women researchers of reference was used in the analysis. To analyze the processes of implementation of these policies, the two federal universities of Paraná (UTFPR and UFPR) were selected. The cognitive approach to public policy, proposed by Pierre Muller and Yves Surel, was used, with the categories "power relations" and "implementation of affirmative policies". The authors problematize the fact that, countless times, a public policy is not made explicit by government decision-makers, arguing that other actors often intervene in its determination. It is concluded that the two universities have different processes of implementation of affirmative policies, due to their histories: UFPR begins as a university focused on teaching, research and extension and UTFPR begins as a locus of vocational education for boys. When girls are included in courses at UTFPR, they have defined gender roles, with courses focused on embroidery or home economics seen as feminine activities. Regarding quantitative data, in engineering, men are still the majority, but at UFPR gender equality is greater, that is, the number of women, although smaller, is closer to the number of men. There is a greater number of black women in the UFPR, but it is still a much smaller number than the number of white women, which is greater than the number of black men in the two universities. At UTFPR, black men are already closer to the number of white women, showing that men are in much higher numbers in engineering at UTFPR than at UFPR. In general, the two universities have a long way to go in actions that motivate the entry of more women into engineering, especially black wome
