Este ensaio questiona como um romancista da grandeza de Eça de Queiroz, de nacionalidade portuguesa, pode ser tão admirado e cultuado pelos brasileiros. E, o que reria levado o público leitor a se reconhecer de modo tão forre na obra queirosiana? A identificação, de faro, deu-se a níveis profundos pois tocava em feridas comuns, defeitos partilhados e heranças indivisas. Assim, a relação de intimidade e cumplicidade transcendeu a literatura se inscrevendo na própria vida. Baseado na crítica literária, o ensaísta conclui que a força de Eça reside no encantamento da sua escrita. Eça persuadiu os seus leitores portugueses e brasileiros que somos realmente figuras de seus romances. Dessa forma, o leitor brasileiro recebeu Eça com afeto, intimidade e estabeleceu com a sua obra uma identificação absoluta. A história da recepção de Eça de Queiroz no Brasil é extraordinária. Basta mencionar Monteiro Lobato que assim se exprimia: "Chegamos quase à conclusão que ele privara conosco". Essa intimidade vivida a que Clóvis Ramalhete chamava "um sentimento impossível por Eça de Queiroz". Contudo, Eça tinha uma relação com um Brasil imaginário, identificado com amigos da elice brasileira da época. Foi, portanto, condicionado por amigos notáveis, cultos, lúcidos e apaixonadamente europeizados. Este foi o Brasil que ele conheceu e amou. O público leitor brasileiro tinha entusiasmo pela sua obra e um sentimento impossível de saudade