Abstract

Mesmo com o reconhecimento da importância da interdisciplinaridade na conservação da biodiversidade, ainda há resistência em incorporar a pesquisa em ciências sociais (PCS) ao pensamento e à prática conservacionista. As razões para tal resistência podem ser resumidas em três afirmações gerais ainda comumente atribuídas à PCS: 'tem pouca utilidade' e 'menos rigor metodológico' quando comparada à pesquisa em ciências naturais e, sobretudo, é pouco confiável porque 'as pessoas mentem'. Neste ensaio, desenvolvido a partir da experiência dos participantes de uma comunidade de prática, formada por profissionais de diversas áreas e setores relacionados à conservação, e das discussões geradas nesse espaço de aprendizado coletivo, abordamos as limitações e os equívocos por trás das afirmações acima. A PCS não é menos útil na conservação e nem tem menos rigor metodológico do que a pesquisa em ciências naturais, e quando as pessoas mentem para o pesquisador o problema não está na pesquisa em si, mas na relação entre sujeito e pesquisador. Argumentamos que à medida que os conservacionistas se familiarizam com a PCS e que os princípios de equidade e justiça são incorporados aos valores e objetivos da conservação, a importância e necessidade da PCS na conservação tornam-se óbvias, e a falta de confiança entre pesquisador e sujeitos deixa de ser uma preocupação significativa. Capacitar, integrar e apoiar são nossas recomendações básicas para pesquisadores, educadores, gestores e tomadores de decisão nas áreas de conservação, ensino, publicação e financiamento, para que a PCS cumpra plenamente seu papel na conservação.Despite the acknowledged importance of interdisciplinarity in biodiversity conservation, there is still resistance to incorporate social science research (SSR) to both conservationist thinking and practice. The reasons for such a resistance can be summarized in three general statements still commonly attributed to SSR, namely: it is of 'little use' and it has 'less methodological rigor' than research in the natural sciences and, above all, it is unreliable because 'people lie'. The current essay was developed based on the experience of participants of a community of practice (formed by professionals from different fields and sectors  associated with conservation), as well as on discussions held in this space of collective learning. It addresses the limitations and misconceptions behind the aforementioned statements. SSR is not less useful in conservation and not less methodologically rigorous than research conducted in the natural sciences. When researchers are lied to, the problem does not lie on the research itself, but on the subject-researcher relationship. We herein argue that as conservationists become more familiar with SSR, and as principles like equity and justice are incorporated to conservation values and goals, both the importance and need of SSR in conservation become obvious, making the lack of trust between researcher and subjects no longer a significant concern. Increasing capacity, integrating and supporting are our basic recommendations for researchers, educators, managers and decision-makers in the conservation, teaching, publishing and funding fields, so that SSR can fully fulfill its role in conservation

    Similar works