Cayaponia hirsuta Cogn. is one of Cucurbitaceae's species popularly knownas "taiuiá". From the chloroformic extract of roots was isolated the major compound, dentified as cucurbitacin B. The presence of cucurbitacins i, D and R was characterized chromatographicaly

Farias, Mareni Rocha

Schenkel, Eloir Paulo

Portuguese

Lume 5.8

Rev. Bras. Farm. 68: 57-63, 1987 UFRGS-FAC.DEFARMACiA Biblioteca 2 9 ABR 1988 CUCURBITACINAS DE CAYAPONIA HIRSUTA COGN., CUCU RBITACEAE (Cucurbitacins in Cayaponia hirsuta Cogn., Cucurbitaceae) Mareni Rocha Farias· e Eloir Paulo Schenker Summary Cayaponia hirsuta Cogn. is one of Cucurbitaceae's species popularly known 3S "t~iuiá". From the chloroformic extract of roots was isolated the majorcompound, dent1f1ed as cucurbJtacJn B. The presence of cucurbitacins i, D and R was characterized .chromatographicaly. Key words: cucurbltacina; Cayaponia hirsuta Cogn.; Cucurbi-taceae; talul6. Introdução O uso da raíz de taiuiá remonta a medicina indígena brasileira. No sé-culo passado e início deste foi empregada na medicina acadêmica. Popu-larmente a denominação [aiuiá é empregada para designar certas espécies da família Cucurbitaceae que apresentam raízes de amargor característico. Atualmente a droga é comercializada por laboratórios farmacêuticos do Brasil como sendo proveniente da espécie Cayaponia tayuya (Mart) Cogn., des-crita na FARMACOPÉIA BRASILEIRA I (1926). Entretanto, constatou-se que industrialmente são empregadas raízes diferentes na elaboração dos fitote-rápicos. Na família Cucurbitaceae é freqüente a ocorrência de princípios amar-gos da classe cucurbitacinas,triterpenos tetracíclicos de pronunciada ativi-dade biológica. Espécies dos gêneros Cayaponia e Wilbrandia foram es-tudadas no que diz respeito à presença desses constituintes (FARIAS, 1986). No presente trabalho é descrita a análise de cucurbitacinas em Cayaponia hirsuta Cogn. • Curso de Pós-Graduação em Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Porto Alegre - RS - Brasil. , .. REVISTA -------BRASILEIRA DE FARMÁCIA _____ o_u_t_u_b_ro_-_o_e_z_e_m_b_r_o_d_e_1_9_8_7 58 Material e Métodos Material Vegetal: raízes de Cayaponia hirsuta Cogn. (600 g) coletadas no município de Guaíba (RS), durante o período de frutificação em maio de 1985. O material vegetativo está depositado em herbário (ICN 63594) Equipamentos: espectrômetro ultra-violeta Perkin Elmer 124; espectrofo-tômetro infra-vermelho Perkin Elmer 599-B; Preparação e fracionamento do extrato: segundo esquema 1. Ncuaçio OOil etanol t6° U • 7 dlool ••trato Ulludo eoneentreçio ••treçio eo• aol v•nt•• de polutd•d• are•c•nt• Esquema 1 Preparação e fracionamento da amostra. I REVISTA ------------BRASILEIRA DE FARMÁCIA-----Outubro - Dezembro de 1987 59 Figura 1: Espectro no infra-vermelho da substância H1- A . . J .... -.~~. I . ~....... ., ----:!':::----------· ::-:t--· -----· -- -·· :c,. '"· ~F-:_~~ - ----· -::.:--:----~-~:::::-..~·---~-: :::--. ~~-:~: . tL~~--.-~_-::0·':?-~~~:~7:~T9:0;i_~~ -··-:--·-· --- ____ ..;__:_~---. -------~,_:_ __ ·= ~-~ ..:;~~~~:·.- ~ (:ll _:jC.::;_ _:,:_~~~-_~:-~;;~~ ~~~~;-= _" ::-~:é __ ~r T ,~, ~:::~ _ .. - ::=--;·: - ·-·--.. Ftr;'"" 2 Espuctro dr: RMP 90 MH1 dil StthWinua Ht A em CDCI3 60 REVISTA Outubro - Dezembro de 1987 ______ BRASILEIRA DE FARMÁCIA------------Pesquisa de Cucurbitacinas: o extrato diclorometano foi concentrado à se-cura, originando um resíduo ( 1 ,5g) de cor esverdeada. Cerca de 300 mg fo-ram fracionadas através de cromatografia preparativa, usando-se gel de sí-lica PF254 nm como adsorvente (placas ativadas a 120° C/20 min) e éter iso-propílico: acetona (5:2) como eluente. Foram separadas e analisadas as 3 frações principais: Hi-2, Hi-4 e Hi-5. Fração Hi-2 (60 mg): uma única substância, codificada como H i-A e identi-ficada como cucurbitacina B: P.F. 166-179°C (acetona); U.V. À EtOH = 284 nm (E 1% = 10 5) 226 (E 1% 240) mãx. 1cm ' ' nm 1cm = ' ÀEtOH+NaOH 12h = 310 nm, 228 nm (sh); I. V. (ver figura 1); RMP mãx. (ver figura 2). Fração Hi-4 (1 ,2 mg): duas substâncias principais codificadas como Hi-B e H i-C identificadas em mistura através de CCD com amostras autênticas, como cucurbitacinas I e D respectivamente. Fração Hi-5 (1 ,3 mg}: fração impura com o predomínio de uma substância, codificada como Hi-D e identificada através de CCD com amostras autênti-cas, como cucurbitacina R. Sistemas Cromatográficos: placas de gel de sílica GF254 nm' ativadas a 120°C/20 min. e os seguintes eluentes. 1) clorofórmio: etano! (95:5); 2) éter isopropílico: acetona (5:2); 3) benzeno: metil-etilcetona (2;1 ). Reagentes de detecção: 1) cloreto férico 5% em etano!; 2) vanilina (5% em etano!)/ ácido fosfórico, 8:1 (aquecimento 100°C/10 min.); 3) azul de tetra-zólio (0,5% em etanoi)/hidróxido de sódio 6M, 1:1. Resultados Na análise cromatográfica a substância H i-A mostrou reação negativa com cloreto férrico e positiva com azul de tetrazólio, o que indica tratar-se de estrutura com sistema a- cetol no anel A. O desenvolvimento de colo-ração violeta com V anilina/ácido fosfórico é indicativo de cadeia lateral in-saturada (REHM, 1975a; GMELIN, 1963; 1964; POHLMANN, 1957). Os es-pectros no ultra-violeta e infra-vermelho (figura 1) são coerentes com essas Outubro - Dezembro de 1987 REVISTA 61 -------------BRASILEIRA DE FARMACIA ------. indicações. Adicionalmente o espectro no infra-vermelho mostra bandas em Vmáx. = 1720 e 1255 cm-1, características de grupamento acetila (GMELIN, 1963; 1964; BITTNER, 1973; ARISAWA; 1984). O espectro de ressonância magnética protônica* (figura 2) confirma os dados anteriores. A existência de um singleto S = 1,55 ppm, atribuível aos prótons metílicos em C26 e C27, indica que o grupamento acetila locali-za-se em C25,pois cucurbitacinas com cadeia lateral insaturada e hidroxila livre em C25 apresentam as absorções correspondentes aos prótons em C26 e C27 em ô = 1,34 e 1,36 ppm (VELDE, 1983; SASAMORI, 1983). A comparação desses dados com os da literatura são concordantes com a estrutura da cucurbitacina B (figura 3) (GMELIN, 1963; KOSS, 1966; YA-MADA, 1978b; ARISAWA, 1984). A substância Hi-B apresentou na análise cromatográfica reação posi-tiva com cloreto férrico e negativa com azul de tetrazólio indicando tratar-se de cucurbitacina com sistema diosfenol no anel A; com vanilina/ácido fos-fórico houve desenvolvimento de coloração violeta, indicando estrutura de cadeia lateral insaturada (REHM, 1957a; GMELIN, 1963; 1964; POHLMANN, 1975). A comparação cromatográfica e co-cromatográfica mostrou compor-tamento frente aos reativos de detecção e valores de Rf idênticos à cucur-bitacina I (figura 3) . .... ---,-:~~~ 't·"'-1--ll -.J __J .._I '••• ·:~/ eucurblteaiaa 1 ··~~H:rP~ -~ .... cucurbi hei na D Figura~· Estruturil das cucurbitacinas B (1), 1111), D 1111) e R (IV). • Agradecemos ao Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos, na pessoa do Prof. João Batista Fernandes, pela obtenção do espectro. 62 REVISTA Outubro- Dezembro de 1987 ------BRASILEIRA DE FARMÁCIA-------------A substância H i-C mostrou na análise cromatográfica reação negativa com cloreto férrico e positiva com azul de tetrazólio, indicando sistema a-ceto! no anel A. O desenvolvimento de coloração violeta com vanilina/áci-do fosfórico sugeriu insaturação na cadeia lateral (REHM, 1957a; GMELIN, 1963; POHLMANN, 1975). A comparação e co-cromatografia mostrou idên-ticos valores de RF e comportamento cromatográfico à cucurbitacina D (fi-gura 3). A substância Hi-D não foi detectada sob luz U.V.254 nm nem com clo-reto férrico, mostrando reação positiva com azul tetrazólio e coloração amarela com vanilina/ácido fosfórico. Esse comportamento sugeriu estrutura com sistema a- cetol no anel A e cadeia lateral saturada. A comparação croma-tográfica e co-cromatografia mostrou idênticos valores de Rf e comporta-mento à cucurbitacina R (figura 3). Discussão _ O extrato diclorometano da amostra de Cayaponia hirsuta Cogn. mos-trou a predominância de estruturas de cadeia lateral insaturada, tendo sido verificada a presença das cucurbitacinas B, I e D. A cucurbitacina R foi a única estrutura de cadeia lateral saturada presente no extrato. As cucurbitacinas de cadeia lateral insaturada são descritas na litera-tura como de elevada toxicidade. Para cucurbitacina B foi relatada uma DL50 = 1 mg/kg (i.p.) (DAVID, 1955); para cucurbitacina I, uma DL50 = 5 mg/kg (v.o.) (LE MEN, 1969) e para cucurbitacinaD, a DL50 = 1,75 mg/kg (i.p.) (EDERY, 1961), todos em camundongos. Embora não tenham sido realizados ensaios farmacológicos ou toxi-cológicos, as cucurbitacinas caracterizadas nesse extrato sugerem uma ele-vada toxicidade para o mesmo. Esse fato alerta para possíveis riscos decor-rentes da utilização dessa espécie para fins terapêuticos. Bibliografia RESUMO: ARISAWA, M.; PEZZUTO, J.M.; K/NGHORN,D.D.; CORDELL, GA & FARNSWORTH. N.R. Plant anticancer agents XXX: cucurbitacins from fpomosis aggregata (Polemoniaceae). J. Pharm. Sei., 73 (3): 411-1, 1984. BITTNER, M.: POYSER, KA; POYSER, J.P.; SILVA, M.; WELDT, E. & SAMMES, P.G. Cu-curbitacins and aromatic compounds from Crinodendron hookerianum. Phytochem., 12: 1427-31' 1973. Outubro- Dezembro de 1987 REVISTA 63 -------------BRASILEIRA DE FARMÁCIA------DAVID, A. & VALLANCE, D.K. Bitter principies of Cucurbitaceae J. Pharm. Pharmacol.., 7: 295-5, 1955. EDERY, H.; SCHATZBER, P.G. & GITTER, S. Pharmacodinamic activity of elateracin (cucur-bitacin Dl. Arch. lnt. Pharmacodyn., 130:315-35, 1961. FARIAS, M.R. Análise de cucurbitacinas em espécies de Cucurbitaceae conhecidas po-pularmente como taiuiá. Porto Alegre, Curso de Pós-Graduação em Fármácia, 1986. 299f. Diss. mestr. Farmácia. FARMACOPEIABrasileira. São Paulo, Ed. Nacional, 1926. p. 885. GMELIN, R. Die Verbreitung von Cucurbitacinen und Cucurbitacin glycosiden in der Gattung lberis (Cruciferael. Arzneim. Forsch. 13:771-6, 1963. GMELIN, R. Di e Bitterstoffe der Wurzeln der roten Zaunrübe, Bryonia dioicaJacq. Arzneim. - Forsch., 14: 1021-5, 1964. LE MEN, J.; BUFFARD. G.; PRDVOST, J. TIBERGHIEN, R.; FORGACS, P.; LAGRANGE, E.; ALBERT, 0.; AUROUSSEAU, M. Relations entre la structure de quelqus cucurbitaci-nes, leur toxicité et leur activité laxative. Chi, Thér., 6:459-65, 1969. POHLMANN, J. Diecucurbitacine inBryonia albaundBryonia dioica.Phytochemistry, 14: 1587-9, 1975. REHM, S.; ENSLIN, P.R.; MEEUSE, D.J. & WESSELS, J.H. Bitter principies of the cucurbi-taceae VIl. The distribution of bitter principies in the plants family. J. Sei. Food Agric., 8: 679-86, dec. 1975a. SASAMORI, H.; REDDY, K.S.; KIRKUP, MP.; SHABANOWITZ, J.; LYNN, D.G.; HECHT. S.M.; WOODE, K.A.; BRYAN, R.F.; CAMPBELL, J.; LYNN, W.S; EGERT, E. & SHEL-DRICK, G.M. New cytotoxic principies fromDatisca glomerata.J. Chem. Soe. Per-kin Trans 1: 1333-47, 1983. VELDE, V.V. & LA V I E, D. 13 C- NMR spectroscopy of cucurbitacins.Tetrahedron, 39(2): 317-21,1983. YAMADA, Y.; HAGIWARA, K. IGUCHI, K.; SUZUKI, S. & HSU. H.Y.Isolation and structu-res of arvenins from Anagallis arvensis L. (Primulaceae). New cucurbitacin glucosides. Chem. Pharm. Buli., 26 (10): 3107-12, 1978b. 

Cucurbitacins in Cayaponia hirsuta Cogn., Cucurbitaceae

https://lume.ufrgs.br/bitstream/10183/268058/1/000013319.pdf

Cucurbitacins in Cayaponia hirsuta Cogn., Cucurbitaceae

Abstract

Similar works

Full text

Available Versions

Lume 5.8