...Nos anos 1980, a democratização da gestão escolar e a participação dos usuários ocuparam relevante espaço no debate educacional..

Almeida, Elmir de

Ancassuerd, Marli Pinto

Araújo, Elaine Sampaio

Côrrea, Bianca Cristina

Garcia, Teise de Oliveira Guaranha

Nakano, Marilena

Piotto, Débora Cristina

Portuguese

Universidade Estadual Paulista São Paulo (UNESP), Campus de Rio Claro: Portal de Periódicos

Apresentação  Nos anos 1980, a democratização da gestão escolar e a participação dos usuários ocuparam relevante espaço no debate educacional, assim como na produção de pesquisas na área. Explica-se tal preocupação pelo processo de redemocratização vivenciado no país e pelas expectativas depositadas no papel a ser assumido pela escola pública na construção de uma sociedade democrática.  Nos anos 1990, a ascensão de projetos de natureza conservadora em diferentes esferas das políticas públicas  trouxe para o campo educacional, sobretudo no que diz respeito à escola pública, novas configurações para os temas participação e democratização. Apropriando-se de parte do discurso progressista dos movimentos sociais, tais políticas e discursos concorreram para a descaracterização da temática. Experimentamos, por conseqüência, certo desgaste, no âmbito das práticas sociais, de expressões como gestão democrática e participação da comunidade. Enfrentando essas dificuldades, os artigos aqui apresentados agregam-se a partir do tema Organização Escolar na Educação Básica e Participação. As reflexões dos autores derivam de pesquisas realizadas nos últimos anos em diferentes níveis e modalidades da Educação Básica, com vistas a examinar as possibilidades de democratização da escola pública.  São textos ocupados em investigar a participação na escola pública e nas políticas que visam ao atendimento de demandas específicas, como por exemplo, a Educação de Jovens e Adultos. O primeiro artigo, intitulado Gestão Democrática e participação familiar no âmbito da Educação Infantil, de Bianca Cristina Correa, lança luz sobre um tema pouco pesquisado: as relações entre família e escola na educação infantil, tendo em vista a gestão democrática e a qualidade do processo educativo no âmbito da pré-escola. A autora detecta que para além da existência de meios institucionalizados que possam promover uma  EDUCAÇÃO: Teoria e Prática – V.14, nº 26, jan.-jun.-2006, p.11-13.  12 gestão mais democrática, tais como o Conselho de Escola, a efetiva participação da comunidade escolar requer outros investimentos, dentre os principais, destaca-se o investimento em uma formação coletiva que aborde a complexidade das relações entre escola e família E, desse modo, seja capaz de contribuir em reflexões mais amplas por parte dos profissionais da escola.  No segundo texto, O Aumento de Camadas Médias em uma Escola Pública: melhoria ou exclusão, Débora Cristina Piotto, a partir de pesquisa realizada em uma escola pública de ensino fundamental, examina a complexa relação entre famílias de classe média e escola pública, refletindo sobre os mecanismos de apropriação do espaço público por parte de usuários que, inicialmente, têm uma visão estereotipada da escola pública. A autora desvela relações tensas e de aprendizado sobre participação, vivenciadas por profissionais e usuários. As dificuldades são inúmeras, sobretudo no que diz respeito ao convívio entre egressos de escolas particulares e alunos provenientes das camadas populares. A participação no órgão colegiado explicita um dos grandes desafios para a escola pública: a convivência com a diversidade e a defesa de um projeto pedagógico não excludente. O artigo, A organização do trabalho na escola e a participação dos educandos, de Teise de Oliveira Guaranha Garcia,  discute a importância da participação dos estudantes na organização do projeto pedagógico da escola. Refletindo a partir de dados coletados em uma escola da rede estadual paulista que atende alunos nas séries finais do ensino fundamental e ensino médio, a autora estabelece relações entre democratização da gestão escolar e o atendimento de demandas dos usuários como aspecto positivo na organização curricular, uma vez que a participação possibilita a profissionais e estudantes a construção de um projeto empenhado em superar estruturas centralizadoras e hierárquicas que em nada facilitam na socialização dos conhecimentos.  EDUCAÇÃO: Teoria e Prática – V.14, nº 26, jan.-jun.-2006, p.11-13.  13 O trabalho coletivo e a organização do projeto pedagógico são objetos de reflexão do artigo de autoria de Elaine Sampaio Araujo. Sob o título O Projeto Pedagógico como (Des)Encadeador do Trabalho Coletivo na Escola, o texto, a partir da perspectiva histórico-cultural,  procura demonstrar que projetos pedagógicos compreendidos como atividade  dão legitimidade à participação, contribuindo para que o trabalho pedagógico instaure-se sob uma nova ordem teórico-metodológica que privilegia a ação coletiva e o fortalecimento de sujeitos históricos. O último artigo, Governos Locais e Políticas Públicas de Educação e Escolarização de Jovens e Adultos, elaborado por Elmir de Almeida, Marilena Nakano e Marli Ancassuerd analisa a implementação de políticas municipais de educação e escolarização de jovens e adultos, no período entre 1987-2003. Os autores identificam a existência de duas gerações de políticas com ancoragens diferenciadas: o Estado provedor e a participação social. Neste percurso são discutidas as conseqüências de tais políticas para a organização escolar e para a ampliação da participação na esfera pública.    

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