Os novos espaços de trabalho, como os coworking, fablabs, makerspaces, hubs criativos, têm ganho uma interesse crescente nas estratégias locais de desenvolvimento, enquanto espaços de promoção do empreendedorismo e inovação local [1]. Em particular, os espaços de coworking sobressaíram pela expansão exponencial verificada nos últimos anos. Segundo a revista Deskmag [2], dos 600
coworkings identificados em 2010 passou-se para 18 700 em 2018, o que corresponde 1,65 milhões
de utilizadores em todo o mundo.
Os espaços de coworking floresceram enquanto comunidades de trabalho colaborativo e de partilha, especialmente vocacionados para trabalhadores independentes e nas áreas das indústrias culturais e criativas e tecnologias digitais [3]. No entanto, tem-se assistido a uma diversificação de modelos e utilizadores. Existem cada vez mais corporações mobiliárias que reproduzem este modelo, e estes espaços atraem cada vez mais trabalhadores remotos de empresas, start-ups e outras empresas de várias dimensões.
Embora, a grande maioria destes espaços se localizem em áreas centrais de grandes cidades, tem havido também uma propagação gradual para zonas periféricas, cidades e vilas menos densamente povoadas em toda a UE [4]. O mesmo tem vindo a acontecer em Portugal, em grande parte devido ao crescimento do trabalho remoto e a atração de nómadas digitais. Diversas iniciativas e medidas têm sido adotadas pelo governos locais e central nesse sentido.
Ademais, a atual pandemia teve profundos efeitos na forma como vivemos e trabalhamos. Além do aumento do trabalho remoto, muitos académicos e decisores políticos têm vindo a repensar o planeamento urbano, defendendo a importância das relações entre tempo e espaço na conceção das cidades. As abordagens baseadas no conceito de crono-urbanismo, como o modelo de cidade dos 15 minutos, proposto por Carlos Moreno para a cidade de Paris [5], procura ter em conta a proximidade e o acesso a uma variedade de serviços e oportunidades de lazer e trabalho, promovendo a qualidade de vida e as relações sociais. Nesse sentido, os coworkings podem ser uma resposta para a diminuição das deslocações diárias e dependência do carro, e melhoria do equilíbrio entre a vida familiar, lazer e trabalho.
Este estudo começa por identificar e analisar fatores de localização coworkings em Portugal, para depois se centrar na cidade de Lisboa. Para além de mapear e analisar a localização deste espaços, são investigadas questões relacionadas com a promoção do novo modelo urbano sustentável de uma cidade de 15 minutos, considerando a proximidade (em termos de minutos diários de caminhada e ciclismo) e a acessibilidade a uma variedade de funções urbanas, incluindo locais de trabalho não tradicionais, como os coworkings. Assim, procura-se contribuir para o atual debate sobre os novos espaços de trabalho, e em particular futuras estratégias sustentáveis para o planeamento urbano.info:eu-repo/semantics/publishedVersio