Ocorrência, levantamento populacional e resposta a atividades antrópicas, do guará Eudocimus ruber (Linnaeus, 1758) : subsídios para conservação da espécie na baía de Guaratuba, litoral do Paraná

Abstract

Orientadora: Prof.ª Dr. ª Juliana QuadrosDissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor Litoral, Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Territorial Sustentável. Defesa : Matinhos, 30/06/2023Inclui referênciasResumo: O Projeto Guará, realiza o monitoramento da espécie guará (Eudocimus ruber, Linnaeus, 1758), na baía de Guaratuba-Paraná em território da Área de Proteção Ambiental Estadual de Guaratuba desde 2008. Pesquisar a ecologia do guará é fundamental para melhor entender as necessidades e desafios que a espécie enfrenta e, assim propor medidas mais eficazes para sua conservação. Objetiva-se apresentar o levantamento populacional dos guarás avistados mensalmente na baía de Guaratuba, entre janeiro/2019 e dezembro/2021, totalizando 114 dias de campo e 410 horas de esforço amostral. Foram 507 incursões aos pontos que foram georreferenciados, tendo 252 interações com os bandos de guarás proporcionando a contagem de aves adultas e juvenis. Identificaram-se nove sítios amostrais de forrageamento e alimentação, um de repouso e manutenção da plumagem e dois dormitórios onde se reúnem ao final da tarde, local em que ocorreu o maior bando (3.390 adultos e 521 juvenis). Considerados os 60 registros realizados nos dois dormitórios foram registrados (média ± desvio padrão) 1618 ± 967 indivíduos, sendo 1229,65 ± 972,75 adultos e 388,42 ± 133,54 jovens. O dormitório da Ilha do Capim foi utilizado com menor frequência ao longo do ano (apenas um terço dos registros ocorreram nesse dormitório) e foram utilizados para pernoite por um número menor de indivíduos de uma única vez resultando em uma média de indivíduos menor do que no dormitório da Ilha do Perigo. Quando o levantamento populacional nos dormitórios é analisado por estação do ano, observou-se que há mais guarás na baía de Guaratuba na estação menos chuvosa (entre abril e setembro) com destaque para o mês de julho e agosto. E essa diferença se expressa devido ao maior número de adultos, visto que o número de jovens presentes na baía varia menos entre as estações e é menor na estação menos chuvosa. Em 172 avistamentos 111 embarcações estavam praticando a pesca e 61 embarcações estavam em atividade de turismo. Ao ser observado embarcações nos sítios amostrais foram analisadas as interações com os bandos de guarás e classificadas em positiva, negativa e neutra. Não foram registradas interações positivas durante a pesquisa, quando as aves se beneficiam da interação com a embarcação. A média de distância para as interações negativas com embarcações durante atividade de pesca foi de 67,4 m e a média de distância para interações neutras foi de 127,77, m. Para a pesca foram classificadas e analisadas atividades com rede de emalhe-tainha, aparelho com anzol, pesca do robalo/basboat, rede de emalhe, arte caída-tarrafa e pesca com caiaque. Para o turismo a média de distância para interações negativas foi de 59,58 m e a distância para interações neutras foi de 134,38 m. Para o turismo foram analisadas as embarcações realizando a prática de birdwatching - turismo de observação de aves, passeando na baía com embarcações de pequeno porte e embarcações de médio porte. Os guarás foram observados compartilhando os diferentes sítios de alimentação, repouso e dormitório com outras espécies 27 espécies de aves predominando a interações com a garça-branca-grande Ardea alba, a garça branca pequena Egretta caerulea, a garça azul Egretta thula e o colhereiro Platalea ajaja. As áreas prioritárias para a conservação da espécie incluem os dois dormitórios (ilha do Prigo e Ilha do Capim) e dois sítios de forrageamento/alimentação quais sejam a Coroa do Cedro e a Ilhota do Quilombo. Os resultados do presente estudo contribuem para a potencialização da experiência do turismo de observação de aves na baía de Guaratuba, tendo os bandos de guarás como principal atrativo. Mas também se preocupa com a conservação da espécie e a sustentabilidade da atividade.Abstract: The Guará Project monitors the scarlet ibis species (Eudocimus ruber, Linnaeus, 1758) in the Guaratuba Bay, Paraná, within the territory of the Guaratuba State Environmental Protection Area since 2008. Researching the ecology of the scarlet ibis is essential for a better understanding of the species' needs and challenges and to propose more effective measures for its conservation. The objective of this work is to present the population survey of scarlet ibis sightings on a monthly basis in Guaratuba Bay, between January 2019 and December 2021, totaling 114 field days and 410 hours of sampling effort. There were 507 visits to georeferenced points, with 252 interactions with scarlet ibis flocks, allowing for the counting of adult and juvenile birds. Nine foraging and feeding sites, one resting and plumage maintenance site, and two roosting sites were identified. The largest flock, comprised of 3,390 adults and 521 juveniles, was observed at the roosting site where the most interactions occurred. Considering the 60 records made at the two roosting sites, there were a total of 1,618 ± 967 (mean ± standard deviation) individuals, with 1,229.65 ± 972.75 adults and 388.42 ± 133.54 juveniles. The Grass Island (Ilha do Capim) roosting site was used less frequently throughout the year (only onethird of the records occurred there) and had fewer individuals per roosting event, resulting in a lower average number of individuals compared to the Danger Island (Ilha do Perigo) roosting site. When analyzing the population survey at the roosting sites by season, it was observed that there are more scarlet ibises in the Guaratuba Bay during the less rainy season (between April and September) with July and August standing out. This difference is primarily due to a higher number of adults, as the number of juveniles present in the bay varies less between seasons and is lower during the less rainy season. Out of 172 sightings, 111 involved boats engaged in fishing activities, while in the remaining 61 sightings, boats were involved in tourism. When boats were observed at the sampling sites, interactions with the scarlet ibis flocks were analyzed and classified as positive, negative, or neutral. However, no instances of positive interactions, in which birds benefit from the interaction with the boat, were recorded during the study. The average distance for negative interactions with fishing boats was recorded at 67.4 meters, while the average distance for neutral interactions was 127.77 meters. Fishing activities were classified and analyzed, including the use of gillnets, hook and line, bass fishing, gillnet, dropnet and kayak fishing. In contrast, for tourism, negative interactions occurred at an average distance of 59.58 meters, whereas neutral interactions took place at an average distance of 134.38 meters. Tourism activities analyzed included birdwatching, small boat tours and medium-sized boat tours in the bay. The scarlet ibises were observed coexisting with 27 other bird species, sharing various feeding, resting, and roosting sites. Among these interactions, the great egret (Ardea alba), little blue heron (Egretta caerulea), snowy egret (Egretta thula), and roseate spoonbill (Platalea ajaja) were the most prominent species involved. Priority areas for the conservation of the species include the two roosting sites (Danger and Grass Islands) and two foraging/feeding sites, namely, Cedar Crown (Coroa do Cedro) and Maroon Comunity Islet (Ilhota do Quilombo). The findings of this study not only enhance the birdwatching tourism experience in the Guaratuba Bay, with scarlet ibis flocks serving as the primary attraction, but also address the crucial aspects of species conservation and sustainability of the activity

    Similar works