A avaliação externa das escolas: entre a conformidade e a inovação

Abstract

Numa sociedade marcada por valores neoliberais e inscrita na globalização e na ideologia da inovação, promover uma cultura de avaliação proporcionará condições para que as escolas se afirmem como sistemas orgânicos capazes de criar e recriar estratégicas sistémicas de transformação e responsividade à mudança social. Um sistema de accountability afirma-se como uma ferramenta de suporte de culturas de escola focadas na melhoria contínua e na promoção da qualidade da educação. Neste contexto, este artigo apresenta um estudo empírico realizado em Portugal reportado à ação da avaliação externa desenvolvida entre 2018 e 2021. Sustentado numa análise documental de 60 relatórios de avaliação externa, o estudo combinou métodos qualitativos e quantitativos para compreender se existe um efeito entre as forças e áreas de melhoria e a avaliação atribuída pela Inspeção. Os resultados sugerem que uma robusta visão estratégica e a ação de lideranças mobilizadoras são preditores transversais dos vários domínios de avaliação das escolas, ainda que registem articulações débeis. Foram ainda identificados preditores indexados a domínios específicos de avaliação: resultados académicos; autoavaliação focada no ensino-aprendizagem; aprofundamento de práticas de autoavaliação e metodologias ativas de ensino-aprendizagem em relação ao domínio dos resultados; metodologias ativas de ensino-aprendizagem e resultados académicos em relação ao domínio da prestação de serviço público; compromisso com a inclusão em relação ao domínio da liderança e gestão. Não obstante, estas correlações apresentam, por vezes, níveis de consistência problemáticos. Não foram encontradas relações entre a avaliação de escola e os fatores implicando a inovação. Assim, esta surge como uma dimensão marginal da realidade escolar e de impacto irrelevante na avaliação das escola

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