Os nematódeos são vermes com o formato cilíndrico, que podem viver na natureza, ou parasitando plantas e animais, sendo alguns deles zoonoses. Esses helmintos são os parasitas mais importantes para as serpentes. Dentre eles, os parasitas da família Ascarididae (Ordem Ascaridida) parasitam todos os répteis, especialmente serpentes. Os vermes adultos são encontrados no trato gastrointestinal e produzem ovos de casca grossa, que são eliminados juntamente com as fezes do hospedeiro. A presença de parasitas no estômago pode causar gastrite e úlceras que podem ser perfuradas, já nos intestinos: intussuscepção, obstrução intestinal, ainda podendo causar uma enterite necrótica e como consequência celomite e morte em répteis. Alguns autores suspeitam que os gêneros que parasitam serpentes possam ser zoonose, sendo um dos possíveis responsáveis pela Neurorretinite Subaguda Unilateral Difusa (DUSN) no Brasil, síndrome ocular inflamatória provocada por larvas de nematódeos. Desta forma, o objetivo deste trabalho é relatar e fazer a descrição de Ophidascaris sp parasitando uma Bothrops jararaca, conhecida popularmente como Jararaca, de vida livre, que foi encontrada morta em uma estrada rural, no interior da cidade de Gentil, no Rio Grande do Sul. O réptil apresentava algumas áreas de traumatismo ao longo da extensão do seu corpo, com suspeita de trauma automobilístico. A necropsia do animal foi realizada imediatamente e as lesões encontradas foram fratura do crânio e vértebras adjacentes, ao realizar abertura do estômago e do intestino, foram encontrados cinco parasitas, alongados, cilíndricos, esbranquiçados a branco-rosados in vivo, de tamanho variável, os demais órgãos não foi visto nenhuma lesão macroscópica. Os endoparasitas foram coletados e acondicionados em álcool 70%, e encaminhados ao laboratório de Parasitologia do Instituto Federal Catarinense para posterior identificação. De acordo com as características anatômicas, como por exemplo, a boca trilobada com lábios quase quadrados com cantos arredondados, os endoparasitas encontrados foram avaliados em lupa estereoscópio, e medidos, sendo de comprimento variável, o menor de 2,1 cm e o maior exemplar de 5,6 cm, sendo posteriormente fixados em solução de formol comercial 10% para coleção de endoparasitas do Laboratório, a ser utilizada em aulas práticas pelos alunos das disciplinas de Parasitologia e Doenças parasitárias dos animais. Conclui-se que esta espécie identificada nunca foi relatada e está presente na região Norte do Rio Grande do Sul, e por se tratar de uma zoonose, necessita de maiores estudos
