O monitoramento das complicações de pacientes cirúrgicos no período pós-alta é um
desafio, principalmente pela dificuldade de seguimento no ambiente domiciliar. Neste
sentido, este estudo possibilitou construir e validar diretrizes para monitorar pacientes
cirúrgicos no período pós-alta hospitalar durante o período de aparecimento de
complicações. Para isso, foi desenvolvida uma pesquisa multimétodo em quatro etapas
consecutivas e encadeadas: 1 - Prospecção, revisão e análise dos aplicativos voltados ao
paciente cirúrgico; 2 - Revisão integrativa sobre as complicações pós-alta; 3 -
Desenvolvimento de diretrizes de monitoramento; e 4 - Avaliação da viabilidade da diretriz
proposta por meio do seguimento de egressos de artroplastia de joelho e quadril. Na
primeira etapa, nas bases de dados, 14 estudos que apresentavam algum aplicativo (apps)
para smartphone voltados ao paciente cirúrgico foram selecionados, sendo predominante
estudos procedentes dos Estados Unidos da América (28.6%). Das bases de patentes, 10
registros foram recuperados, sendo 60% dos apps na base de patente americana (USPTO),
hospedados em sistemas híbridos (iPhone e Android) e desenvolvidos de 2014 a 2018
(80%). Havia uma série de apps voltados aos pacientes cirúrgicos, como alvos e/ou
usuários, no entanto, pautados, sobretudo, na troca de mensagens de texto e imagens e
concentrados no auxílio ao médico/equipe de saúde na preparação do paciente, durante o
procedimento ou no período pós-cirúrgico hospitalar, não havendo aplicativos para
assistência pós-alta em domicílio. Na segunda etapa, 10 estudos primários incluídos
mostraram que as complicações infecciosas foram as mais comuns, com destaque para
pneumonia e infecção urinária e do sítio cirúrgico. Nos estudos, a presença de
complicações esteve ligada à necessidade de reoperações ou pior sobrevida e aumento da
mortalidade. A frequência de monitoramento e o tempo de seguimento foram incomuns nos
estudos. Com base nisto, na etapa 3, criou-se uma diretriz em que foram elencadas 16
complicações elegíveis para serem utilizadas no monitoramento de pacientes cirúrgicos no
período pós-alta hospitalar. De acordo com o consenso dos especialistas, é necessário o
monitoramento do paciente, ao menos, uma vez por dia (68,8%). Por outro lado, o tempo
máximo de monitoramento apresentou maior variação, de 48 horas até 30 dias, no caso da
presença de sinais e sintomas de infecção. Ao testar a aplicabilidade do instrumento com
99 pacientes, 32,3% desenvolveram, ao menos, uma complicação, sendo que 10,1%
desenvolveram mais de uma complicação num seguimento de 30 dias. Dor (31; 31,3%) e
Infecção (12; 12,1%) foram as complicações mais prevalentes. Identificou-se associação
estatística entre os desfechos clínicos dos pacientes submetidos à cirurgia de joelho e
quadril e a presença de complicações no período pós-operatório (p<0,001). Desta forma,
acredita-se que a monitorização do egresso cirúrgico no domicilio é imprescindível para a
vigilância epidemiológica da ocorrência de complicações e direcionamento da politicas
públicas de prevenção e controle.Monitoring the complications of surgical patients in the post-discharge period is a challenge,
mainly due to the difficulty of follow-up at home. This study made it possible to build and
validate guidelines for monitoring surgical patients in the post-discharge period during the
period of complications. For this, a multi-method research was developed in four
consecutive and linked stages: 1 - Prospecting, reviewing and analyzing applications aimed
at surgical patients; 2 - Integrative review on the main post-discharge complications; 3 -
Development of monitoring guidelines; and 4 - Evaluation of the feasibility of the proposed
guideline through home follow-up of patients undergoing knee and hip arthroplasty surgery.
In the first stage, in the databases, 14 studies that presented an application (apps) for
smartphones aimed at the surgical patient were selected, with predominant studies coming
from the United States of America (28.6%). From the patent bases, 10 records were
recovered, 60% of the apps on the United States patent base (USPTO), hosted on hybrid
systems (iPhone and Android) and developed from 2014 to 2018 (80%). There were a
number of apps aimed at surgical patients, as targets and / or users, however, based mainly
on the exchange of text messages and images and focused on assisting the doctor / health
team in preparing the patient during the procedure, or in the hospital post-surgical period,
with no applications for post-discharge assistance at home. In the second stage, 10 primary
studies included showed that infectious complications were the most common, with
emphasis on pneumonia and urinary and surgical site infection. In the studies, the presence
of complications was linked to the need for reoperations or worse survival and increased
mortality. Monitoring frequency and follow-up time were uncommon in the studies. Based
on this, in step 3, a guideline was created in which 16 eligible complications were listed for
use in monitoring surgical patients in the post-hospital discharge period. According to the
experts' consensus, it is necessary to monitor the patient at least once a day (68.8%). On
the other hand, the maximum monitoring time showed a greater variation, from 48 hours to
30 days, in the case of the presence of signs and symptoms of infection. When testing the
applicability of the instrument with 99 patients, 32.3% developed at least one complication,
with 10.1% developing more than one complication in a 30-day follow-up. Pain (31; 31.3%)
and Infection (12; 12.1%) were the most prevalent complications. A statistical association
was identified between the clinical outcome of patients undergoing knee and hip surgery
and the presence of complications in the postoperative period (p <0.001). Thus, it is believed
that the monitoring of surgical egress at home is essential for the epidemiological
surveillance of the occurrence of complications and the direction of public policies for
prevention and control