Peixoto, José Pinto

Portuguese

Repositório Comum

J. P. PEIXOTO ■ J. V. GONÇALVES • A. A. MARQUES DE ALMEIDA ■ J. T. OLIVEIRA ■ J. P. OSÓRIO ■ R. CARVALHO - L. ALBUQUERQUE ■ R. RODRIGUES J. V. GOMES FERREIRA ■ F. I). SANTOS ■ A. J. ANDRADE DE GOUVEIA - A. M. AMORIM DA COSTA • B. J. HEROLD - JOÃO L. L. C. OLIVEIRA CABRAL ■ J. A. LEITÃO • N. GRANDE • J. C. DA COSTA ■ A. RODRIGUES • A. TORRES PEREIRA - B. FERNANDES ■ J. M. GIÃO T. RICO ' MILLER GUERRA - M. POR- TUGAL V. FERREIRA - J. M. COTELO NEIVA ■ A. RIBEIRO ■ M. TELLES ANTUNES F. C. GUERRA - A. CORREIA ALVES • F. CA8TELO-BRANCO • A. FERNANDES A. R. PINTO DA SILVA • C. M. L. BAETA NEVES - A. X. CUNHA - A. C. QUINTELA SUZANNE DAVEAU - ORLANDO RIBEIRO - J. E. MENDES FERRÃO • ILÍDIO AMARAL • O. TEOTÓNIO DE ALMEIDA - F. GUERRA - ALLEN G. DEBUS WILLIAM R. SUE A • A. IRIA • F. R. DIAS AGUDO ■ M. JACINTO NUNES HISTORIA E DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA EM PORTUGAL I VOLUME fACi, 03 Wy u? * A C & A' A PUBLICAÇÕES DO II CENTENARIO DA ACADEMIA DAS CIÊNCIAS DE LISBOA LISBOA • 1986 DISCURSO PROFERIDO PELO PRESIDENTE DA ACADEMIA, PROF. DOUTOR JOSÉ PINTO PEIXOTO, NA SESSÃO DE ABERTURA DO COLÓQUIO Eminentes Confrades Distintos convidados Minhas Senhoras e Meus Senhores Ê, simultaneamente, com um grande prazer e com alguma comoção que presidimos à sessão de abertura dos trabalhos do I Colóquio sobre a História e Desenvolvimento da Ciência em Portugal, O prazer advém da honra da vossa presença e da colaboração que vêm dar à Academia figuras tão eminentes da nossa Comunidade Científica. A comoção deriva de não podermos contar junto de nós, como era sua intenção, o Presi- dente do Instituto de Altos Estudos da Academia, Prof. António da Silveira, falecido apenas há poucas semanas. Por isso, prestamos neste momento a nossa homenagem à sua memória. Na realização deste Colóquio pôs sempre o Prof. António da Silveira uma grande esperança e acarinhou a ideia com todo o afã de quem sabe que está a fazer-se trabalho útil. Fazia parte da Comissão Coorde- nadora do Colóquio e nunca faltou com o seu apoio e o seu conselho sábio nas várias sessões de trabalho na fase de organização do Colóquio. Dava sugestões e apresentava-se como um trabalhador infatigável. Depois, na última fase, retido em casa, procurava informar-se com pormenor do decurso dos trabalhos e da organização do Colóquio, que iria decorrer no âmbito das actividades do Instituto de Altos Estudos da Academia, a que presidia. - Mas, mais do que presidir ao Instituto de Altos Estudos, o Prof. António da Silveira assumia-se na plenitude das suas responsabilidades 10 JOSÉ PINTO PEIXOTO perante a Academia, com a sua presença assídua às sessões de trabalho, com a apresentação de comunicações e com a participação activa em todas as iniciativas da Academia. No Instituto de Altos Estudos, fixou uma linha de actuação, a que imprimiu a sua personalidade forte de Cientista de visão generosa e alargada, e de Professor respeitado pela sua competência, pela sua isenção e pela sua probidade. Era visível a sua preocupação em impor ao Instituto de Altos Estudos uma função de complementaridade nas actividades da Academia. Alargou-se o campo de participação a indivi- dualidades nacionais ou estrangeiras que se haviam notabilizado nas Humanidades ou nas Ciências, ou se tinham distinguido pela contri- buição dada a estudos relacionados com os grandes problemas da vida portuguesa. Estas intenções, de índole pragmática, são hoje evidentes, como se depreende das conferências, dos colóquios públicos e dos simpósios realizados no Instituto de Altos Estudos. Para este Colóquio, o Prof. António da Silveira, além do seu saber, deu o seu contributo na orientação dos trabalhos e na selecção da temática e dos participantes. Lega-nos a todos um trabalho notável como atestam as nossas publicações e, sobretudo, um exemplo admirável de dedicação pela Academia, que honrou com o seu labor, com o seu saber e com a sua participação activa. Era assim o Prof. António da Silveira! * * * Nos Departamentos de História das nossas Universidades não se estuda com o devido rigor a História da Ciência. As referências à contri- buição de Portugal para o progresso da Ciência, que vão surgindo nos Cursos de História de Portugal, não têm, em geral, o aprofundamento que a matéria requer. Entretanto, nas Faculdades de Ciências, nas Faculdades de Medicina e nas Escolas de Engenharia das nossas Univer- sidades, professam-se vários Cursos de História da Ciência, do Pensa- mento Científico, da Filosofia da Ciência, e fazem parte obrigatória dos vários currículos das licenciaturas em Ciências e em Engenharia. São, portanto, dezenas de Cadeiras de História da Ciência, umas gerais, e outras especializadas, que se professam nas Universidades Portuguesas. E todos os que têm que ministrar, ou que orientar esse ensino, sabem DISCURSO PROFERIDO PELO PRESIDENTE DA ACADEMIA 11 das dificuldades que se lhes deparam quando há que referir a contri- buição de Portugal para o progresso da Ciência, ou as repercussões da Ciência no nosso desenvolvimento material, político e social. Dentro do conceito alargado de História esta tem que incluir o estudo da evolução do conhecimento e do pensamento científico, pela necessidade de relacionar os momentos políticos, sociais, filosóficos e literários, com as grandes descobertas científicas que os originaram. Ê de todos conhecida a convergência dos campos de interesse da Física Teórica e as grandes correntes do pensamento filosófico. Supomos que é chegado o momento de sensibilizar as instâncias Universitárias e os nossos Mestres de História para uma reflexão sobre esta situação e, à semelhança de outras grandes Instituições, alargar a gama dos domínios do ensino da História, instituindo cadeiras de História da Ciência e fomentando a investigação nestes domínios. Bem sabemos que, dada a sua interdisciplinaridade, só com uma coperação profunda entre cientistas e historiadores poderemos ultra- passar a fase artesanal e a superficialidade em que podemos vir a cair. Ê certo que, por um lado, contamos com excelentes cientistas, mas que nem sempre terão a formação requerida pela metodologia da História e, por outro, com historiadores sem preparação científica adequada, exigida para se poder falar com conhecimento de causa. A Academia das Ciências, como lhe compete pelas suas responsa- bilidades estatutárias, não podia ficar indiferente a esta situação de carência e entendeu que era seu dever promover este I Colóquio sobre a História e Desenvolvimento da Ciência em Portugal, convidando para esse fim personalidades eminentes nos vários domínios das Ciências e da História. Entre estas, permitam-me V. Ex.as que destaque o Prof. R. Hooykaas, da Holanda, o Prof. Debus, Morris Fishbein Professor da Universidade de Chicago e o Prof. W. Shea, da Universidade de Montreal, Canadá, Secretário-Geral da União Internacional da História e Filosofia da Ciência, representante desta União no Comité Geral do Conselho Internacional das Uniões Científicas. Aos participantes e, principalmente, aos nossos convidados nacionais e estrangeiros queremos exprimir, em nome da Academia das Ciências, o nosso profundo reconhecimento pelas contribuições que nos quiseram dar. As suas participações constituem um grande serviço prestado à nossa Cultura, tomada esta, não em sentido restrito tradicional, mas em toda a sua plenitude universal. Com o seu saber e a sua competência vieram enriquecer o historial da Academia. 12 JOSÉ PINTO PEIXOTO Durante o Colóquio será inaugurada a Galeria de Exposições da Academia com uma mostra sobre a «Contribuição da Academia das Ciências de Lisboa para o desenvolvimento da Ciência em Portugal», orientada pelos Académicos Profs. Doutores Luís de Albuquerque e Tiago de Oliveira. Queremos, por fim, agradecer a todos os Srs. Académicos da Comis- são Coordenadora e a todo o pessoal da Academia o esforço posto na preparação do Colóquio e tantas manifestações da boa vontade reveladas. Permita-se-me, no entanto, singularizar aqui o trabalho do Acadé- mico Prof. Vasconcellos Marques, que tornou possível dar corpo à ideia inicial, coordenar o Colóquio e depois «dobrar o Cabo Bojador da orga- nização e conduzirmos sem tormentas além do Cabo da Boa Esperança», como se verifica aqui e agora pela vossa presença nesta sessão de abertura e pela vossa colaboração no Colóquio. Ê que o Prof. Vascon- cellos Marques mantém-se fiel ao lema: «res non verba». * * * On bchulf of thc Acudany of Sciences cind on vny own nume I wish to welcome our distinguished guestsf Prof. Debus and Prof. Shea to Po? tugul and we will do our best to muke then feeling ut home. Within the limitations of its resources, the Aoademy regarás the organization of this Symposium as a service to our Culture and to our Schollars and Scientists. Let me thank them for their presence at the Colloquium. It is a great honnour for the Academy of Sciences to have them with us on this occasion. * * * A Academia orgulha-se duma história que nos últimos dois séculos se confunde com a história da cultura Portuguesa. Pois, permito-me agora afirmar que, com este Colóquio, a Academia vai prestar um grande serviço à nossa História, à nossa Cultura e, sobretudo, à nossa Comu- nidade Científica. PASSOS DE PEDRO NUNES AO SERVIÇO DO REI J. VICENTE GONÇALVES* SUMMARY The author describes the activity of Pedro Nunes, after his return from Salamanca in 1527, particularly in the reorganization of the Arts Faculty, the teaching at King D. João III court (to the princes D. Luís and D. Henrique) and after, his actions as King^ Cosmographer; relates also the conditions and the discussions tha/t lead to the «Tratado de certas duuidas na Navegaçam» (Treatise on some doubts on Navigation) and the «Tratado de defensam da carta de marear» (Treatise on defense of the sea chart) and interprets the causes of writing of some Ms. on Navigation, only published recently. The relationship of Pedro Nunes with D. João de Castro, Martim Afonso de Sousa, Garcia d'Orta and André Resende are also described. 1. PRELIMINARES Pedro Nunes nasceu em Alcácer do Sal no ano de 1502 1 e fez uma boa parte dos estudos superiores na Universidade de Salamanca, em cujo cartório o vemos com o grau de bacharel médico nas datas de 29-5-26 e 4-5-272. Está igualmente documentado que, ainda bacharel, fez no Estudo de Lisboa exame de licenciado a 17-2-32 e seis dias depois tomou o grau de doutor no Hospital Real3. 'v Academia das Ciências de Lisboa. 

Discurso proferido pelo presidente da academia prof. doutor José Pinto Peixoto, na sessão de abertura do colóquio

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Discurso proferido pelo presidente da academia prof. doutor José Pinto Peixoto, na sessão de abertura do colóquio

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