Análise comparativa da sobrevida entre homens e mulheres com carcinoma de células escamosas em cavidade oral, atendidos no Hospital do Câncer do Instituto Nacional de Câncer, 1999 a 2003, no Rio de Janeiro

Abstract

O carcinoma de células escamosas (CCE) é o tumor mais frequente na cavidade bucal e tem seu perfil mundialmente estabelecido: acomete homens, brancos, idosos, com baixo nível sócio-econômico e diagnosticado em estadiamentos avançados. Mudanças no estilo de vida ocorridas nas últimas décadas para o sexo feminino vêm contribuindo para o crescente aumento de casos em mulheres. O objetivo principal deste estudo foi verificar se os fatores sócio-demográficos e clínico-patológicos promovem diferenças na sobrevida entre homens e mulheres com CCE em cavidade bucal, tratados cirurgicamente no INCA/RJ no período de 1999 a 2003. Inicialmente foram selecionados 1631 prontuários de pacientes com carcinoma de células escamosas em cavidade bucal atendidos no período estudado segundo a base de dados hospitalar do Registro Hospitalar do Câncer. Após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, resultaram 480 prontuários. Destes 480 casos para análise, 348 (72,5%) eram do sexo masculino e 132 (27,5%) do sexo feminino. Foi observado que homens consomem mais álcool que as mulheres, assim como também é mais frequente mulheres com sobrepeso quando comparadas aos homens,. O estado civil viúvo foi o mais comum entre o sexo feminino e para o sexo masculino foi o casado e homens apresentaram tumores em estádio patológico mais avançado quando comparados às mulheres. Na análise de sobrevida foi encontrado para o sexo masculino, que aqueles que possuíam idade mais avançada (p=0,03), IMC alto (p<0,001), estadiamento clínico inicial (p=0,01), submetidos a tratamento cirúrgico exclusivo (p=0,03), tumores bem diferenciados (p=0,01) e ausência de metástase cervical possuíam melhor sobrevida (p<0,001). Para o sexo feminino foi encontrado que tumores em região de gengiva (p<0,001), uso de associação de bebidas (p=0,03), estado civil casado (p=0,02), tratamento cirúrgico exclusivo (p<0,001) e ausência de metástase cervical (p=0,01) são favoráveis a maior sobrevida. A idade (HR: 2,57; IC 95%: 1,24- 5,30; p=0,01), IMC (HR: 0,56; IC 95%: 0,40- 0,78; p=0,001), tratamento (HR: 1,63; IC 95%: 1,09- 2,44; p=0,01) e a gradação histopatológica da peça cirúrgica (HR: 2,05; IC 95%: 1,24- 3,40; p=0,05) revelaram-se fatores de risco e prognósticos independentes para o sexo masculino, enquanto para o sexo feminino o tratamento se mostrou fator prognóstico independente (HR: 8,82; IC 95%: 3,41- 22,82; p<0,001). A partir dos resultados encontrados pôde-se verificar que os fatores de risco para o carcinoma de células escamosas são diferentes entre homens e mulheres, enquanto os fatores prognósticos são os mesmos e se torna fundamental reconhecer estas diferenças no suporte social como parte do plano de tratamentoThe squamous cell carcinoma (SCC) is the most common tumor in the bucal cavity and its profile is well recognized: elder Caucasian men, with low social-economic situation, and diagnosed in advanced stages. Changes in women’s lifestyle in last decades have contributed to increasing number of cases in females. The aim of this study was to determine if socio-demographic, clinical, and pathological prognostic factors can promote differences in global survival between men and women with SCC in bucal cavity and surgically treated at INCA / RJ from 1999 to 2003. At first, 1631 records from patients with squamous cell carcinoma in the bucal cavity were retrieved from the database of Hospital Register of National Cancer Institute. After inclusion and exclusion criteria had been applied the final sample was composed of 480 patients. Descriptive statistics were calculated for the whole sample and chi-square test used to compare them according to sex groups. Survival analysis was calculated using the Kaplan-Meier method in an attempt to identify survival predictors for males and females with bucal SCC. Prognostic factors were analyzed using the Cox proportional hazard model. A p-value <0.05 was considered significant. SPSS 10.0 (Statistical Package for Social Sciences) was employed in the analysis. From all these patients mostly were male (72.5%), with a mean age 56,3 years. The sample of women was composed by 132 cases, with mean age 62,7years. Differences between sex were observed: women consumed less alcohol than men and females are fatter (higher BMI). Widows were most common among females and married for men and men had tumors in more advanced pathological stage compared to females. In survival analysis, was found that males who had higher age (p=0,03), high BMI (p<0,001), initial clinical staging (p=0,01), underwent salvage surgical treatment (p=0,03), and well-differentiated tumors (p=0,01) and absence of cervical metastasis (p<0,001) had better survival. For females it was found that tumors in the region of gums (p<0,001), using combination of drinking (p=0,03), being married (p=0,02), salvage surgical treatment (p<0,001) and absence of cervical metastasis (p=0,01) are the most favorable survival. Age (HR: 2,57; CI 95%: 1,24-5,30; p=0,01), IMC (HR: 0,56; IC 95%: 0,40-0,78;p=0,001), treatment (HR: 1,63; IC 95%: 1,09-2,44; p=0,01) and histopathological grading of the specimen (HR: 2,05; IC 95%: 1,24-3,40; p=0,05) revealed as independent risk and prognostic factors for males while for females treatment were an independent prognostic factor(HR: 8,82; IC 95%: 3,41-22,82; p<0,001). From the results it was found that risk factors for squamous cell carcinoma are different for men and women and prognostic factors are the same for both gender. It’s important to recognize that these sex differences include the need for social support as part of the treatment plan82 f

    Similar works