Identificação do Poliomavírus de célula Merkel e análise genética e estrutural do antígeno T maior em amostras orais de receptores de transplante renal e de indivíduos não transplantados.

Abstract

O poliomavírus de células Merkel (MCPyV) é o agente causal do carcinoma de células Merkel (MCC), uma neoplasia neuroendócrina rara e agressiva, que afeta principalmente idosos imunocomprometidos, especialmente receptores de transplante renal. Nestes tumores, o antígeno T maior (LT-ag), principal oncoproteína do MCPyV, é encontrado truncado. O objetivo deste estudo foi obter dados quanto à infecção oral por MCPyV em transplantados renais, a sua associação com lesões orais, e informações quanto ao perfil de polimorfismo genético do segundo éxon do LT-ag, na população estudada. Foi desenhado um estudo transversal com 185 amostras (114 de saliva e 71 de tecido gengival), 91 de transplantados renais e 94 de não transplantados, com e sem lesão oral. A frequência de detecção do DNA do MCPyV foi comparado com a de herpesvírus humanos 5, 6 e 7 (HHV-5, HHV-6A, HHV-6B, HHV-7), através de nested-PCR, e relacionado com a presença de periodontite e gengivite. Além disso, o perfil de mutações e alterações estruturais no segundo éxon do LT-ag em diferentes amostras clínicas também foi analisado, através de sequenciamento e previsão da estrutura da proteína por modelagem molecular. Foi encontrada frequência de 21,6% de MCPyV na população estudada, com maior frequência em saliva do que em biópsia gengival (p=0,194).Houve significância estatística na frequência de detecção de MCPyV em saliva do grupo transplantado em comparação com saliva de não transplantados (p=0,009), além de associação com citomegalovírus e com HHV-6A em saliva de transplantados (p=0,048 e 0,011, respectivamente). Também foi encontrada significância estatística entre MCPyV e lesão oral (p=0,016). A análise das sequências obtidas revelou duas mutações não sinônimas próximas ao domínio pRb, S133T e R204T, além de 22 mutações sinônimas foram identificadas tanto em amostras de saliva quanto de biópsia gengival. A previsão da estrutura do LT-ag obtido a partir de outros sítios anatômicos também revelou alterações estruturais, especialmente F448S, substituição encontrada em amostra de pele sem MCC, e capaz de desestabilizar o domínio helicase. Baseado nestes resultados, foi possível concluir que o MCPyV em tecido gengival de indivíduos de ambos os grupos, assim como em saliva de pacientes transplantados, está associado com lesões orais. Além disso, concluiu-se que detecção de MCPyV está relacionada à co-detecção de HCMV e HHV-6A em saliva de transplantados renais. Paralelamente, foi visto que as mutações resultantes em substituição não representam alterações estruturais relevantes para a funcionalidade do LT-ag. Este é o primeiro estudo a avaliar a presença de MCPyV em amostras de tecido oral em pacientes transplantados renais, e a analisar estrutural e funcionalmente o segundo éxon do LT-ag mutado.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorO poliomavírus de células Merkel (MCPyV) é o agente causal do carcinoma de células Merkel (MCC), uma neoplasia neuroendócrina rara e agressiva, que afeta principalmente idosos imunocomprometidos, especialmente receptores de transplante renal. Nestes tumores, o antígeno T maior (LT-ag), principal oncoproteína do MCPyV, é encontrado truncado. O objetivo deste estudo foi obter dados quanto à infecção oral por MCPyV em transplantados renais, a sua associação com lesões orais, e informações quanto ao perfil de polimorfismo genético do segundo éxon do LT-ag, na população estudada. Foi desenhado um estudo transversal com 185 amostras (114 de saliva e 71 de tecido gengival), 91 de transplantados renais e 94 de não transplantados, com e sem lesão oral. A frequência de detecção do DNA do MCPyV foi comparado com a de herpesvírus humanos 5, 6 e 7 (HHV-5, HHV-6A, HHV-6B, HHV-7), através de nested-PCR, e relacionado com a presença de periodontite e gengivite. Além disso, o perfil de mutações e alterações estruturais no segundo éxon do LT-ag em diferentes amostras clínicas também foi analisado, através de sequenciamento e previsão da estrutura da proteína por modelagem molecular. Foi encontrada frequência de 21,6% de MCPyV na população estudada, com maior frequência em saliva do que em biópsia gengival (p=0,194).Houve significância estatística na frequência de detecção de MCPyV em saliva do grupo transplantado em comparação com saliva de não transplantados (p=0,009), além de associação com citomegalovírus e com HHV-6A em saliva de transplantados (p=0,048 e 0,011, respectivamente). Também foi encontrada significância estatística entre MCPyV e lesão oral (p=0,016). A análise das sequências obtidas revelou duas mutações não sinônimas próximas ao domínio pRb, S133T e R204T, além de 22 mutações sinônimas foram identificadas tanto em amostras de saliva quanto de biópsia gengival. A previsão da estrutura do LT-ag obtido a partir de outros sítios anatômicos também revelou alterações estruturais, especialmente F448S, substituição encontrada em amostra de pele sem MCC, e capaz de desestabilizar o domínio helicase. Baseado nestes resultados, foi possível concluir que o MCPyV em tecido gengival de indivíduos de ambos os grupos, assim como em saliva de pacientes transplantados, está associado com lesões orais. Além disso, concluiu-se que detecção de MCPyV está relacionada à co-detecção de HCMV e HHV-6A em saliva de transplantados renais. Paralelamente, foi visto que as mutações resultantes em substituição não representam alterações estruturais relevantes para a funcionalidade do LT-ag. Este é o primeiro estudo a avaliar a presença de MCPyV em amostras de tecido oral em pacientes transplantados renais, e a analisar estrutural e funcionalmente o segundo éxon do LT-ag mutado

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