AZEVEDO, B. C.

CAMPELLO, E. F. C.

COLOMBARI, A. A.

DIAS, P. F.

FRANCO, A. A.

MATTA, P. M.

RESENDE, A. S.

SILVA, L. L. G. G.

SOUTO, S. M.

TORRES, A. Q. A.

VIEIRA, M. S.

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 COMPORTAMENTO INGESTIVO DIURNO DE NOVILHAS MESTIÇAS EM SISTEMA SILVIPASTORIL EM UMA REGIÃO TROPICAL  Lusimar Lamarte Gonzaga Galindo da Silva1, Alexander Silva de Resende2 Paulo Francisco Dias3 †***, Sebastião Manhães Souto2, Bruno Campbell de Azevedo4, Márcia de Souza Vieira4, Aline Alves Colombari*, Anatoly Queiroz Abreu Torres4, Patrícia Morais da Matta4, Eduardo Francia Carneiro Campello2, A. Antônio Franco2 1Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, BR 465 Km 7, Seropédica-RJ, llggalindo@yahoo.com.br; 2Embrapa Agrobiologia, BR 465 Km 7, Seropédica-RJ, smsouto@cnpab.embrapa.br, alex@cnpab.embrapa.br; 3Estação Experimental de Seropédica- PESAGRO-Rio, BR 465, Km 7, Seropédica-RJ; 4Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, BR 465 Km 7, Seropédica-RJ   RESUMO O conhecimento dos hábitos ingestivos dos animais permite adequar melhor o seu manejo o que resulta em maior produção. O objetivo desta pesquisa foi comparar os efeitos de dois sistemas de pastejo (sistemas, silvipastoril  e monocultivo) em pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu, duas épocas do ano (das águas, coincidente com verão e seca, coincidente com inverno) e doisperíodos do dia (manhã e tarde). Observaram-se cinco parâmetros ingestivos diurno (pastejo, ruminação em pé, ruminação deitada, ócio em pé e ócio deitada) de novilhas ¾ Holandês-Zebu. Resultados mostraram que o pastejo, ruminação e ócio em pé apresentaram maior número de observações durante a época seca; o pastejo  no capim Marandu foi maior no sistema silvipastoril, comparado com o capim à pleno sol, enquanto o contrário, foi observado para ruminação e ócio em pé; ruminação em pé ou deitada foi maior na parte da tarde. Pastejo, maior na época seca e no sistema silvipastoril. Concluiu-se que a presença de árvores na pastagem pode propiciar uma alternativa para amenizar o estresse dos animais durante os hábitos ingestivos no decorrer do dia.  Palavras chaves: pastejo, ruminação, ócio, arbóreas, braquiária.  INTRODUÇÃO De acordo com Faverdin et al. (1995), entre os principais fatores que influenciam o consumo de matéria seca em ruminantes está a temperatura. No verão, a temperatura, a umidade relativa do ar e o calor podem causar desconforto e/ou até mesmo a morte dos animais menos adaptados (Leme et al., 2005). Este desconforto pode ser amenizado ou mesmo eliminado pelo refrescamento dos animais pela provisão de sombra, ventilação e aspersão, instalando-se equipamentos ou utilizando-se de recursos naturais apropriados para redução do estresse calórico (Leme et al., 2005).  Segundo Cunha et al. (2007), no Brasil, uma solução proposta por alguns pesquisadores e recomendada por muitos, tem sido a utilização de abrigos móveis. No entanto, tem-se observado que os animais, principalmente os bezerros, passam a maior parte do tempo fora dos abrigos móveis e que, mesmo nos horários de radiação solar mais intensa ou durante fortes chuvas, pouco utilizam as instalações e permanecem na maior parte do tempo expostos a intempéries.  Se a espécie arbórea pertencer a família leguminosa, pode haver aumento na fertilidade do solo (Dias et al., 2006), ou ser usada na alimentação dos animais, na exploração da madeira e em outras utilidades não convencionais, como na alimentação humana e na medicina popular (Souto et al., 2001). Neste estudo, objetivou-se comparar os efeitos de dois sistemas de pastejo (silvipastoril e monocultivo), duas épocas do ano (das águas ou verão e seca ou inverno), dois períodos do dia (parte da manhã e da tarde) no comportamento ingestivode novilhas 3/4 HZ.  MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi desenvolvida em uma pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu, estabelecida no ano 2000 e localizada em uma área da Estação Experimental de Seropédica, da PESAGRO, no município de Seropédica, RJ, nas coordenadas geográficas 22o 48’ S, 43o 42’ W e altitude 33m. O clima da região no sistema Köppen é classificado como Aw, apresentando verões quente-úmidos e inverno seco. O regime térmico é caracterizado como subquente (Ramos et al., 1973) As mudas foram plantadas em 2001 numa área de 1 ha e as espécies Acacia auriculiformis, A. holosericea, Albizia lebbeck, Anadenanthera macrocarpa, Enterolobium contortisiliquum, Erythrina verna, Gliricidia sepium, Leucaena leucocephala, Mimosa artemisiana, M. caesalpiniaefolia, M.  tenuiflora, Pseudomanea guachapele compunham aproximadamente 13 % da área sob a copa de árvores para formar o sistema silvipastoril. Foram usadas 22 novilhas 3/4 Holandês x Zebu de mesmo grupamento genético, 18 meses de idade. Cada lote, sendo 11 animais para o sistema silvipastoril, e 11 no sistema monocultivo. A taxa de lotação foi de 6 unidades animal (UA) por hectare.  Os animais foram observados no seu comportamento ingestivo (pastejo, ruminação em pé, ruminação deitado, ócio em pé e ócio deitado) durante cinco dias de pastejo contínuo, da 7:00 às 19:00 horas (horário de verão) em fevereiro/2007 e julho (época seca ou inverno), com intervalos de 15 minutos.  Utilizou-se um posto de observação para avaliar os dois grupos de animais pelo método “Scan-Sampling”, proposto por Setz (1991). Esta técnica é indicada para estudo de comportamento animal em grupos e no seu ambiente é feita uma observação a cada 5, 10, 20 ou 30 minutos ao longo do dia, dependendo da espécie animal. Resultados foram avaliados por meio da correlação de Pearson entre as variáveis usando o programa estatístico SAEG 9.0 (Fundação Arthur Bernardes, 2005) e as diferenças entre as médias pelo teste Tukey à 5% de probabilidade, por meio de análise de variância univariada usando o programa SISVAR 4.6 (Ferreira, 2000).  RESULTADO E DISCUSSÃO Não foram observadas diferenças significativas nas interações entre os tratamentos em todos os parâmetros. Resultado geral dos efeitos dos tratamentos nos cinco parâmetros é mostrado na Tabela 1.  Tabela 1. Efeito de sistemas de pastejo, época do ano e períodos do dia no número de observações em parâmetros de comportamento ingestivo de animais. Médias de cinco repetições Parâmetros de comportamento ingestíveis* Sistema Época Período P RP RD OP OD SSP Águas Manhã 113,0 8,4 18,0 16,6 17,0   Tarde 92,6 12,6 30,2 19,0 8,6  Seca Manhã 136,0 19,2 27,4 19,6 25,0   Tarde 162,0 31,0 29,4 24,6 21,6 SM Água Manhã 100,4 13,2 21,0 19,4 19,8   Tarde 91,0 17,6 23,8 22,4 12,0  Seca Manhã 119,2 26,2 13,2 42,0 16,4   Tarde 103,6 36,0 27,8 66,6 24,0 P= pastejo; RP= ruminação em pé; RD= ruminação deitado; OP= ócio em pé; OD= ócio deitado.  Foram observadas diferenças significativas entre os períodos e sistemas de pastejo no número de observações para os parâmetros, pastejo- P, ruminação em pé- RP e ócio em pé- OP, (Tabela 2). Esses parâmetros apresentaram maiores valores na época seca (nas condições do presente experimento, época seca coincide com inverno e época das águas com o verão).  Tabela 2. Efeito de sistemas de pastejo e épocas do ano no número de observações de parâmetros do comportamento ingestivo, ruminação em pé e ócio em pé Sistema Época Silvipastoril Monocultivo   Pastejo Média Águas 102,8 95,7 99,3 B Seca 149,0 111,4 130,2 A Média 125,9 a 103,6 b - Ruminação em pé Águas 10,5 15,4 12,9 B Seca 25,1 31,1 28,1 A Média 17,8 b 23,3 a - Ócio em pé Águas 17,8 20,9 19,4 B Seca 22,1 54,3 38,2 A Média 19,9 b 37,6 a - Médias com mesma letra, minúscula nas linhas e maiúscula nas colunas, não diferem estatísticamente pelo teste Tukey ánível de 5% de probabilidade.   Um dos maiores problemas de produção de forrageira e, como conseqüência de produção de leite e carne de animais que dependem de pasto é a queda muito acentuada de produção de forragem na época seca (Souto, 1982).  Na época seca e das águas, as relações do nº observado para ruminação total / nº observado no pastejo  foram, respectivamente,  40 e 36%. Os valores encontrados por Fischer et al. (2002), 31,1 e 38%, respectivamente, para os tratamentos controle e animais suplementados a 1% do PV com milho moído foram semelhantes ao presente trabalho. Pardo et al. (2003) encontraram para essa relação, nos quatro períodos de avaliação, os valores 26, 27, 40 e 58%, que distanciam um pouco dos valores do presente trabalho e daqueles de Fischer et al. (2002).  Segundo Zanine et al. (2006), afora os efeitos do clima e da qualidade da forragem, bovinos apresentaram hábitos ingestivos (tempos de ócio, de pastejo, de ruminação e taxa de bocadas), relacionados com a estrutura do dossel forrageiro, sendo que, a altura, a relação folha/colmo e a senescência, segundo esses autores, fatores que podem determinar o maior ou menor tempo de pastejo, pois facilitam ou não a apreensão da forragem no pasto pelos animais. Estes fatores não foram controlados no presente experimento. Na Tabela 3 são apresentados às observações considerando as épocas, os períodos e valores médios do dia.  Tabela 3. Efeito do período do dia no número de observações dos parâmetros do comportamento ingestivo, ruminação em pé e ruminação deitado  Período  Época Manhã Tarde Média Ruminação em péÁguas 10,8 15,1 12,9  B Seca 22,7 33,5 28,1 A Média 16,8  b 24,3 a -  Ruminação deitado  Águas 19,5 27,0 23,3 Seca 20,3 28,6 24,5 Média 19,9  b 27,8 a - Médias com mesma letra, minúscula nas linhas e maiúscula nas colunas, não diferem estatísticamente pelo teste Tukey á nível de 5% de probabilidade. O sistema silvipastoril proporcionou 21,5% mais P que o sistema monocultivo, o contrário foi registrado para RP e OP, respectivamente, 30,9 e 88,7% maiores no sistema monocultivo (Tabela 3). O número de observações em ruminação e ócio dos animais em pé foi maior no sistema monocultivo (Tabela 3).  Os animais, independente do sistema e da época do ano, ruminaram mais em pé (44,6%) e deitado (39,7%), na parte da tarde que da manhã (Tabela 4). Damasceno et al. (1999), verificaram que há uma preferência dos animais em ruminar deitado, principalmente, no período fora das horas mais quentes do dia, enquanto Zanine et al. (2006) encontraram que os maiores tempos de ruminação ocorreram no início e no final da noite.  CONCLUSÕES O número de observações no pastejo foi maior no sistema silvipastoril e na época seca, demonstrando a importância da árvore no conforto térmico, enquanto a ruminação e o ócio foram no sistema monocultivo e no período da tarde.  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CUNHA, D.N.F.V.; O.F. CAMPOS, J.C.M.F.A. PIRES, R.F.M. OLIVEIRA, J.A. MARTI.  Desempenho, variáveis fisiológicas e comportamento de bezerros mantidos em diferentes instalações: época seca. Revista Brasileira de Zootecnia. 36 (4): 1-10, 2007. DIAS, P.F.; SOUTO, S.M.; RESENDE, A.S.; URQUIAGA, S.; ROCHA, G.P.; MOREIRA, J.F.; CAMPELLO, E.F.C.; FRANCO, A.A. Influência da projeção da copa de espécies de leguminosas arbóreas nas características químicas do solo. 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Variação estacional da fixação de N2 e denitrificação em gramíneas forrageiras tropicais. Tese de Doutorado. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Itaguaí-RJ. 268p, 1982. ZANINE, A.M.; SANTOS, E.M.; FERREIRA, D.J.  Tempo de pastejo, ócio, ruminação e taxa de bocadas de bovinos em pastagens de diferentes estruturas morfológicas. Revista Electrônica de Veterinária- REDVET. 7 (1): 1-10, 2006. 

Comportamento ingestivo diurno de novilhas mestiças em sistema silvipastoril em uma região tropical.

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Comportamento ingestivo diurno de novilhas mestiças em sistema silvipastoril em uma região tropical.

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