Presentation of the Coletânea section.Apresentação da seção Coletânea

Azevedo, Gabriela Lopes de

Mouallem, Tiago Salomon Bezerra

Portuguese

Cadernos Espinosanos (E-Journal)

Opiniães – Revista dos Alunos de Literatura Brasileira. São Paulo, ano 12, n. 22, jan.-jun. 2023. 170   apresentação   Gabriela Lopes de Azevedo e  Tiago Salomon Bezerra Mouallem   Temos o orgulho de contar, nessa seção, com a colaboração de pesquisadores de excelência e renome que aceitaram adentrar conosco no debate sobre a literatura proletária e sobre o trabalho urbano. Tentamos trazer aqui também alguns textos que apresentem e joguem luz sobre os romances aniversariantes que nos inspiraram a costurar todo esse número da Opiniães – Revista dos alunos de literatura brasileira, Parque industrial, de Patrícia Galvão, e Cacau de Jorge Amado. Assim, o texto de abertura tem como autora a professora e pesquisadora Walnice Nogueira Galvão que traz, em um ensaio bonito e amplo, sua visão sobre a vida e a trajetória de Pagu. Trata-se de um inspirador apanhado de obras, filmes, músicas que falam ou se relacionam com a biografia e produção da escritora brasileira, destacando sua militância comunista e sua carreira jornalística que ainda hoje é pouco conhecida e estudada. A professora Walnice nos traz também o perfil de Parque industrial, sublinhando sua importância e os estudos de maior acuidade que o romance recebeu. Ela cita, logo no início de seu ensaio, a edição lançada pela Linha a linha em 2018, composta também de notáveis textos críticos sobre Pagu e Parque industrial da autoria de Augusto de Campos, K. David Jackson e Antoine Chareyre. Infelizmente, a edição não está mais em circulação, mas o romance, pelo menos, ganhou outra edição na Companhia das Letras em 2022. A Opiniães – Revista dos alunos de literatura brasileira tem a fortuna de poder, no presente número, recolocar em circulação um dos textos que compunham a edição descontinuada de Parque industrial. Assim, o segundo artigo desta seção é o célebre ensaio “‘Uma excelente estreia’: A chegada do romance proletário ao Brasil”, de Antoine Chareyre. Neste ensaio, o pesquisador independente e tradutor francês de Pagu se debruça sobre o curso percorrido por Parque industrial para elucidar a potência da obra, situá-la no contexto literário brasileiro da época e esclarecer, também com base em elementos biográficos da autora, o grau expressivo desse romance do qual pouco se tinha informações. Assim sendo, o ensaio de Chareyre (em versão atualizada) cumpre uma função importante para os estudos sobre Pagu, o romance de 1930 e a literatura proletária na medida em que preenche uma lacuna menosprezada desde sua gênese, a de desvelar Patrícia Galvão. Como não poderia deixar de ser, a seção compreende também uma leitura potente e reveladora de Cacau, de Jorge Amado. Como um dos principais representantes da crítica amadiana contemporânea, o professor Edvaldo A. Bergamo (UnB) publica o artigo “Jorge Amado: a ascensão do romance proletário no Brasil (90 anos depois)”. Motivado pelo 90º aniversário do romance, o crítico revisita aquele que define como “romance proletário da matéria rural brasileira”, opiniães  171  observando-o, a partir desse ponto, à luz dos impasses nacionais inflamados nos anos 1930 e ainda duramente atuais. Desse modo, Edvaldo apresenta ao leitor um romance do Brasil e vice-versa, tomando Cacau como expressão verdadeira da literatura de 1930, sem fugir das implicações que daí decorrem. Trata-se de um registro importante, de uma contribuição notável para os estudos recentes sobre Jorge Amado, Cacau e o romance de 1930. Por fim, para fechar essa seção tão centrada em crítica literária, temos duas resenhas: a primeira, de autoria de Lucas Simonette, versa sobre o livro João Guimarães Rosa: ficção à beira do nada e procura explicar os brilhos e particularidades da leitura do grande crítico francês, Jacques Rancière, sobre um dos maiores autores do cânone brasileiro. Em seguida, Saulo Lopes de Sousa agracia-nos com uma resenha centrada em dois capítulos do livro Valise de cronópio de Júlio Cortázar que dissertam sobre as características e funcionamento do gênero “conto”. O autor ainda traz fotografias e contos brasileiros que bem ilustram as qualidades da interpretação crítica do escritor argentino.  

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