Uso autólogo de células-tronco mesenquimais de tecido adiposo em cães portadores de cinomose como modelo experimental de esclerose múltipla.

Abstract

CapesDiversos pesquisadores acreditam que algumas doenças que ocorrem naturalmente em animais de companhia podem refletir melhor as variações genéticas, ambientais e fisiológicas presentes na população humana. Visando convergir avanços paralelos, o reconhecimento de cães e gatos como modelos translacionais em estudos pré-clínicos na medicina regenerativa, levaria a avanços mais consistentes na pesquisa veterinária, promovendo ganhos acentuados de conhecimento e tecnologia. Devido às similaridades das alterações neuropatológicas da leucoencefalite desmielinizante induzida pelo vírus da cinomose com a esclerose múltipla em humanos, a cinomose em cães em fase neurológica tem representado uma das poucas ocorrências espontâneas para o estudo da patogênese da perda de mielina. Vários estudos têm sugerido a utilização de células-tronco mesenquimais como opção de tratamento para as doenças desmielinizantes e neurodegenerativas, assim, objetivou-se avaliar a segurança e eficácia do uso autólogo de células-tronco mesenquimais do tecido adiposo, em quatro cães que mantiveram sinais neurológicos após tratamento das manifestações sistêmicas da infecção pelo vírus da cinomose. Após três infusões de 1x107 células pela via intra-arterial, os animais não expressaram mudança significativa quanto a locomoção, porém, três passaram de intensa mioclonia para moderada. Após um ano da terapia celular, os quatro cães passaram a se locomover de forma independente (Grau I e II), e em dois animais as mioclonias passaram para a condição leve. A utilização de células-tronco mesenquimais do tecido adiposo mostrou segurança em aplicações repetitivas sem efeitos adversos em curto prazo, e melhora na qualidade de vida de cães com sequela neurológica provocada pela leucoencefalite desmielinizante. Frente aos resultados encontrados, a toda literatura consultada, e ao histórico de comercialização de células-tronco na medicina veterinária brasileira, entendemos ser necessário revisar ensaios publicados com células-tronco derivadas do tecido adiposo, em doenças de animais de companhia com ocorrência espontânea, discutindo-se os desafios científicos da pesquisa na medicina regenerativa veterinária, e a fundamentação científica, ainda pouco clara, mediante o atual comércio celular, não controlado por agências reguladoras.Several researchers believe that some diseases that occur naturally in companion animals may better reflect the genetic, environmental and physiological variations present in the human population. Aiming to converge parallel advances, the recognition of dogs and cats as translational preclinical models in regenerative medicine studies, would lead to more consistent advances in scientific research veterinary medicine, lags behind that human medicine in knowledge and technology. Due to the similarities of neurological changes of leukoencephalitis by distemper virus with a multiple sclerosis in humans, the distemper in dogs in the neurological phase was represented by one of the few spontaneous diseases for the study of the pathogenesis of myelin loss, associated with immune-mediated diseases. Several studies have suggested the use of mesenchymal stem cells as a treatment option for demyelinating and neurodegenerative diseases. Therefore, we investigated the use of adiposetissue-derived stem cells in four dogs with neurological lesions caused by the distemper virus. After three infusions of 1x107 cells by the intraarterial route, the animals did not demonstrate significant changes in their locomotive abilities. However, the intense myoclonus in three animals was reduced to a moderate level. At one year after the cell therapy, all four dogs started to move independently. In two animals, the myoclonic severity had become mild. It was concluded that the use of mesenchymal stem cells showed safety in repetitive applications, no adverse effects in the short term, and improve the quality of life of dogs with neurological sequelae caused by demyelinating leukoencephalitis. In view of the results found, the all consulted literature, and the historical of commercialization of stem cells in Brazilian Veterinary Medicine, we consider necessary to review the trials published with stem cells derived from adipose tissue in diseases of companion animals with spontaneous occurrence, discussing the scientific challenges of research in veterinary regenerative medicine, and the scientific basis, still unclear, for the current cellular trade, not controlled by regulatory agencies

    Similar works