Este artigo apresenta a paternidade transmasculina a partir da análise do caso de Tiago, um homem trans, e sua família na cidade de Salvador, Bahia, a partir da noção antropológica de relacionalidade (relatedness). O trabalho enfoca a construção de relações de parentesco como processuais, emergentes durante a trajetória biográfica de Tiago em que ocorre a transição de gênero. Para isso, examina como são negociados os sentidos de paternidade e maternidade a partir de uma gestação anterior à transição de gênero; os processos que envolvem a escolha de um parente como doador para a realização de inseminação caseira; e a construção de relações parentais fora do terreno “biológico”. A análise destaca as nuances das experiências de paternidade vivenciadas por Tiago e sua família ao longo do tempo, incluindo os desafios e as estratégias adotadas para enfrentá-los em um contexto de transição de gênero. Assim, as relações, sejam elas “biológicas” ou não, estão sempre sendo criadas e não são dadas a priori, e o caso de Tiago é exemplar disso
