Avaliação da prevalência e características de sintomas prolongados pós COVID-19 no município de Porto Alegre

Abstract

Parte dos indivíduos acometidos pela COVID-19 persiste com uma gama de queixas multiorgânicas e heterogêneas por semanas a meses após o quadro agudo inicial. Denominadas (entre outros termos) condições pós COVID-19, tratam-se de uma entidade clínica nova cuja prevalência, características e fatores de risco variam significativamente entre estudos a respeito. Além disso, há uma escassez de dados sobre a condição em pacientes previamente vacinados e com doença causada pela variante ômicron do SARS-CoV-2. Objetivos: Estimar a prevalência e manifestações clínicas das condições pós COVID-19 em pacientes atendidos ambulatorialmente na fase aguda da doença em um serviço de atenção primária à saúde. Métodos: Coorte retrospectiva com coleta de dados por inquérito telefônico e revisão de prontuário, com amostra de pacientes atendidos por quadro de COVID-19 durante o primeiro semestre de 2022 em uma unidade básica de saúde da região central de Porto Alegre (Brasil). Resultados: De 137 participantes, 59 (43,1%) relataram que sua saúde não havia retornado a como era antes da COVID-19, e persistiam com pelo menos 1 sintoma após uma média de 268 dias. Os sintomas mais frequentemente relatados foram prejuízo na memória (61%), fadiga (47,5%), dificuldade de concentração (37,3%), raciocínio lentificado (33,9%), queda de cabelos (22%), insônia (22%), dispneia (18,6%) e cefaléia (16,9%). Após análise multivariada foi observada correlação entre a presença destes sintomas prolongados e sexo feminino (RC 3,92) bem como idade acima de 45 anos (RC 2,24). Conclusões: Apesar de suas limitações, o presente estudo demonstra que uma parcela significativa dos pacientes acometidos pela COVID-19 apresenta sintomas prolongados por mais de 9 meses após o quadro agudo, a despeito de ampla vacinação e baixa gravidade do quadro inicial. Adicionalmente, nota-se provável aumento do risco para estas condições relacionado à idade e entre indivíduos do sexo feminino.A portion of individuals affected by COVID-19 persists with an array of multiorganic, heterogeneous complaints lasting from weeks to months after the acute phase of the disease. Designated (among other terms) post COVID-19 conditions, they constitute a novel clinical entity whose prevalence, characteristics and associated risk factors vary significantly among concerning studies. Moreover, there is a scarcity of data about this condition in previously vaccinated subjects and infections caused by the omicron variant of SARS-CoV-2. Objectives: Estimate the prevalence and clinical features of post COVID-19 conditions in individuals managed in an outpatient, primary care setting during the acute phase of the disease. Methods: Retrospective cohort with data collection through telephone interviews and medical record review, with a sample of patients treated for COVID-19 during the first semester of 2022 in a primary care center located in the central area of Porto Alegre (Brazil). Results: Among 137 participating subjects, 59 (43,1%) reported that their general health status hadn’t returned to baseline, pre-COVID-19 levels, and persisted with at least 1 symptom after a mean interval of 268 days. The most frequently reported symptoms were memory loss (61%), fatigue (47,5%), concentration impairment (37,3%), mental sluggishness (33,9%), hair loss (22%), insomnia (22%), dyspnea (18,6%) and headaches (16,9%). These conditions were associated with female sex (OR 3,92) and higher age, particularly 45 or older (OR 2,24). Conclusions: Despite its limitations, this study demonstrates that a significant portion of COVID-19 patients presents with persistent symptoms for more than 9 months after its acute phase, notwithstanding widespread vaccination and low disease severity. Additionally, older adults and female patients seem to have a higher risk for developing these conditions

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