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Ciência Cidadã Extrema: Uma Nova Abordagem

Abstract

A conservação da biodiversidade é uma questão que tem preocupado o mundo todo. Nas últimas décadas, centenas de áreas protegidas foram criadas para assegurar a preservação da biodiversidade no planeta. Um grande número de áreas protegidas é habitado por comunidades que dependem do uso de seus recursos naturais não apenas para a sua sobrevivência, mas também para a sua reprodução social e cultural. Em muitos casos, as populações locais têm sido diretamente responsáveis pela gestão sustentável desses complexos ecossistemas por séculos. Iniciativas de Ciência Cidadã – entendida como a participação de amadores, voluntários e entusiastas em projetos científicos – têm envolvido o público na produção científica e em projetos de monitoramento da biodiversidade, mas têm limitado essa participação à coleta de dados, e têm normalmente ocorrido em locais afluentes, excluindo as populações não alfabetizadas ou letradas e que vivem em áreas remotas. Povos e comunidades tradicionais conhecem os aspectos ambientais das áreas por eles habitadas, o que pode ser benéfico para a gestão e o monitoramento bem-sucedidos da biodiversidade. Portanto, ao se tratar do monitoramento e da proteção da biodiversidade em áreas habitadas por populações humanas, o seu envolvimento é central e pode conduzir a um cenário onde todas as partes envolvidas se beneficiam. Extreme Citizen Science (ExCiteS) é um grupo de pesquisa interdisciplinar criado em 2011, na University College London, com a finalidade de avançar o atual conjunto de práticas da Ciência Cidadã. A ideia é permitir que qualquer comunidade, em qualquer lugar do mundo – desde grupos marginalizados que vivem nas periferias de áreas urbanas até grupos de caçadores e coletores da floresta amazônica –, comece um projeto de Ciência Cidadã para lidar com suas próprias questões. Este artigo apresenta os diversos aspectos que tornam a Ciência Cidadã “extrema” no trabalho do grupo ExCiteS, por meio da exposição de suas teorias, métodos e ferramentas, e dos estudos de caso atuais que envolvem comunidades tradicionais ao redor do mundo. Por fim, ressalta-se a maior preocupação do grupo, que é tornar a participação verdadeiramente efetiva, e sugere-se como iniciativas de monitoramento da biodiversidade podem ser realizadas de maneira colaborativa, trazendo benefícios a todos os atores envolvidos

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