Os resultados sobre a exaustão emocional (indicador chave do burnout) nos
profissionais de saúde tem sido foco de preocupação, pelos valores elevados reportados.
Relativamente aos enfermeiros, temos indicação de que ocorra em cerca de 2/3 dos casos
(Jesus et al., 2014) e em 66% dos médicos (Vala et al., 2016). O estado de saúde destes
profissionais tem implicações não só na sua vida pessoal, mas também na qualidade dos
cuidados que podem prestar (Smith et al., 2010).
As condições do ambiente no trabalho é um dos fatores referidos pela Agência
Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (2012) como determinante para a saúde
mental dos trabalhadores, e também para assegurar o seu bom desempenho. Esta é outra
forma de promover, especificamente na área da saúde, a qualidade dos cuidados de saúde
e a segurança dos utentes (Smith et al., 2010). Um dos aspetos das condições do ambiente
no trabalho é a qualidade das relações interpessoais. Um dos seus indicadores é a
civilidade, o tratamento de respeito, aceitação, cooperação e justiça na resolução de
conflitos. Promover a civilidade é assim outra forma de promover os bons resultados da
ação dos profissionais de saúde (Leiter et al., 2011, 2012; Osatuke et al., 2009).
Essencial para a qualidade do ambiente de trabalho, e para a promoção e
manutenção da civilidade, é a liderança (Walumbwa, Avolio, Gardner, Wernsing &
Peterson, 2008; Taheri Otaghsara & Hamzehzadeh, 2017).
O presente estudo pretende verificar se a liderança autêntica pode contribuir para
a diminuição do burnout no trabalho, tendo a civilidade um papel de mediação. Foram
utilizadas as escalas WCS (Osatuke et al., 2009), na versão portuguesa ECT (Nitzsche,
2015), a ALI (Neider & Schriesheim, 2011) e da escala de burnout MBI-GS (Schaufeli,
Leiter, Maslach, & Jackson, 1996), numa amostra de 360 profissionais de saúde
(enfermeiros, médicos, técnicos de diagnóstico , terapêuticas e assistentes operacionais)
de um centro hospitalar público da região de Lisboa.
Os resultados do nosso estudo revelam que a liderança autêntica tem um efeito
positivo sobre a civilidade no trabalho e que, ambas combinadas oferecem um efeito
negativo sobre o burnout. A liderança autêntica apresenta um efeito indireto, através da
civilidade, no burnout, mas apenas nas dimensões de exaustão emocional e de cinismo, e
não para a eficácia profissional