Localizada praticamente no centro de Lisboa, a Avenida Almirante Reis apresenta-se como parte integrante de um dos principais eixos urbanísticos
e viários da cidade, e será desta forma objecto de estudo para a presente dissertação. Este eixo com aproximadamente 2800 metros de comprimento
é resultante de um planeamento urbano do Engenheiro Ressano Garcia. Este plano visava a criação de uma longa avenida que tivesse como objectivo
melhorar as comunicações viárias entre a zona nordeste da cidade de Lisboa e o seu centro, que já há muito era solicitado principalmente para que
os mercados da cidade fossem mais facilmente reabastecidos. Esta avenida devidamente consolidada e pensada de modo a servir a cidade de
Lisboa, tem vindo a perder cada vez mais este propósito assim como a sua capacidade de resposta no que diz respeito ao estacionamento automóvel,
transformando-se desta forma numa zona desregulada e muitas vezes caótica. Numa breve observação do local em estudo, é possível apercebermo--nos do desequilíbrio que há entre o espaço público disponível destinado aos automóveis e o espaço público disponível destinado às pessoas e como
esta forte confrontação, por vezes demasiado excessiva e abusiva tem vindo a prejudicar de forma consistente aqueles que são os espaços pedonais
e/ou de lazer fazendo com que esta problemática estrangule cada vez mais esta zona da cidade de Lisboa. Posto isto, o exercício que é apresentado
nesta dissertação é resultado de uma profunda análise sobre o local em estudo, a Avenida Almirante Reis e toda a sua envolvente. Pretende-se
demonstrar por meio de reflexões assim como através de uma intervenção arquitectónica, como é que a gestão de um espaço urban o de
características semelhantes, poderá recuperar a sua génese de modo a que as cidades modernas não tenham tendência a perder o propósito pelo
qual são feitas, e para quem é que são feitas. Em termos práticos e concretos, a ideia proposta nesta dissertação tem como objectivo, através de um
conjunto de peças arquitectónicas, a recolocação de todo o estacionamento existente em toda a Av. Almirante Reis, ficando esta ao longo de toda a
sua extensão completamente livre de espaços dedicados ao estacionamento automóvel, sendo deixados apenas os espaços já existe ntes destinados
a cargas e descargas de apoio ao comércio local. Com as referidas peças arquitectónicas não se pretende especializar o estacionamento, mas sim
compatibiliza-lo com o espaço público, de modo a que o estacionamento não anule o espaço público. Da mesma forma, para que o estaciona mento
não se isole do espaço público, estas peças arquitectónicas irão ter usos mistos consoante o programa já existente na sua per iferia. Esta decisão
prende-se a uma vontade de querer devolver o espaço público às pessoas fazendo com que a distribuição do espaço público seja feita de uma forma
cada vez mais razoável e ponderada de modo a que nenhuma destas componentes que fazem parte de uma cidade seja prejudicada