Tensão, perigo, desagrado, frustração são apenas alguns dos sentimentos evocados pela crítica internacional para avaliar “The Batman”, mais recente blockbuster protagonizado pelo Homem-Morcego. Tais adjetivações, inerentemente subjetivas, são originadas a partir do olhar pessoal de cada jornalista especializado diante do longa-metragem, mas não só, uma vez que tais impressões remetem necessariamente ao filme propriamente e em como a película opera para evocar estas sensações. No presente estudo, nosso intuito não é analisar as respostas da crítica acerca da obra dirigida pelo cineasta Matt Reeves, mas sim compreender a partir de que técnicas, recursos e materialidades cinematográficas o longa imprime a si mesmo na mente e na sensorialidade de seus espectadores. Para atingir este objetivo, nos pautaremos sobretudo pela teoria estética da atmosfera, de acordo com a perspectiva de autores como Gernot Böhme e Hans Ulrich Gumbrecht; e, em um nível mais específico, por meio dos estudos acerca da atmosfera fílmica, como os de Inês Gil e Robert Spadoni. Desse modo, empregando o método da revisão bibliográfica, combinada à análise da sequência de abertura de “The Batman” e à pesquisa documental de entrevistas concedidas por Reeves e sua equipe, tencionamos apreender como o cineasta atingiu seus efeitos pretendidos, trabalhando o detetive de Gotham City como protagonista de uma trama fundamentalmente inspirada na estética do filme noir